A FIGURA

Rúben Neves, um dia perfeito

Se há dias próximos da perfeição, Rúben Neves teve hoje um desses momentos raros na vida de um futebolista. Depois de pré-temporada promissora, Lopetegui concedeu mesmo ao miúdo um recorde notável: passou a ser o portista mais jovem de sempre no onze em jogos para o campeonato, aos 17 anos e 155 dias. Se tão não bastasse, Rúben somou outro registo que vai ficar gravado: o de ter sido o autor do primeiro golo do campeonato 14/15. Corriam apenas 11 minutos de jogo, tempo suficiente para Rúben rematar para golo e colorir com um tento a sua estreia em jogos oficiais pela equipa principal dos dragões. O ponto alto de uma exibição segura, personalizada, nada imatura. Tem passe preciso, boa visão e um posicionamento que não se fixa em demasia na função «6» (de resto, quando Casemiro rendeu Herrera, Rúben subiu um pouco no terreno, sendo o brasileiro a assumir o posto de contenção). Bem a defender, ainda melhor a dar jogo, a assistir os colegas com missões mais ofensivas. É claro que há Casemiro (outro caso de alguém que não é um «6» puro), mas para já o miúdo Rúben Neves parte mesmo como titular nessa zona crucial do jogo portista e é uma das figuras deste arranque portista em 14/15. 


POSITIVO

Óliver Torres

Um nobre vagabundo pelo meio-campo ofensivo portista. Muita da produção atacante do FC Porto passou pelos pés deste jovem espanhol virtuoso, de apenas 19 anos, cedido pelo Atlético de Madrid. É rápido, tem excelente técnica, passa quase sempre bem. Para o que Lopetegui quer ver neste FC Porto, é o executante ideal. Titularíssimo.

Brahimi
Excelente contratação do FC Porto. Incansável, deambula entre um dos extremos e o miolo, sempre à procura da bola, sempre à procura do desequilíbrio, em bons entendimentos com Jackson, Óliver, Herrera e companhia. O internacional argelino junta raça e querer, qualidade e saber. Tem tudo para saber dos jogadores-referência deste FC Porto versão Lopetegui.

Centrais do Marítimo
Gégé e Bauer, depois de uma fase inicial de muito perigo criado pelo FC Porto (ilustrada com o golo de Rúben Nebves aos 11), impediram estragos maiores. Só deixaram Jackson sozinho no último lance do jogo, mas aí a derrota já era certa para os insulares. 

NEGATIVO


Quaresma
Foi titular, «sentando» Tello e Adrian Lopez no banco de suplentes, em sinal de que Lopetegui percebe a importância que Quaresma teve para a equipa no final da época passada. Mas RQ7 não esteve ao seu melhor nível, rendeu muito menos que Brahimi, falhou centros, esteve com pontaria desafinada.

Fabiano a facilitar
O guarda-redes brasileiro parte como titular, mas sabe que tem em Andrés Fernandez um concorrente de peso. Talvez por isso, ou por mera falta de concentração, a verdade é que Fabiano facilitou em demasia em zonas em que um guarda-redes não pode dar abébias: jogou vezes a mais com o pé, «chamando» as unidades ofensivas do Marítimo a tentarem a sua sorte. Podia não ter corrido bem.

Dyego Sousa
O Marítimo chegou a sonhar com o 1-1, sobretudo em fase na primeira parte em que o FC Porto permitiu saídas rápidas do ataque maritimista, mas o ponta-de-lança brasileiro, contratado ao Portimonense, esteve sempre perdulário no momento da verdade.