O Rio Ave venceu o Nacional na Madeira (1-2), com uma reviravolta consumada nos minutos finais, mas não conseguiu melhor que terminar a Liga na 16.ª posição, tendo de disputar um playoff com o terceiro classificado da II Liga. Foi assim um final de tarde triste para as duas equipas, já que o Nacional entrou em campo com a despromoção confirmada.

No jogo de despedida do Nacional da Liga, o Rio Ave jogava ainda com a esperança de poder fugir à despromoção e ao playoff de manutenção. A tarefa não era fácil, já que os rioavistas não dependiam apenas de si mesmos, mas esperava-se um jogo aberto. Por um lado, uma equipa sem nada a perder, que procurava sair com dignidade, e por outro, uma equipa aflita, em busca da salvação.

O Rio Ave ganhou um canto logo no primeiro minuto, mas o lance estudado não deu resultados. No minuto seguinte, o Nacional procurou responder, mas a bola saiu prensada, e pouco depois a equipa de Vila do Conde podia ter inaugurado o marcador. Alhassan perdeu a bola em zona perigosa para Guga, que serviu Carlos Mané, na cara de António Filipe. Valeu a mancha do experiente guarda-redes, a ceder pontapé de canto.

Depois do frenesim inicial, o jogo retomou algum equilíbrio no meio campo, isto até aos 10 minutos, quando Róchez, conseguiu segurar a bola em sua posse, mas o cruzamento rasteiro não encontrou vivalma.

Estava dado o aviso da equipa da casa, e volvidos poucos segundos, Dudu desembaraçou-se de um adversário, antes de rematar bem, na frente de Kieszek, para o fundo das redes. Com o Nacional na frente, e um resultado que deixava o Rio Ave em maus lençóis, os vila-condenses viram-se obrigados a correr atrás do prejuízo.

Os homens de Miguel Cardoso subiram no terreno, e no espaço de dois minutos, somaram três remates perigosos. Primeiro aos 15 minutos, Carlos Mané chutou rasteiro, com a bola a sair bem perto do poste. Logo a seguir, Meshino rematou e António Filipe desviou para o poste, antes de aparecer Ivo Pinto a fazer a recarga. Valeu, novamente, o guarda-redes do Nacional a evitar o golo com uma enorme defesa.

O Rio Ave tentava aumentar a pressão sobre o Nacional e imprimir intensidade no jogo, mas com poucos efeitos, à medida que os alvinegros iam dando conta do recado.

Aos 39 minutos, Meshino driblou os defesas contrários antes de rematar rasteiro, com a bola a sair não muito longe da baliza. Depois, aos 41 minutos, António Filipe brilhou numa defesa vistosa a um cabeceamento de Borevkovic.

Ao intervalo, o filme do encontro mostrava que no aproveitar é que estava o ganho. O Nacional, equipa ao longo da época tantas vezes penalizada pela dificuldade em concretizar as oportunidades, fora, neste primeiro tempo, exemplar na eficiência ofensiva. Por outro lado, o Rio Ave revelava muitas dificuldades para capitalizar, apesar de ter praticamente dominado toda a partida desde o golo, jogando nitidamente sobre brasas.

No reatamento, regressaram as equipas com a mesma toada: um Nacional mais expectante e cauteloso, à espera de um Rio Ave mais interventivo. E logo aos 48 minutos, Carlos Mané guiou bem a jogada vilacondense, antes de Ivo Pinto rematar para fora.

O Rio Ave já justificava algo do jogo e aos 51 minutos, na cobrança de um pontapé de canto, Aderllan Santos fez, de cabeça, o golo do empate, que tranquilizava um pouco mais os rioavistas. Os homens de Miguel Cardoso continuavam por cima e partiram, desde logo, para o ataque em busca da reviravolta.

Aos 56, cruzamento de Dala na direita, Pedro Amaral surge a entrar na grande área pela esquerda, mas António Filipe defendeu um remate com selo de golo. Na resposta, aos 58 minutos, Riascos fez a diagonal pela direita, atirando com intenção e com o esférico a rasar as malhas superiores.

Tudo se parecia inclinar em favor do Rio Ave, que seguia mais ativo na busca do segundo golo, e à passagem da hora de jogo, Carlos Mané entrou bem na grande área, rematando para uma boa defesa de António Filipe. Gélson Dala procurava a recarga, mas não conseguiu chegar à bola.

Já com Gorré e Rúben Micael – que entrava para a despedida aos relvados – em campo, o Nacional conseguiu recomeçar a subir no terreno, mas sempre com pouca clarividência. Pelo outro lado, o Rio Ave ainda procurava o golo que salvaria a equipa de disputar o play-off de despromoção.

O Nacional ia segurando o empate, muito graças a uma exibição competente da sua linha defensiva, e mais ainda do seu guarda-redes, mas um lance duvidoso, no interior da grande área alvinegra levou Artur Soares Dias a consultar o VAR. O árbitro tinha inicialmente apontado para a marca dos 11 metros, mas corrigiu a decisão.

Miguel Cardoso procurava empurrar a equipa para a frente, mas a reação do Rio Ave era praticamente nula e, ao invés, era o Nacional quem atacava, a espaços, com algumas situações que mereciam melhor aproveitamento. Aos 90 minutos, Rúben Micael encheu o pé, e de fora da área, rematou no sentido da baliza de Kieszek, com a bola a não passar muito longe do travessão.

Na resposta, Juninho Brandão teve nos pés uma ocasião de ouro para dar a volta, mas na retina ficou um falhanço incrível. O golo estava mesmo para chegar, todavia, e aos 94 minutos, Carlos Mané marcou de cabeça para consumar a reviravolta.

Com o apito final, pouco tempo depois, selava-se uma vitória com sabor agridoce da parte do Rio Ave, que não se livrou do lugar de playoff, que será disputado com o terceiro classificado da II Liga. Já para os homens da casa, uma despedida triste, com a derrota a chegar já nos descontos.