Dois peixes novatos seguiam o seu percurso. Na direção oposta, um peixe mais velho cumprimentou-os e, gentilmente, perguntou-lhes como estava a água. Um dos peixes, novato claro está, ficou a processar a interpelação do peixe graúdo, até que perguntou para o amigo o que era, afinal… a água. A história está num livro de ensaios do escritor David Foster Wallace. É uma parábola sobre a importância de aprender a pensar.

Como os dois peixes novatos, Estoril e Penafiel também estão numa fase didática. Uma nova fase, com novos treinadores, de aprendizagem de métodos depois dos anteriores não terem sido bem sucedidos na missão de ensinar o maior propósito do jogo: ganhar.

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Se à entrada para a 26.ª jornada os durienses somavam apenas quatro triunfos na Liga, o Estoril não conhecia o sabor da vitória desde há oito jogos e 56 dias.

E no António Coimbra da Mota, palco de um jogo entre duas equipas que procuravam desesperadamente o trilho das vitórias, a equipa da Linha tentou assumir a partida, mas foi sentindo muitas dificuldades para chegar ao último terço do terreno com a bola controlada.

Quase sempre muito bem arrumada defensivamente, a equipa de Carlos Brito (de regresso aos palcos da Liga três anos depois) chegou à vantagem aos 12 minutos. O árbitro Tiago Martins entendeu que Diogo Amado tocou deliberadamente com a mão na bola dentro da área e apontou para marca da grande penalidade, que Guedes não desperdiçou.

O Estoril cresceu e criou alguns lances de perigos, quase todos com o selo de Balboa, em muito bom plano nos primeiros 45 minutos, e chegou ao empate através de Tozé, que bateu com sucesso novo penálti assinalado, desta vez por precipitação de Quiñones, que rasteirou Léo Bonatini.

Já diz a sabedoria popular que não há duas sem três e bastou esperar cinco minutos para o árbitro voltar a apontar para o castigo máximo. Guedes bisou e levou os penafidelenses em vantagem para o intervalo.

Estoril atrás do prejuízo e Penafiel a marcar

O Estoril regressou dos balneários disposto a inverter o rumo dos acontecimento, mas foram os durienses a chegarem ao golo. Vagner largou uma bola aparentemente fácil e Quiñones só precisou de encostar para o terceiro do Penafiel.

Fabiano Soares arriscou (quase) tudo logo a seguir. Lançou Babanco e Arthuro para os lugares de Emídio Rafael e Matías Cabrera e intensificou o cerco à área adversária, desguarnecendo o sector defensivo. Guedes, primeiro, e André Fontes, na recarga, falharam o quarto para os penafidelenses e, logo a seguir, Léo Bonatini reduziu para os estorilistas aos 70 minutos, que ainda foram a tempo de evitar a derrota. Já dentro dos últimos cinco minutos, Rúben Fernandes acabou por evitar, de cabeça, a derrota da equipa da casa.

O resultado, esse, está longe de agradar aos dois lados. O Estoril eleva para oito os jogos sem vitórias. Já o Penafiel mantém-se como lanterna vermelha, agora com 17 pontos e o objetivo da manutenção cada vez mais comprometido.

Estes dois peixes ainda têm muito que aprender.