Frederico Varandas foi reeleito para um segundo mandato como presidente do Sporting e falou numa «vitória da estabilidade».

- Hoje venceu a estabilidade no Sporting. Os sócios do Sporting votaram pela estabilidade. Gostaria de recordar que está a fazer cerca de 40 anos a última vez que um presidente do Sporting concluiu o segundo mandato. Estou a falar de João Rocha. Desde aí que o Sporting entrou num ciclo de instabilidade destrutiva. Foi um processo destrutivo de quatro décadas. Esta vitória não tem um nome, não é do presidente, é da estabilidade. Há uns meses atrás tinha alertado que o Sporting precisa de aprender a viver a estabilidade. Foram quatro décadas de autodestruição que condenou o processo desportivo. Podemos ter o melhor treinador, os melhores jogadores, a melhor massa adepta do mundo, mas sem estabilidade não teremos sucesso. Os sócios do Sporting escolheram, acima de tudo, a estabilidade.

- Há três anos e meio lembro-me de prometer apenas uma coisa. Chegar a este dia e deixar o Sporting melhor do que estava. Essa promessa está cumprida. Hoje, com 86 por cento dos sócios a votarem na nossa lista, a nossa missão é a mesma: servir o Sporting. Vamos servi-lo com a mesma humildade e a mesma responsabilidade de eu quando com pouco mais de 40 por cento. Pensando sempre, sempre e sempre primeiro no clube. É o que vamos fazer. Continuar a trabalhar com descrição, sem ruído e pensando sempre no melhor para o clube.

- O nosso objetivo hoje é o mesmo de há três anos e meio. Não vou prometer títulos, vou prometer que eu e a minha equipa entreguemos o Sporting ainda melhor do que está hoje. Estou muito feliz por chegar aqui hoje com um Sporting saudável, corajoso, livre, independente, campeão e um Sporting unido. Não à volta de nenhuma direção, de nenhum presidente, mas unido à volta do seu clube.

[Objetivos para novo mandato?]

- Hoje é mais fácil do que há três anos e meio. Os sócios conheciam-me com ex-diretor clínico do Sporting, não me viam como presidente. Aprendi nestes três anos e meio como vou continuar a apender. O que hoje os sócios sabem é que os objetivos destes órgãos sociais é fazer. Houve muitos anos de guerrilha, de barulho. O objetivo é fazer e continuar a crescer enquanto clube.

[Relação com as claques]

- Com muito orgulho, o Sporting é um clube democrático, não é um regime como a Coreia do Norte e outros primos. O Sporting tem direito a opinião, nós respeitamos, sabemos as dificuldades que passamos, mas este também é um dos grandes méritos da minha equipa. Não nos deixamos ir abaixo quando acontece algo de mau, como não tiramos os pés do chão quando temos vitórias. Nunca me preocupei muito com o ruido exterior. Quem passou por este lugar sabe que tem de ouvir sempre os sócios do Sporting. Há decisões que é preciso tomar que sei que não são bem aceites, não são populares, mas que sei que são o melhor para o Sporting.

[Sucesso depende dos resultados desportivos?]

- Todos os departamentos do Sporting trabalham para alavancar a vertente desportiva. Qualquer clube será sempre dependente dos resultados. O nosso objetivo é criar condições para isso. Não vou prometer títulos. O que posso prometer é que cada mês que passa o Sporting está mais forte, mais preparado e mais competitivo. Primeiro temos de ser respeitados internamente, depois extremamente. O que podemos prometer é que vamos continuar a ser competitivos, o que não fomos durante muitos anos.

[Melhor medida de gestão?]

- Era injusto dizer…foi garantir a maioria do capital da SAD. Para o futuro do clube, não tenho a menor dúvida que foi essa.

[Amorim tem contrato por mais dois anos, renovação?]

- Felizmente temos um grande treinador muito feliz em Alvalade. Se estou preocupado daqui a dois anos. Não, estamos a trabalhar na renovação. O tempo passa depressa. Queremos o Amorim por dois anos e provavelmente por mais tempo.

[O que falta fazer?]

- Há muito trabalho a fazer. A principal é tornar o Spotting mais capaz de vencer constantemente. Não vou estar com ilusões. Nestes três anos e meio muito foi feito para nos aproximarmos dos nossos rivais, mas temos dois rivais muito fortes que gozam do que o Sporting nunca teve, estabilidade.

[Com a maioria da SAD, vai ser mais fácil trabalhar?]

- Já sou sócio há 41 anos. Como sócio é um sossego.

[Aproximação às claques?]

O Sporting não tem de se aproximar de ninguém. As pessoas é que têm de aproximar-se do Sporting. As claques fazem parte da massa associativa. O Sporting precisa dos seus adeptos, precisa do seu apoio, se fizerem isto, a casa está aberta a todos.

[Este mandato é o último ou vai ficar mais anos?

- Recentemente houve presidentes do Sporting reeleitos, mas não cumpriram o segundo mandato. Hoje diria que oito anos é muito. Para quem sofre ao meu lado, é muito. Muito mal estaria o Sporting se tivesse um presidente por 40 anos.

[Primeira prioridade para este segundo mandato?]

- Vencer com 42 ou 86 por cento não muda nada. Há um regime democrático, por um voto se ganha, por um voto se perde. A responsabilidade é enorme. Todos os dias quando acordo sinto-me muito pequenino ao pé deste clube, da história deste clube. A responsabilidade é a mesma, a humildade e dedicação vão ser as mesmas. Servir este clube o melhor que sabemos. A primeira prioridade? Estava a lembrar-me de qual era o próximo jogo [Manchester City], é capaz de ser difícil, mas é ganhar o próximo jogo.

[Arrependeu-se de alguma ação neste primeiro mandato?]

- Não há meses que não me arrependa de alguma coisa. É fazer as contas a estes três anos e meio.