O FC Porto perdeu em Liverpool (2-0), mas não hipotecou por completo a possibilidade de chegar às meias-finais. Faltou sobretudo marcar em Anfield, ainda que a superioridade dos «reds» seja incontestável.

Daqui a oito dias, no Dragão, a música poderá ser outra.

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Na cidade dos Beatles, o FC Porto nem teve tempo para ameaçar roubar o palco ao Liverpool. Os dragões tiveram direito aos primeiros acordes: Marega ameaçou com um pontapé de primeira servido por Corona (2’). A partir daí, os «reds» seguiram a partitura que traziam e tocaram o heavy metal que Klopp tanto gosta.

O finalista vencido da última edição da Liga dos Campeões marcou na primeira aproximação à baliza de Casillas. Saída rápida do Liverpool com Mané e Firmino a combinarem antes do remate de Keita. O pontapé desviou em Óliver – uma das quatro alterações apresentadas por Conceição- e entrou na baliza do espanhol (5').

O Liverpool respeitou cada nota e não desafinou durante trinta minutos. Por isso, o 2-0 surgiu com franca naturalidade. Quatro minutos depois de Salah ter desperdiçado na cara de Casillas na sequência de um erro incrível de Otávio, Firmino não perdoou (26'). Tudo fácil: Henderson «rasgou» a defesa do FC Porto e lançou Alexander-Arnold que cruzou rasteiro para o golo fácil de Firmino nas costas de Maxi - outra das novidades na equipa portuguesa.

Certamente que a vantagem inglesa ao fim de vinte e seis minutos lembrou a muitos a goleada da época passada. No entanto, os campeões nacionais mostraram que aprenderam com o erro do passado.

O 2-0 funcionou como um despertador: os portistas jogaram soltos, conseguiram ter mais bola e, mais importante que tudo, criaram oportunidades. Marega ficou a dever pelo menos um golo ao FC Porto: passe sensacional de Óliver para o maliano, mas Alisson negou o 2-1 (30'). Na sequência do lance, houve intervenção do VAR por mão de Alexander-Arnold, mas o árbitro mandou jogar.

O Liverpool já não estava sozinho em palco. O jogo tornou-se interessante. Parada e resposta. Marega atirou à figura de Alisson depois de Otávio ter colocado de cabeça na área (32'). No contra-ataque, Firmino ficou a centímetros do bis (34'). 

A segunda parte começou com um golo anulado a Sadio Mané (48'). O Liverpool assumiu, desde esse lance, a intenção de tocar um versão em acústico. Os ingleses foram mais cerebrais, privilegiaram o controlo de jogo e raramente forçaram a profundidade. Como consequência, apenas tiveram num remate em jeito de Mané a oportunidade para aumentar a diferença no marcador (70').

O FC Porto amealhou algumas aproximações perigosas à baliza contrária, mas só assustou verdadeiramente Alisson à entrada para os vinte minutos finais (69'). Outra vez Marega, desta feita lançado por Otávio, atirou para defesa apertada do internacional brasileiro.

Já com Brahimi, Bruno Costa e Fernando Andrade em campo, os dragões criaram a derradeira chance para sair de Liverpool a sorrir e trazer para o Dragão a discussão sobre quem continua em «tour» pela Europa. Porém, Marega rematou por alto (78'), após um lançamento longo perfeito de Militão (que jogo!).

Pese embora tenha perdido, o FC Porto provou que é capaz de tocar no mesmo palco que o Liverpool. Agora não há margem para desafinações por parte dos homens da batuta, a performance terá, portanto, de ser perfeita.