Depois de um FC Porto «remendado» que passou o jogo desta quinta-feira à procura de equilíbrios, vai ser preciso um «super-FC Porto» para, a 25 de fevereiro, no Estádio do Dragão, dar a volta ao resultado negativo que trouxe de Dortmund (0-2). Um resultado que acaba por ser lisonjeiro, tendo em conta a entrada fortíssima dos alemães, mas a verdade é que a equipa de José Peseiro, com um onze a fugir a todas as lógicas (dois avançados para travar um lateral), acabou por conseguir equilibrar-se em termos defensivos e, depois de um golo a abrir, consentiu apenas mais um na segunda parte. No Dragão, o FC Porto vai ter de mostrar muito mais para poder aspirar a uma presença nos oitavos de final desta Liga Europa.

Confira a FICHA DO JOGO

Ao primeiro apito do italiano Luca Banti, o Dortmund lançou-se ao ataque, com uma frente alargada, com os laterais a abrirem caminho pelas fragilizadas alas do FC Porto, com maior ênfase pela esquerda, a testar, logo de início, as adaptações que José Peseiro foi obrigado a fazer para reconstruir uma defesa órfã de Maxi Pereira, Danilo e Marcano, já para não falar de Maicon, já longe, em São Paulo. No papel, o FC Porto jogava com Varela e José Angel a fechar os flancos e Layun a juntar-se a Martins Indi no eixo. Sobre o meio-campo, Rúben Neves ocupava o lugar de Danilo, com Sérgio Oliveira e Herrera mais livres para pressionar o adversário.

No entanto, o esquema no papel ficou rapidamente amarrotado às primeiras investidas dos alemães. Varela teve de ocupar uma zona mais interior, para acompanhar Reus e era Marega que jogava praticamente como lateral, na tentativa de travar o endiabrado Schmelzer, lateral do Dortmund que marcou o ritmo do jogo nos instantes iniciais. Com Muita gente na zona central, Sérgio Oliveira também recuou no apoio a Rúben Neves, ficando apenas Herrera solto para atrapalhar a construção do Borussia. Foi, assim, um FC Porto cada vez mais atrofiado que acabou por consentir o primeiro golo, logo aos seis minutos. Canto curto sobre a esquerda, cruzamento de Mikhtaryan junto ao primeiro poste onde surgiu Piszczek a rematar de primeira. Casillas ainda defendeu o primeiro remate, mas já não conseguiu evitar a recarga de cabeça do polaco.

Bola ao centro e o FC Porto novamente em dificuldades, não só para travar as investidas do Dortmund, quase sempre pela esquerda, mas sobretudo para sair a jogar. Mal recuperava uma bola, os jogadores do FC Porto sofriam uma tremenda pressão sobre o detentor da bola e não conseguiam fazer mais de dois passes depois de passar a linha do meio-campo. Marega tentava sair com a bola nos pés, mas era rapidamente cercado e, sem apoio, desarmado. Brahimi nem isso, porque a bola nem lhe chegava. O Dortmund voltou a criar novas oportunidades, com destaque para um remate de Schmelzer às malhas laterais e outro de Kagawa, na zona central, que não passou muito longe da barra.

Mas a verdade é que, passo a passo, o FC Porto acabou por encontrar um ponto de equilíbrio entre Varela e Marega e acabou por estancar as fugas no corredor direito e, assim, retirar a intensidade que o adversário aplicou, nos minutos iniciais. O Dortmund continuava a mandar no jogo, mas agora tinha pela frente um FC Porto mais sólido que até conseguiu o seu primeiro e único remate na primeira parte. Boa combinação entre Brahimi e Varela a proporcionar o remate a Sérgio Oliveira, à figura de Burki.

De correção em correção, o FC Porto equilibrava-se e começava a ganhar confiança para dar algo mais ao jogo. O Dortmund também se adaptou rapidamente a este novo FC Porto na segunda parte, prescindindo do futebol vertiginoso, para um jogo mais pausado, com mais posse de bola, com paciência, à procura de uma falha na defesa do FC Porto, que lhe permitisse voltar a acelerar nos últimos metros. As equipas olhavam-se agora olhos nos olhos, num jogo bem mais tático. Era o momento para os treinadores interferirem a partir do banco. Thomas Tuchel prescindiu de Sahin, recuperado há pouco de lesão e ainda sem ritmo competitivo, para lançar Leitner. José Peseiro abdicava de Brahimi, pouco influente no corredor esquerdo, para lançar André André.

Novo desequilíbrio e golo de Reus

O jogo estava agora mais tenso, cpom mais choque e, na sequência de uma falta de Marega sobre Schmelzer, Rui Barros e Alexandre Santos, adjuntos de Peseiro, entraram em campo e acabaram por receber ordem de expulsão. O Dortmund procurava a velocidade que perdeu, o FC Porto procurava uma abertura para se aproximar da distante baliza de Burki. Uma investida de Kagawa na zona central acabou por voltar a desequilibrar a defesa portista aos 71 minutos. O japonês procurou uma fenda na zona central, abriu na direita para Mirkhtaryan que, por sua vez, atrasou para o remate de Reus. A bola ainda sofreu um desvio em Martins Indi e traiu Casillas.

Com vinte minutos para o final, Peseiro ainda lançou Evandro e Suk para procurar um golo que deixasse a eliminatória mais acessível, mas foi o Dortmund que esteve novamente perto do golo, com uma fulgurante cabeçada de Mirkharyan que foi devolvida pelo poste. Já nos instantes finais, Suk teve uma oportunidade soberana para chegar ao golo, mas Burki defendeu.

A equipa de José Peseiro regressa, assim, a casa com uma montanha para subir, dentro de uma semana, no Dragão, até porque o FC Porto nunca conseguiu dar a volta uma derrota por 0-2.