A FIGURA: Jonas, quem mais?

Regressado de uma longa viagem à América do Sul para dois compromissos da seleção, o avançado brasileiro aterrou em Portugal na madrugada de quinta-feira. Falou-se e escreveu-se que o cansaço podia condicionar a sua performance no encontro com o Sp. Braga. Mas o Pistolas correu, correu, lutou lá na frente, recuou para ajudar no processo de construção e chegou a ser visto em tarefas defensivas. Não tremeu da marca dos 11 metros e apontou o segundo golo do Benfica no jogo e o 30.º da conta pessoal no campeonato: só para se ter uma ideia, desde Jardel que um jogador não atingia a marca das três dezenas na Liga. Um pouco do golo de Pizzi também se deve a ele, ao ganhar um lançamento longo de Gaitán e a tocar com as costas (ou nuca?) para o companheiro. Na etapa complementar ainda serviu Mitroglou para o quarto golo das águias. Jonas não é só o fim do futebol dos encarnados. Por vezes chega a chega também o princípio e o meio. Mais uma boa exibição, esta embrulhada com laço, ou não tivesse acontecido no dia do 32.º aniversário do goleador dos encarnados.

O MOMENTO: golo de Mitroglou, minuto 17.

O Sp. Braga estava por cima do encontro e até já justificava a vantagem depois de ter beneficiado de duas oportunidades claras de golo (por Wilson Eduardo e Rafa). A receção do Benfica à equipa de Paulo Fonseca ameaçava transformar-se num dos jogos mais duros dos encarnados nesta temporada. Mas tudo mudou quando Mitroglou aproveitou a parcimónia dos bracarenses no início do processo de construção e atirou a contar para o 1-0. E o que um golo faz a um jogo…

FILME E FICHA DE JOGO

OUTROS DESTAQUES:

PIZZI: foi, a par de Jonas, o melhor do Benfica naquela que foi a sexta vitória consecutiva dos encarnados para a Liga. Depois de alguns jogos uns furos abaixo daquilo que já rendeu nesta época, regressou à bitola antiga. Desferiu alguns cruzamentos perigosos, mas foi pelo centro do terreno que fez mais estragos. Coroou a excelente exibição com o melhor golo da noite, num remate colocado de fora da área. Na segunda parte, aos 57’, quase bisou, numa tentativa de chapéu à qual Matheus se opôs com categoria.

MITROGLOU: o grego chegou à Luz com rótulo de goleador, mas a verdade é que nunca tinha marcado tanto como agora. Desde o início de, já leva 13 só para a Liga e elevou a contabilização pessoal na prova para 17. É uma máquina de fazer golos e voltou a demonstrá-lo nesta sexta-feira. Fê-lo por duas vezes: tendo sido ele o «cicerone» do gordo triunfo das águias, ao abrir a contagem numa altura em que a equipa de Rui Vitória atravessava grandes dificuldades.

GAITÁN: na primeira parte focou-se mais em cumprir na missão de apoiar Eliseu no trabalho defensivo, mas é nele que nasce o terceiro golo dos encarnados, com um remate para a frente que terminou no remate certeiro de Pizzi. Na etapa complementar, já se viu mais do «velho» Nico, que regressou à titularidade após uma lesão contraída no jogo com o Tondela (4-1). Esteve perto do golo e abriu a defesa do Sp. Braga com um passe primoroso para Jonas no lance que originou o quarto golo do Benfica. Muito aplaudido aos 77 minutos, quando saiu para dar lugar a Carcela.

FEJSA: muito importante no auxílio à defesa, revelando-se eficaz nas batalhas para travar as transições rápidas da equipa de Paulo Fonseca, uma das suas armas mais perigosas. Aposta acertada de Rui Vitória, que precisava de um «varredor» para esta noite. Uma noite em que Renato Sanches esteve aquém daquilo que já mostrou e não foi o melhor dos parceiros para o sérvio.

HASSAN: o egípcio que foi apontado ao Benfica na pré-época foi um dos melhores do lado bracarense. Deu muito trabalho à defesa dos encarnados no melhor período dos minhotos do jogo, que antecedeu o golo de Mitroglou, aos 17 minutos. Ganhou boa parte dos duelos áereos travados (a maioria deles com Lindelof). Excelente cruzamento para a cabeça de Wilson Eduardo no primeiro lance do jogo, no qual o português atirou ao poste esquerdo. Na segunda parte quase marcou, mas o remate, de pé esquerdo, encontrou o caminho do ferro direito da baliza de Ederson.

PEDRO SANTOS: irrequieto, deu muito trabalho a Eliseu, que praticamente não se aventurou em ações ofensivas. Reduziu já em período de descontos na conversão de uma grande penalidade que ele próprio sofreu.

RAFA: muito perigoso principalmente na primeira parte, com diagonais que confundiram as marcações ao sector mais recuado dos encarnados. O internacional português é o motor deste Sp. Braga. Arranca pela direita, mas faz a diferença pelo centro. Apareceu muito bem nas costas da defesa do Benfica aos 11 minutos, altura em que falhou o golo só com Ederson pela frente. Ainda tirou mais um ou outro coelho da cartola, mas foi-se apagando à semelhança dos companheiros de equipa, afetados pela tremenda eficácia dos encarnados.