Tropeção em Alvalade, trambolhão no Dragão e nova escorregadela no regresso a casa diante do Glasgow Rangers. Este Benfica está definitivamente a cambalear em todas as competições e esta noite não conseguiu melhor do que anular, por duas vezes, a vantagem que o líder da liga escocesa chegou a ter no Estádio da Luz. Um empate que não compromete as aspirações do campeão português, até porque para a semana há novo jogo em Glasgow, mas que confirma o momento difícil que passa a equipa de Roger Schmidt, em quase tudo idêntico ao da época passada em que perdeu sucessivamente com o FC Porto, Inter Milão e Desp. Chaves.

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O Benfica até entrou bem no jogo, com Roger Schmidt a promover quatro alterações em relação ao clássico do Dragão, com a equipa a conseguir, desde logo, uma elevada posse de bola e a conseguir também profundidade sobre as alas, com relativa facilidade, sobretudo na direita, onde combinavam Alexander Bah e Di María. Um canto para o Benfica, dois cantos, três cantos e...golo do Rangers. Na primeira vez que a equipa de Glasgow subiu no terreno, aos 7 minutos, chegou ao golo, também sobre a esquerda, onde Fábio Silva lançou Diomandé para a linha de fundo, com o costa-marfinense a cruzar para a finalização fácil, de cabeça, de Lawreence, que tinha entrado na área de forma discreta, sem qualquer marcação. As bancadas gelaram, enquanto os escoceses faziam a festa com elevados decibéis.

O Benfica esboçou uma reação rápida, procurando, desde logo, acelerar o jogo, conquistando mais três cantos de rajada, todos marcados por Di María, todos para o primeiro poste, com António Silva a entrar. Um lance certamente trabalhado no Seixal, mas que esta noite, apesar de repetido muitas vezes, nunca saiu bem aos jogadores encarnados. A verdade é que o Benfica esteve muito perto de empatar, do lado contrário, com Aursnes a destacar David Neres que rematou na passada para grande defesa de Butland que ainda susteve a recarga de Arthur Cabral.

Com a chuva a cair com cada vez mais intensidade na Luz, o Benfica carregou sobre os escoceses por todos os lados, cruzou muitas bolas, mas teve poucas oportunidades para voltar a visar a baliza de Butland. A ansiedade e o nervosismo começaram a crescer, como é bom exemplo, o cartão amarelo visto por Di María quando, com o jogo interrompido, derrubou um adversário para recuperar a bola mais rápido. Estava tudo a ferver ensta altura.

Já sobre o intervalo, na sequência de mais um canto [foram oito na primeira parte], Souttar levanta o braço de forma inadvertida e tocou na bola. O árbitro foi ver as imagens e marcou mesmo penálti que Di María, agora bem mais calmo, marcou com um pontapé rasteiro mesmo para o meio da baliza. O Benfica chegava ao empate em cima do intervalo, mas acabaria por apanhar com novo balde de água gelada ainda antes do final da primeira parte.

Com um jogador do Rangers caído na área, depois de um choque com Trubin, Fábio Silva, sobre a esquerda, tira Alexander Bah da frente e cruza para o segundo poste onde surge Sterling, nas costas de Aursnes, a finalizar como quis, com a defesa do Benfica aos papéis. Segundos depois de ter chegado ao empate, o Benfica devolvia a vantagem ao adversário. Inadmissível nesta fase do jogo, nesta fase da competição, tão perto do intervalo.

Benfica sobe e Rangers marca na própria baliza

A segunda parte foi bem diferente, desde logo, porque o Benfica subiu as suas linhas e passou  a pressionar bem mais alto. O Rangers bem tentou sair do colete de forças e também subir as suas linhas, mas agora o Benfica estava mais forte, a jogar mais alto e obrigou mesmo os escoceses a recuar em toda a linha. Um jogo quase de sentido único, com as oportunidades a surgirem umas atrás das outras na área de Butland com os escoceses cada vez mais manietados.

O Rangers bem tentava sair do sufoco e, numa das poucas vezes que o conseguiu, Fábio Silva, sempree pronto para arrancar, esteve muito perto de marcar, com um remate cruzado que obrigou Trubin à defesa da noite. Mas agora era claramente o Benfica que mandava no jogo e o empate acabou por chegar por linhas tortas. Livre de Di María, com o argentino a cruzar tenso para a área onde surgiu Goldson, na tentativa de cortar o lance, a cabecear com toda a convicção para as próprias redes. O médio fez o que Arthur Cabral não tinha conseguido fazer, aliás, o brasileiro, nesta altura, já tinha cedido o lugar ao compatriota Marcos Leonardo. O Benfica criava muito jogo, mas tinha pouca expressão na zona de finalização. Valeu o corte descabido do central escocês para novelar o resultado.

Um golo que voltou a animar as bancadas e a energia acabou por passar para o campo, com o Benfica a conseguir, finalmente, acelerar o jogo e criar ainda mais oportunidades para dar a volta ao marcador. Di Maria, um dos mais inconformados, a par de João Neves, esteve muito perto de marcar, numa altura em que o Rangers, já com várias alterações na equipa inicial, estava totalmente concentrado na defesa do empate. Continuava a ser um excelente resultado para os escoceses, essa é a verdade.

O Benfica tentou de tudo até final, mas não conseguiu desfazer o empate que deixa tudo em aberto para o segundo jogo, dentro de uma semana, em Glasgow.

Depois do último apito, houve alguma contestação dirigida ao treinador alemão, viram-se alguns lenços brancos, mas também houve que aplaudisse o esforço da equipa num momento, incontornavelmente, difícil para a equipa de Roger Schmidt.

Num espaço de pouco mais de uma semana, o Benfica acaba por somar resultados negativos em três competições diferentes, mas também é verdade que ainda tem uma palavra a dizer em todas elas.