Uma distância considerável para o topo do campeonato; uma confrangedora derrota ainda fresca ali mesmo no Bernabéu. Qualquer prenúncio de crise não se aplica ao Real Madrid na mesma medida que a qualquer outra equipa do Mundo.

Sobretudo quando se trata da Liga dos Campeões, habitat onde o conjunto merengue não só raramente falha, mas onde mostra recorrentemente a melhor versão, como aconteceu nesta quarta-feira na vitória sobre o Chelsea por 2-0 que deixa o conjunto de Carlo Ancelotti muito perto das meias-finais da competição.

João Félix foi titular nos Blues e até pertenceu a ele o primeiro sinal de perigo, quando logo aos 2 minutos forçou Courtois a uma boa defesa.

 

Aos 21 minutos, Karim Benzema inaugurou o marcador numa jogada desbloqueada por um passe soberbo de Carvajal sobre os defesas londrinos. Vinícius obrigou Kepa a uma defesa de recurso, mas Benzema confirmou o 1-0 na recarga.

O jogo provou várias coisas. Aquilo que já escrevemos – que o Real Madrid se transfigura na Champions – e duas outras notas sobre o Chelsea: que 600 milhões de euros investidos/gastos em duas janelas de mercado não constroem necessariamente uma equipa e que nem muitos defesas fazem uma defesa sólida.

O entendimento de Benzema com a dupla canarinha Vinícius e Rodrygo teve momentos sublimes, Vini destruiu a partir do lado esquerdo e Kroos, Modric e Valverde engoliram no meio-campo o ex-Benfica Enzo, Kanté e Kovacic.

Ao intervalo, o resultado até era lisonjeiro para o Chelsea, que aliava a sorte ao acerto do veteraníssimo Thiago Silva no comando de um setor defensivo em permanente risco de colapso.

De regresso ao jogo, a lesão de Koulibaly a abrir a segunda parte e a expulsão de Chilwell pouco antes da hora de jogo são meras atenuantes para o pouco que se viu do Chelsea na capital espanhola.

Em inferioridade numérica, Lampard tirou de cena Félix e Sterling e procurou manter a equipa viva numa eliminatória que se desequilibrou ainda mais quando Marco Asensio dobrou a vantagem merengue aos 74 minutos, apenas três depois de ter sido lançado no jogo.

Já em tempo de compensação, Havertz ainda desperdiçou uma soberana ocasião negada pelo compatriota e ex-companheiro Rudiger, mas a ampla superioridade do Real Madrid merecia mais um resultado desnivelado do que o Chelsea mais vivo para o jogo decisivo.

Um olhar para as estatísticas finais ajuda a tirar uma conclusão interessante. A posse de bola até foi repartida (53-47), mas o Real teve mais do dobro dos remates (18-8) e os ataques (67-32) mostram que a fórmula de sucesso da equipa de Ancelotti assenta em precisar de menos tempo para executar mais. E a velocidade de execução desta equipa é um dos fatores que faz dela verdadeiramente especial, mas só quando e onde quer. E aqui, na Champions, quer quase sempre.