Entrada em grande do Sp. Braga na Liga Europa. Perante aquele que era, à partida, o mais duro obstáculo do grupo, a equipa de Abel Ferreira deu um passo muito importante e mostrou aos demais adversários que tem de ser levada bem em conta na luta pelo apuramento. Num clube que já se habituou a escrever história nos anos recentes, este triunfo em solo alemão, por 2-1, também entra para a lista de feitos notáveis com certeza.

Para este triunfo, é preciso reconhecer, em muito contribuiu a arrogância do Hoffenheim, traduzida em desleixo e relaxamento quando se apanhou a vencer. O Sp. Braga aguentou o golpe, empatou numa altura crucial do jogo e deu a volta por cima.

As estatísticas, é certo, vão pender para o lado alemão. O Hoffenheim teve mais bola, dominou mais tempo mas não jogou sempre ao mesmo ritmo. Foi visível o abrandamento depois do 1-0, conseguido com alguma naturalidade, também.

O Sp. Braga, com seis alterações no onze em relação a Setúbal, apresentou-se num 4-4-2, com Esgaio e João Teixeira a alargar o jogo no miolo e Dyego Sousa ao lado de Paulinho na frente. Pela frente tinha uma equipa que joga num esquema de três centrais e vinha moralizada pelo triunfo frente ao Bayern Munique no sábado, para a Bundesliga.

Entrou mandão, encostou o Sp. Braga às cordas e parecia adivinhar-se final de tarde difícil para o conjunto português. A confirmar isso, marcou relativamente cedo. Sandro Wagner, dois minutos depois de Kaderabek atirar à trave, cabeceou para o golo, após centro do colega.

Um lance simples, aparentemente fácil e que dava lógica ao resultado pelo que se via até então. Mas o Hoffenheim desistiu do jogo cedo de mais e o Sp. Braga fê-lo pagar caro por isso.

Em cima do intervalo, quando ainda não tinha gozado de nenhuma ocasião flagrante para marcar, os homens de Abel empataram. João Teixeira, um dos melhores, respondeu de cabeça a um centro perfeito de Esgaio. Esqueceram-se do médio português na área e este fez um improvável golo de cabeça que mudou a face do encontro.

O treinador do Hoffenheim, Julian Nagelsmann, percebeu que a equipa tinha abrandado em demasia e, ao intervalo, tentou despertá-la, trocando Bikakcic por Hubner. Um central pelo outro. Não chegou.

O Hoffenheim ainda criou perigo por Schulz, num lance que Matheus anulou com uma saída destemida aos pés, mas viu o Sp. Braga fazer o segundo logo aos 50 minutos. Paulinho, que antes obrigada Baumann a uma grande defesa em lance anulado por fora de jogo, combinou com Esgaio que voltou a vestir o papel de assistente e deu o golo do triunfo a Dyego Sousa. O avançado que só joga na Liga Europa devido a castigo não falhou.

Só ali os alemães perceberam efetivamente o que estava acontecer. Foi tarde. Porque depois de estar a ganhar, o Sp. Braga foi muito competente a defender e praticamente não permitiu ocasiões ao rival. Um lance de Hubner em que desviou para o travessão um livre, já perto dos 90 minutos, foi o melhor que se viu.

Fica a vitória, os três pontos, o encaixe financeiro e moral para uma equipa que não vive o início de época mais tranquilo mas que poderá usar este jogo como alicerce para um caminho diferente e mais seguro.