A figura: Coman, dos bávaros

Um homem que decide uma final é sempre o homem que vai ficar mais ligado à História. No registo não vão ficar os quilómetros e a inteligência de Müller, os passes e a inteligência de Thiago Alcântara ou as defesas de Neuer. Na história vai ler-se Kinglsey Coman, autor do golo que decidiu o campeão europeu 2019/20.

O momento: minuto 70

O golo foi antes, e com o resultado de 1-0 talvez se pergunte…que momento é este? Pois bem, é o momento que define os vencedores e que espelha como a linha que separa a glória da frustração é mínima. Se lhe dissermos que Di María acaba de inventar um lance e deixar um colega, na pequena área do Bayern, com a bola… O empate já está a ser preparado nas gargantas francesas, mas Neuer evita o 1-1 com uma defesa aos pés de Marquinhos. O golo, o empate, esteve aí a dois metros de distância, o que não é nada quando se trata de uma Champions.

Outros destaques

Thomas Müller

Nunca se sabe muito bem onde ele anda, mas percebe-se que ele vai lá estar. Confuso? Parece, mas quem teve a visão privilegiada de assistir a Thomas Müller ao vivo ficou esclarecido. O internacional alemão é um tratado a jogar à bola. Por vezes é avançado, por vezes é médio-ofensivo, noutras ocasiões aparece ao lado de Goretzka ou Thiago Alcântara. É por isso que não sabe bem onde ele anda. Mas depois ele dá um passo ao lado e recebe a bola. Construi e cria. Depois, dá um passo para outro lado e lá está ele. Müller tem o jogo inteiro na cabeça. É uma cabeça de Bola de Ouro. Se puder, apanhe aí esta final, de preferência com plano aberto e siga apenas e só o alemão. No fim vai perceber.

Kimmich

A qualidade que desfilou na Luz foi tanta que se podia quase escolher um jogador qualquer e falar dele. Kimmich às vezes parece isso mesmo. Um jogador qualquer. Não é, muito longe disso. Inteligente, com boas decisões e uma qualidade técnica de topo. A assistência para golo foi maravilhosa, deixou o lateral-direito do PSG na dúvida e Coman com uma certeza: que ia ser golo.

Manuel Neuer

Outra grande demonstração de um dos melhores do mundo. A calma com a bola nos pés impressiona, é verdade, mas nem é por aí. É pelo resto. Por aquilo que os guarda-redes têm de fazer desde a antiguidade do futebol. E isso é evitar golos. Um gigante na baliza, com defesas decisivas em ambas partes do jogo. Com 0-0 e 0-1. O Bayern é uma máquina também por causa dele. Que guarda-redes!

Ander Herrera

Extraordinário o espanhol, fundamental na estratégia de Tuchel. Sem bola, a fechar espaços, sobretudo a descair para a direita para duas coisas: fechar o flanco a Coman e Davies e, assim, permitir por vezes a Di María não descer tanto para explorar o espaço que o lateral canadiano deixava vazio. No ataque, criativo com dois passes fantásticos, um para Di María outro para Mbappé. Dois golos cantados, que emudeceram um nas cadeiras vazias da Luz e o outro nas mãos de Neuer.

Di María, Mbappé e Neymar

Todos diferentes, todos iguais. O brasileiro talvez até tenha sido o que esteve com performance menor, mas o plano era acelerarem em direção à baliza alemã. Todos tiveram ocasiões para marcar, todos desperdiçaram. Sabia-se que o jogo ia ter de passar pela eficácia francesa. O resultado espelha isso. Mas não espelha as sensações que se leva para casa quando se vê este trio a jogar e imaginar, sobretudo, o que um dia vai ser Mbappé se ele já é tudo isto.