A onda verde continua a dirigir-se a velocidade vertiginosa para terra firme. Depois de ter atropelado Arouca e Belenenses, agora derrubou mais um banco de areia. A equipa de Jorge Jesus prossegue, voraz, na luta pelo título sem dar palmo de terra ao rival da Segunda Circular.

Minutos antes de a bola começar a rolar em Alvalade, o Benfica cumprira na visita a Coimbra, de onde saíra com cinco pontos de avanço sobre o eterno rival. Queria isto dizer que o leão estava condenado a ganhar, sob pena de comprometer quase que irremediavelmente as aspirações pelo título. Outra qualquer soma pontual que não fosse igual a três significava o tal «xeque» de que Jesus falou em tempos. O xeque ao rei, a quem ambiciona roubar a coroa.

FILME E FICHA DE JOGO

Mas, no lufa-lufa do campeonato, o leão não acusou a pressão. O outro leão (o das ilhas) não foi presa fácil, até chegou a assustar em Alvalade, mas acabou por cair face ao maior poderio do adversário.

Sem Adrien Silva, a cumprir castigo por acumulação de amarelos, Jorge Jesus apostou no italiano Aquilani para ocupar o lugar do português. Do lado do Marítimo, Nelo Vingada repetiu o onze do triunfo sobre o Nacional na semana passada mas com uma nuance: colocou o médio Fransérgio no lugar de Dyego Sousa, habitual referência do ataque dos insulares, e chamou Djoussé.

Sporting pressionante, Marítimo perigoso no contra-ataque

O Sporting entrou melhor na partida mas foi sentindo muitas dificuldades para criar desequilíbrios perante um Marítimo assumidamente de tracção atrás, competente e à espreita de surpreender em transições rápidas.

Com o metro quadrado muito caro no meio-campo da formação insular, Slimani e Teo Gutiérrez procuravam espaço nas faixas. Foi assim que a equipa de Jorge Jesus fabricou a primeira grande oportunidade do jogo à passagem do quarto de hora. Teo combinou bem com William Carvalho e cruzou para a cabeça de Bryan Ruiz, que rematou ao lado em boa posição.

DESTAQUES DO SPORTING-MARÍTIMO

Foi um dos poucos deslizes do Marítimo nos primeiros 45 minutos. O Sporting tinha mais bola, controlava o jogo territorialmente mas lidava mal com as transições rápidas da equipa de Nelo Vingada, que ia causando alguns calafrios à defesa leonina.

Pelo meio, Edgar Costa podia ter gelado Alvalade quando, aos 18’, surgiu entre os centrais mas falhou na definição a um cruzamento de Patrick da esquerda. A funcionar pior estavam as laterais. Principalmente o lado de Bruno César, com muitas dificuldades para recuperar das incursões ao ataque. Primeiro Djoussé e, depois João Diogo, colocaram a defesa do Sporting em alerta no último quarto de hora da primeira.

Mas há uma estrela que costuma acompanhar as grandes equipas. Naquela que terá sido a pior fase do Sporting em quase todo o jogo, o leão marcou. Fora da área, Teo Gutiérrez puxou para o pé direito de fora da área e desferiu um remate que desvio em João Diogo e fugiu ao alcance de Salin: 1-0 para o Sporting aos 42 minutos por um dos melhores em campo. Aquele que acabou por desbloquear o jogo. Está perdoado?

Entrada a todo o gás contra Marítimo menos seguro

A equipa de Jorge Jesus foi para o intervalo na frente e regressou menos pressionada pelo marcador.

Sem tiques nervosos, o leão ganhou confiança. Cresceu, carregou no acelerador e foi sem surpresa que ampliou para 2-0, perante um Marítimo agora menos eficaz nas missões defensivas. Salin ainda evitou o golo a João Mário mas já nada pôde fazer para evitar a recarga de William Carvalho.

Alvalade descansava. A vitória não era mais do que uma questão protocolar, carimbada por Slimani a 15 minutos do final da partida

Era a consequência dos espaços dados pela equipa visitante, que, com as entradas de Ghazaryan e de Baba, procurava o golo que a pudesse recolocar na luta pelo jogo.

O golo, esse, até surgiu. Aos 81 minutos, Ghazaryan apareceu ao segundo poste e reduziu para os homens de Nelo Vingada, que só foram verdadeiramente incómodos na primeira parte mas viram a estratégias esfumar-se com o tal golo de Teo Gutiérrez.

Um pequeno percalço em mais uma vitória segura do Sporting (a quarta consecutiva para a Liga), que continua na marcação cerrada ao líder Benfica e a mostrar que o título vai mesmo decidir-se «tu cá, tu lá».

O leão fez o que lhe competia e enviou mais uma mensagem para o outro lado da Segunda Circular. Se o rei vacilar, há alguém pronto para voltar a virar este jogo de xadrez e roubar-lhe mesmo a coroa.