O Benfica perdeu com o Inter Milão em San Siro, consentindo a primeira derrota fora de casa, para a Liga dos Campeões, em mais de dois anos. Um desaire que deixa a equipa de Roger Schmidt obrigada a apostar tudo nos próximos dois jogos com a Real Sociedad que, também esta terça-feira, foi vencer a Salzburgo. O treinador alemão lançou Juan Bernat para este jogo, numa aposta que provocou várias alterações na equipa que ainda equilibrou o jogo na primeira parte, antes de cair a pique na segunda. A derrota, com Trubin em plano de destaque, acaba de ser lisonjeira para o campeão português.

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Já se sabia que Morato ia render o castigado António Silva no eixo da defesa, mas Roger Schmidt tinha mais uma carta na manga para o jogo desta noite que acabou por provocar um efeito dominó no habitual onze encarnado: Juan Bernat estreou-se a titular na defesa do corredor esquerdo, empurrando Aursnes para a frente, na mesma ala, e David Neres ainda mais para a frente, com o brasileiro a jogar solto, num ataque mais móvel e sem Petar Musa, a última peça do dominó que caiu para o banco.

O jogo começou com uma forte intensidade, com um Benfica com um bloco bem subido, a procurar instalar um carrossel junto à área de Sommer, mas com um Inter a responder com transições em velocidade, com Di Marco a procurar explorar o espaço entre um Aursnes muito adiantado e um Bernat que, por vezes, fechava por dentro. A verdade é que o norueguês sentiu-se livre com a subida no terreno e, até ao intervalo, apareceu duas vezes destacado na área do Inter. Na primeira, sobre a direita, ainda obrigou Sommer a defesa apertada, enquanto na segunda, em posição irregular, cruzou atrasado para o remate de Bernat.

Roger Schmidt teve uma primeira contrariedade no jogo, logo aos 21 minutos, com Alexander Bah a lesionar-se na sequência de uma disputa de bola com Dimarco. Schmidt lançou Tomás Araújo e manteve intata a estrutura que, até esta altura, até estava a dar bem conta do recado, com mais posse de bola do que os italianos. Apesar da fragilidade à direita, o Inter mantinha total pressão sobre o lado contrário, com Dumfries e Thuram a exercerem uma constante pressão sobre o estreante espanhol.

Uma primeira parte muito exigente para a equipa de Roger Schmidt em termos físicos. A equipa portuguesa conseguia chegar à frente com muita gente, mas muitas vezes tinha de recuar, em bloco e em velocidade, para travar a resposta do Inter que, com meia dúzia de passes, estava na área de Trubin. Ainda assim, a primeira parte até foi equilibrada, com oportunidades repartidas e com o Benfica a queixar-se de um eventual penálti de Barella sobre David Neres na área do Inter.

Benfica em quebra: trave, poste e golo do Inter

A segunda parte foi completamente diferente, com muitas unidades do Benfica em visível quebra, a acusar o esforço da primeira parte e, com pouco fôlego, para acompanhar uma entrada forte dos italianos. A equipa de Simone Inzaghi subiu as rotações no jogo e o Benfica não conseguiu acompanhar. O Inter voltou a atacar a profundidade e, agora, o Benfica já não conseguia responder na mesma moeda. Di María estava cansado e acabou por sair com queixas. Rafa Silva, que ainda protagonizou algumas arrancadas no primeiro tempo, desapareceu por completo no segundo.

Nesta altura, o Inter atacava por todos os lados. Bastoni cruzou da esquerda para uma cabeçada de Dumfries nas costas de Bernat e, logo a seguir, apareceu o possante Lautaro Martínez a abanar definitivamente os alicerces do Benfica. O avançado argentino começou por acertar na barra, com Trubin a conseguir evitar a recarga de Barrella. Logo a seguir, o campeão do mundo acertou também no poste, com estrondo, deixando a baliza do jovem ucraniano a abanar. Avisos claros para o golo que estava a chegar, marcado, não por Martínez, mas pelo reforço Marcus Thuram, a encostar, depois de mais uma descida vertiginosa de Dumfries pelo flanco direito. Implacável.

O Benfica continuava demasiado exposto à entrada fulgurante dos italianos e Schmidt procurou novo equilíbrio, prescindindo de Körkçu e do desaparecido Rafa, para lançar Chiquinho e Musa. Aursnes, o melhor do Benfica na primeira parte, mudou para o flanco direito, David Neres assumiu o esquerdo, e, mais tarde, o treinador alemão juntou ainda Arthur Cabral a Musa no ataque. O Benfica voltava a ter mais bola, mas, nesta altura, o Inter já estava em transfiguração, da fase avassaladora, para a fase de controlo.

O golo solitário de Thuram era suficiente para o Inter acompanhar a Real Sociedad no primeiro lugar do grupo. O jogo ainda voltou a passar por momentos emotivos, primeiro com uma nova fase de desacerto do Benfica que, por muito pouco, não resultou no segundo do Inter, com mais duas oportunidades claras de Lautaro Martínez e mais uma grande defesa de Trubin.

O resultado, apesar de tudo, manteve-se curto e o empate à distância de apenas um golo, mas o Benfica, que na temporada passada passou esta fase sem derrotas, regressa agora a casa ainda sem qualquer ponto. Os dois próximos jogos com a Real Sociedad, na Luz e em San Sebastián, vão ser determinantes para as aspirações dos encarnados.