Fazer a final da Liga dos Campeões em ambiente de «El Clásico» do futebol espanhol já tem 50 por cento construído com a confirmação do Barcelona como um dos finalistas depois de a equipa catalã ter eliminado o Bayern Munique nesta terça-feira. Os outros 50 por cento são jogados nesta quarta-feira pelo Real Madrid frente à Juventus.

Mas é a equipa italiana que está na frente da eliminatória quando metade desta meia-final já está jogada. A Juventus chega ao Santiago Bernabéu com uma vitória por 2-1 na bagagem, depois de ter vencido a primeira mão em Turim.

O Real Madrid mantém o estatuto de favorito; uma condição concedida inclusivamente pela «Juve» quando é ressaltado o facto de se jogar o que falta em Espanha. A equipa de Madrid é a campeã europeia em título. O Real procura o 11º título europeu de clubes, procura ganhar a Liga dos Campões duas vezes seguidas, como nunca foi conseguido.

Para tal será preciso ganhar uma final que reeditará o «clássico» do futebol espanhol, mas, primeiro do que tudo, chegar mesmo a Berlim. Neste momento, a Juventus está na frente. E a equipa italiana tem em perspetiva chegar a uma final da Liga dos Campeões que já não disputa hà 12 anos.

Aquele é o mesmo período que demorou a voltar às meais-fnais. Ou seja, a última vez que a «vecchia signora» foi semifinalista passou à final. E, nessas meias-finais, foi mesmo à custa do Real Madrid – na única vez que ambos se defrontaram nesta fase da prova. Na altura, a «Juve» deu a volta em Turim por 3-1 a uma derrota que tinha trazido de Madrid por 2-1.



Desta vez, o carimbo para a final será tirado na capital espanhola e, aí, (de um total de 17 jogos entre eles) os dois clubes já se defrontaram sete vezes, com cinco vitórias para o Real Madrid e duas para Juventus. Nenhum dos triunfos dos italianos foram porém decisivos para eliminar os «merengues»: um deles foi numa fase de grupos (2008); o outro (em eliminatórias), aconteceu no primeiro confronto europeu entre ambos. Depois de perder em casa, a «Juve» ganhou fora, mas, em 1962, ainda se jogava partida de desempate e o Real é que seguiu em frente.

O equilíbrio ente os dois clubes a nível europeu existe na contabilidade de eliminações (apesar de a final ganha pelo Real à «Juve», em 1998, ser o triunfo mais saboroso), mas, no Santiago Bernabéu, o Real Madrid não só tem dominado a Juventus (como já se viu estatisticamente), como, a nível geral, é compreensivelmente favorito. Nas 36 vezes que perderam a primeira mão fora, os «merengues» conseguiram dar a volta á eliminatória em casa em 22 ocaisões – se bem que foram eliminados na quatro últimas…

Quando perdeu o primeiro jogo 1-2 em concreto, o Real passou cinco vezes e foi eliminado três. Já a Juventus também tem um excelente registo entre as 44 vezes em que ganhou a primeira mão em casa: seguiu em frente 31 vezes, incluindo as quatro ocaisiões em que triunfaram por 2-1 na primeira mão (como aconteceu nos oitavos de final desta edição da Champions frente ao B. Dortmund.



No plano estatístico, o favoritismo do Real pode traduzir-se na capacidade concretizadora da equipa, pois a equipa espanhola marca golos em casa há 52 jogos consecutivos – incluindo os últimos 23 na Liga dos Campeões – com Cristiano Ronaldo em especial evidência frente à Juventus: o português marcou quatro golos nos últimos três jogos dos «merengues» com a equipa italiana. A crença da «Juve» na possibilidade de sair de casa do campeão europeu com o bilhete para Berlim tem como um dos baluartes não sofrer golos fora desde a segunda jornada da fase de grupos desta edição da Champions (em outubro de 2014).

Massimo Allegri admite que «não é possível mandar no jogo com o Real Madrid, especialmente quando joga em casa» e, por isso, além de «um bom desempenho técnico» dos seus jogadores, pede-lhes também «coragem». É essa garra que a Juventus assume como fundamental para o jogo desta quarta-feira.



Já o Real Madrid aponta mais para o tal estatuto de favorito baseado na sua grandeza traduzida, entre outros aspetos, pelas estatísticas.



O favoritismo é correspondido em pressão e o empate do Real no último jogo em casa (no fim de semana, com o Valencia), que afastou «os merengues» do título espanhol, deixou marcas entre os adeptos. Os jogadores foram assobiados e Iker Casillas foi um dos principais alvos.

Ancelotti, entre o apoio «diferente» que espera «neste jogo» garante que os assobios vão motivar Casillas, que deverá fazer o jogo 150 na Liga dos Campeões – voltando a ficar igualado com Xavi, que o conseguiu nesta terça-feira.

Luis Enrique não perdeu a hipótese de dar esse prémio ao capitão do Barça quando faltavam 14 minutos para terminar o jogo e o Bayern ainda precisava de marcar três golos.

O início do jogo abalou a segurança de três golos sem resposta que o Barcelona levou para Munique quando o Bayern marcou aos sete minutos, mas, num quarto de hora (entre os 15 e os 29 minutos), o Barcelona fez dois golos e deixou tudo decidido. O tridente funcionou de novo às mil maravilhas e, desta vez, foi Luis Suárez a fazer as assistências (depois de passes de Messi) para Neymar concretizar. Só em golos, estes jogadores três são obra...
 


Desta vez não houve Messi a marcar, mas não deixou de haver génio no Barça. Houve-o na sua baliza, com Ter Stegen a fazer defesas fantásticas com grandes voos a remates de Schweinsteiger, Müller, Lewandowski – ou mesmo paradas impensáveis de conseguir...





O inesquecível Peter Schmeichel assinalou-o de pronto.
 



Ter Stegen não conseguiu evitar mais dois golos do Bayern na segunda parte, mas foi o homem mais valioso do Barcelona com uma primeira parte em que garantiu não só que o Barça não voltava a ficar em desvantagem, como depois, que a equipa catalã iria mesmo a ganhar para o intervalo. O principal para a oitava final do Barcelona na prova mais importantes de clubes da UEFA (a quarta na última década) estava feito.

Ao Bayern restava lutar pelo orgulho de não cair com uma derrota em casa. A equipa de Guardiola acabou por ganhar naquela que foi a primeira vitória de «Pep» frente a um adversário espanhol ao fim da segunda eliminação consecutiva nas meias-finais da Champions por uma equipa do seu país.