Logo a abrir 2019, o Sporting recuperou o segundo lugar que tinha perdido antes do Natal em Guimarães, com uma vitória difícil no dérbi com o Belenenses que consentiu a primeira derrota da época na condição de visitante. Um jogo muito complicado para os homens de Keizer que só conseguiram desbloquear o marcador na segunda parte com Bruno Gaspar a arrombar a excelente consistência defensiva que os «azuis» apresentaram em Alvalade. Miguel Luís, com um grande golo, consolidou a vantagem dos leões que ainda tremeram na ponta final, depois de Fredy reduzir a diferença no último minuto. O jogo acabou sob forte tensão no relvado.

Confira a FICHA DO JOGO

Entrada forte do Belenenses no jogo, com três remates à baliza de Renan nos primeiros cinco minutos. Tal como já tinha ensaiado no jogo com o FC Porto, Silas voltou a apostar numa defesa com três centrais, com dois laterais com ordens para subir pelas alas, três médios e Fredy e Licá no ataque. Um onze que preencheu muito bem o campo, exercendo forte pressão na zona de construção dos leões e obrigando o Sporting a cometer muitos erros na abertura de jogo. Erros que permitiram a Licá rematar por duas vezes cruzado, mas ao lado.

O Sporting apresentava-se com a estrutura habitual, mas faltava a dinâmica habitualmente imposta pelo castigado Bruno Fernandes. Seria Wendel a assumir esse papel, mas as marcações cerradas dos «azuis» raramente permitiram que o brasileiro estabelecesse a ligação com o ataque. Coates, Mathieu e Gudelj eram pressionados logo no início da jogada e os leões não conseguiam sair a jogar como gostam. Nani teve de abandonar a ala esquerda para ajudar os companheiros do meio, enquanto Renan optava pela saída com pontapé longo para contrariar a primeira linha de pressão do Belenenses.

Foi desta forma que o Sporting conseguiu equilibrar a contenda e chegar, pela primeira vez, à área de Muriel, com Acuña a atirar colocado, para uma grande defesa do guarda-redes do Belenenses junto ao poste. Foi nesta altura, em que os leões tinham mais posse de bola e pareciam ter o jogo controlado, que o Belenenses criou a sua melhor oportunidade da primeira parte. Passe tenso de Acuña para Coates, Fredy intercetou e saiu disparado para a área de Renan. Perseguido por Coates, Fredy ganhou uns bons metros e, já no interior da área, atirou uma bomba ao poste.

Uma bomba que gelou Alvalade que logo a seguir aqueceu com os leões a responderem na mesma moeda, também com uma bola no ferro. Um bom lance com a bola a rodar por vários jogadores até chegar a Nani que atirou forte, ao poste. Dois remates nos postes, um para cada lado, separados por pouco mais de três minutos, a dar conta de uma primeira parte com muita luta, muitas faltas, mas entretida. A verdade é que o Sporting sentia muitas dificuldades para entrar na área de Muriel, com três centrais, bem articulados, a fechar a entrada, com ajuda de André Santos que varria toda a frente. Não foi surpresa, portanto, que a última oportunidade do Sporting tenha surgido com um remate de muito longe de Gudelj.

Bruno Gaspar arrombou a porta

A segunda parte começou com menos intensidade, com o Sporting amarrado a procurar caminhos para chegar a área de Muriel e um Belenenses inabalável, a apresentar a mesma consistência defensiva. O jogo decorria a um ritmo lento, com poucas oportunidades, quando Silas procurou agitá-lo, como já tinha feito na Taça da Liga frente ao FC Porto. O treinador do Belenenses abdicou, então, de um central, para lançar Henrique para o eixo do ataque, colocando-se entre Fredy e Licá que abriram para as alas, em 4x3x3. Mas, tal como aconteceu frente ao FC Porto, foi o adversário que marcou na mudança entre os dois sistemas. Bola na área, Wendel controla, fez um compasso de espera para abrir mais para a direita, para a entrada de rompante de Bruno Gaspar que disparou na passada.

Um golo que teve o condão de despertar as bancadas que se estavam a deixar adormecer com a cadência do jogo. Os adeptos animaram-se e o jogo também, com o Belenenses a arriscar mais à procura do empate. Silas tentou alimentar o novo ímpeto da sua equipa com a entrada de Dálcio, enquanto Kezier poupava os jogadores que vinham de lesão, Nani e Wendel, para lançar Raphinha e Petrovic.

Os papéis invertiam-se agora, com um Sporting a gerir a vantagem e um Belenenses à procura de roturas. Havia mais espaço e os leões acabaram por matar o jogo, a nove minutos do final, com um golaço de Miguel Luís. O médio de dezanove anos, que já tinha marcado ao Vorskla Poltava, deu a entender que ia cruzar, mas surpreendeu toda a gente com um remate bem medido ao ângulo, sem hipóteses para Muriel.

O jogo seguiu mais aberto do que nunca, com parada e resposta. O Sporting podia ter aumentado a diferença, mas foi o Belenenses que ainda marcou no último suspiro, numa recarga de Fredy a um primeiro remate de Eduardo. A tensão subiu no período de compensação e acabou com um verdadeiro «sururu» junto à linha, depois de um desentendimento entre Acuña e Diogo Viana que envolveu quase todos os jogadores em campo.

A verdade é que o Sporting conseguiu conservar a preciosa vantagem que lhe permite recuperar o segundo lugar da Liga.