* enviado-especial à Suécia

Chegou a parecer o fim do sonho, o 2-0 ao intervalo assustava, mas o Rio Ave recusou-se a deixar de sonhar e, contra quase todos os indicadores até aos 60, ainda reduziu para 2-1, com um golo forasteiro.

O Elfsborg jogou mais, revelou-se equipa sólida a jogar em casa (não por acaso, tem a melhor defesa do campeonato sueco nas partidas no Arena Boras), com boa circulação e, embora com um futebol sem grande intensidade, conseguiu concretizar por duas vezes, não tendo criado muito mais ocasiões de golo.

Durante 60 minutos, os suecos foram, claramente, a melhor equipa em campo. Mas o Rio Ave acreditou, não se atemorizou com a diferença e mostrou que tem condições de continuar a ter esperanças no apuramento para a fase de grupos da Liga Europa.

Não é impossível a reviravolta. Já não o seria com 2-0, mas agora com 2-1 fica bem mais ao alcance.

Mas não será fácil ganhar por 1-0 nos Arcos, daqui a uma semana. Terá que ser, aliás, quase tudo diferente.

O Elfsborg, como Pedro Martins avisara ontem, é conjunto mais consistente, mais forte e com melhores argumentos do que o Gotemburgo. Joga em ataque continuado, talvez não seja assim tão forte nos contra-ataques (e essa pode ser uma vantagem do Rio Ave para a segunda mão).

Seja como for, os dados dos primeiros 60 minutos deste duelo de 180 (ou 210…) minutos foram quase todos favoráveis ao Elfsborg e quase todos negativos para o Rio Ave.

Mas na meia-hora final, a equipa portuguesa renasceu. Graças ao golo de Marcelo, é claro, mas também com o que se passou a seguir. O Elfsborg não esperava, desorientou-se, deixou de atacar, preferiu gerir o 2-1 e evitar o empate.

Empate que, de resto, esteve quase a aparecer. Primeiro em lace com Filipe Augusto e Diego Lopes, depois num lance em que a bola só não entrou por capricho.

A questão do piso

O sintético complicou, e muito, a tarefa dos vila-condenses. Terá estado, até, na base das dificuldades do conjunto de Pedro Martins. Mas não explicam tudo.

Com exceção de uma tentativa fortuita de Ukra, com remate muito por alto, o Rio Ave simplesmente não conseguiu aparecer na primeira meia-hora de jogo. E quando começou a ensaiar uma ou outra saída rápida, já o marcador acusava, de forma justa, 2-0 para os suecos.

Primeira parte falhada

A primeira parte foi muito complicada para o Rio Ave. A equipa demorou a entrar no jogo, sentiu em demasia a pressão do momento e sentiu, sobretudo, a diferença do terreno.

Até ao intervalo, as dificuldades de adaptação ao piso sintético, por parte dos jogadores do Rio Ave tornaram-se evidentes. O conjunto português não conseguia pegar no jogo, a bola circulava quase só pelos «amarelos», ou seja, pelos jogadores do Elfsborg.

Mesmo sem criar demasiado perigo, os suecos tentavam chegar à baliza de Cássio. E o mais preocupante é que o Rio Ave não dava mostras de conseguir reagir.

Dois golos bonitos (o primeiro uma jogada rápida de ataque, o segundo um canto) conferiram vantagem confortável ao Elfsborg ainda antes dos 30 minutos.

O 2-0 pesou muito no ânimo dos jogadores do Rio Ave.

Aquele golo de Marcelo…

A segunda metade até começou com sinal mais sueco. E parecia, nos minutos iniciais, confirmar o Elfsborg como vencedor relativamente tranquilo da partida.

Mas o Rio Ave nunca deixou de acreditar. Pedro Martins fez revolução ao intervalo. Tirou Del Valle e Pedro Moreira, lançou Bressan (muita qualidade) e Diego Lopes. A última meia-hora do jogo foi quase toda do Rio Ave.O empate esteve pertíssimo e, em função do que a equipa vila-condense jogou e procurou na parte final do encontro, até seria merecido.

É caso para concluir: o Rio Ave «só» precisa de ser, na segunda mão em casa, como foi na última meia-hora na Suécia.

Sim, é possível.