O Sporting ficou a um golo da «remontada» da moda, num jogo em que chegou a vulgarizar o Atlético Madrid de Diego Simeone em Alvalade. Uma exibição a roçar a perfeição da equipa de Jorge Jesus, longe dos erros cometidos em Madrid, e com um Bruno Fernandes endiabrado a encher o campo. Fredy Montero fez aumentar a crença antes da meia-hora e os leões contaram depois, até ao final, com várias oportunidades para anular a vantagem dos colchoneros e forçar um justo prolongamento. A verdade é que a equipa de Jorge Jesus sai da Europa de cabeça levantada e com Alvalade a aplaudir de pé os jogadores.

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O jogo começou com um autêntico dilúvio, mas com um Sporting bem consciente do que pretendia do jogo. Como Jorge Jesus tinha dado a entender, os leões apresentaram-se com três centrais, com Ristovski e Acuña sobre as alas, Bataglia e Bryan Ruiz mais fixos na zona central, enquanto Bruno Fernandes e Gelson Martins, mais soltos, preenchiam os restantes espaços, no apoio direto a Fredy Montero. A liberdade de movimentos destes dois últimos elementos explica a boa entrada dos leões diante de um Atlético que se apresentou com a mesma fórmula de Madrid, apenas com Vitolo a render Correa, mas bem menos proactivo. Os colchoneros entraram no jogo a dormir, certamente à espera de um novo «brinde» dos leões, para resolver a eliminatória, mas tiveram de acordar quando Montero abriu o marcador, reduzindo a vantagem dos visitantes para metade.

A verdade é que o Sporting entrou muito bem no jogo, ao som de «nós acreditamos em vocês», que chegava das bancadas. A própria equipa, apesar dos acontecimentos que marcaram a última semana, acreditava e isso via-se pela forma assertiva com jogava, como explorava os espaços, como crescia em campo. Bruno Fernandes parecia um gigante diante de Saúl e a Gabi, impondo a sua lei na zona central, abrindo jogo para as alas, sobretudo, na direita, onde Gelson fazia a cabeça em água a Lucas Hernández, com as suas «fintas» estonteantes, a abrir caminho sobre o flanco. Mas do outro lado também estava um Acuña mordaz, com cruzamentos açucarados a provocar o pânico na área colchonera.

Os leões já tinham ameaçado o golo, com uma cabeçada fulminante de Coates, na sequência de um canto, que obrigou Oblak à defesa da noite. Bruno Fernandes também colocou o guarda-redes esloveno à prova, antes da primeira contrariedade para os leões. Mathieu ressentiu-se de uma lesão, teve de sair e foi rendido por Petrovic. O sérvio entrou em campo praticamente a festejar o primeiro golo do Sporting. Cruzamento de Bruno Fernandes da direita, Oblak ainda desvia e Montero, de angulo apertado, junto ao segundo poste, mete a bola pelo buraco da agulha. Terceiro golo do colombiano na competição, depois de já ter bisado frente ao Viktoria Plzen.

Se Alvalade tinha esperança, agora passou definitivamente a acreditar. Não apenas pelo golo, mas pela forma como o Atlético estava a encarar o jogo, de forma displicente, certamente já com a cabeça no sorteio desta sexta-feira. Diego Simeone esbracejava e não parava de gritar para dentro do relvado, como é o seu estilo habitual, mas o argentino não podia estar satisfeito como o que estava a ver. Os leões estavam a um golo de empatar a eliminatória e quase que anularam a diferença antes do intervalo. Cruzamento largo de Acuña, com Gelson Martins, em mergulho, a cabecear por cima da trave.

Os jogadores do Atlético devem ter ouvido das boas ao intervalo, pelo menos voltaram com uma nova atitude, a exercer uma pressão mais alta, atrapalhando a fase de construção dos leões, como aliás, tinham feito no Metropolitano. Uma pressão que levou a linha defensiva do Sporting, até então irrepreensível, a cometer os primeiros erros. Foi nessa altura que Griezmann [onde andou na primeira parte?] apareceu no jogo, com um remate frouxo para defesa fácil de Patrício. O Atlético tinha voltado sem Lucas Hernández [traumatismo facial] e, pouco depois do início da segunda parte, também perdeu Diego Costa. Aos poucos, o Sporting voltou a crescer. Devagar, mas de forma sustentada, sem perder o equilíbrio atrás e levando o jogo para junto da área de Oblak. Coates voltou a testar o guarda-redes esloveno, Gelson tentou nova cabeçada e Bruno Fernandes uma nova bomba.

As bancadas pediam um «golo», numa altura em que o Atlético voltava a adormecer em campo. Os colchoneros perdiam muitas bolas, jogavam com pouca intensidade, estavam a colocar-se a jeito. A verdade é que, tirando um livre de Griezmann, que passou perto do poste, a equipa de Diego Simeone provocou poucos calafrios nas bancadas de Alvalade que passavam mais tempo a reagir às oportunidades desperdiçadas junto da baliza de Oblak. Jorge Jesus aproveitou, então, para lançar o último assalto com Doumbia. O Sporting assumia riscos nos últimos quinze minutos e Griezmann ainda contou com duas oportunidades flagrantes para matar a eliminatória. Na primeira foi anulado por Rui Patrício, na segunda tentou ultrapassar o guarda-redes, mas atirou ao lado.

Mas a verdade é que o jogo acabou com o Sporting a jogar na área de Oblak e com as bancadas de pé à espera do golo que não chegou. Os leões deixam a competição de cabeça erguida com Alvalade a aplaudir de pé.

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