Emoção até ao fim e um ponto para cada um. Santa Clara e Moreirense empataram este domingo a duas bolas, nos Açores, com três golos a surgirem nos minutos finais do encontro. Um encontro que ficou marcado pela polémica que o antecedeu. 

Ainda antes do filme do jogo, uma palavra para o público. Os adeptos responderam ao repto de Daniel Ramos na conferência de imprensa de antevisão ao encontro. O treinador tinha dito que a equipa precisava do público «mais do que nunca», devido às baixas no plantel: os açorianos foram para jogo com apenas quinze jogadores devido ao surto de covid-19 que assola o plantel dos açorianos. 

Circunstâncias que levaram o Santa Clara a pedir o adiamento do jogo, pedido justificado também com a presença na Liga Conferência Europa (os açorianos jogaram quinta-feira passada na Eslovénia e jogam na próxima quinta com o Partizan nos Açores), pedido rejeitado pelo Moreirense. A polémica instalou e seguiram-se acusações entre os dois clubes.

No jogo que importa, a equipa de Daniel Ramos entrou com a corda toda. Logo aos 20 segundos, uma grande oportunidade de golo: excelente abertura de Costinha e Carlos Júnior isolado atirou à malha lateral. 

O Moreirense conseguiu suster a entrada mandona dos açorianos, mas a equipa da casa continuou a carregar. O Santa Clara deixava claro que queria resolver o encontro na sua fase inicial. Aos 16 minutos, num lance de bola parada, Villanueva esteve perto de fazer um golaço de cabeça, mas Pasinato voou para evitar o golo do central venezuelano. 

Mas o fôlego inicial acalmou e com o passar do tempo o jogo passou a ser disputado a um ritmo baixo. As equipas arrastaram-se até ao intervalo. O Moreirense com uma linha de cinco atrás, procurando o jogo físico; o Santa Clara, com mais bola, a procurar imprimir velocidade e a explorar o espaço entre linhas, mas a apresentar sempre dificuldades no último passe. 

Contudo, o primeiro tempo não ia acabar sem mais uma contrariedade para a equipa açoriana. Costinha teve de sair lesionado aos 45+3, tendo sido rendido por Ricardinho. 

O segundo tempo abriu como o primeiro: 51 minutos e Carlos Júnior dentro da área voltou a rematar forte para a malha lateral. Um minuto depois, nova tentativa dos açorianos. Desta vez o remate de Ricardinho saiu por cima da baliza. 

A persistência do Santa Clara ia dar frutos. Aos 57 minutos, lançamento longo na ala esquerda, cabeceamento de João Afonso nas alturas e Carlos Júnior, veloz dentro da área, encostou para o fundo das redes contrárias. Estava inaugurado o marcador. Explosão de alegria nas bancadas. 

Embalado pelo golo e pelo apoio dos adeptos, o Santa Clara não desistiu de atacar a baliza contrária. Aos 67 minutos, João Afonso teve tudo para fazer o segundo golo, mas cabeceou ao lado. 

O encontro já estava difícil para o Moreirense, mas ficou ainda mais complicado aos 76 minutos com o vermelho direto de Rodrigo Conceição, três minutos após ter entrado. A equipa de João Henriques teve sempre dificuldades em criar perigo junto da baliza açoriana.

Por outro lado, aos 81 minutos, Carlos Júnior teve nos pés uma grande oportunidade para ‘matar’ o jogo, mas atirou ao lado. E já diz o ditado: quem não marca sofre. E assim foi. Aos 90 minutos, através de uma grande penalidade, após falta de João Afonso, Yan Matheus empatou o jogo. 

Mas os ditados também existem para ser contrariados. Pouco depois, mais uma grande penalidade, mas essa a favor do Santa Clara. Aos 94 minutos, Carlos Júnior atirou para o fundo das redes.

Mas o jogo, além de impróprio para cardíacos, foi disputado até ao último segundo. Aos 90-10, o Moreirense iria conseguir o empate através de uma cabeçada de André Luís. Não havia tempo para mais. Jogo de loucos nos Açores!