E se fosse possível o futebol promover a paz num país em guerra? 

Estranho? Nem por sombras. E são vários os casos relatados pela história.

Agora, porém, há mais um para acrescentar, vivido na primeira pessoa por Paulo Fonseca, treinador do Shakhtar Donetsk.

A equipa do técnico português joga nesta quarta-feira um jogo decisivo na luta pelo apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões e vai fazê-lo na casa do maior rival... por solidariedade deste.

Isto, porque num país em guerra como a Ucrânia e na impossibilidade de jogar em Kharkiv, que já era recurso - o Shakhtar não joga na sua cidade sede há vários meses devido à guerra civil que se vive no país -, o Dínamo Kiev cedeu o seu estádio para que a partida diante do O. Lyon.

Mas o presidente do clube da capital foi ainda mais longe e pediu mesmo que todos os ucranianos se unissem no apoio ao rival, gesto que emocionou Paulo Fonseca, conforme o próprio confirmou em conferência de imprensa.

«Quero agradecer à cidade de Kiev pela oportunidade de jogarmos aqui. E fazer um agradecimento muito especial ao Dínamo e ao seu presidente. O que está a acontecer aqui, não sei se têm essa noção, mas é algo que acho que acontece pela primeira vez: jogamos em casa do nosso grande rival e temos o presidente do Dínamo a apelar para que os ucranianos venham apoiar o Shakhtar», elogiou o português.

«Isso é algo que me marcou imenso e é um exemplo de grandeza do povo ucraniano», continuou Fonseca, defendendo o significado que este gesto pode ter no mundo. 

«A Ucrânia demonstra que o futebol é um espaço de paz e aproveita uma oportunidade de demonstrar a grandeza deste povo. Não posso deixar de ficar extremamente sensibilizado e de dizer que, na Ucrânia, estamos a dar um exemplo de paz ao mundo. O meu muito obrigado sincero ao Dínamo e ao seu presidente», finalizou o português.