Quando o conforto e a confiança de uma ideia resultam em bons resultados e pontos, é difícil que a urgência e a aflição de quem mais precisa de os somar impere. Foi assim em Santa Maria da Feira, este sábado.

O Moreirense acentuou o que tem sido a época mais notável da sua história na Liga e impôs uma derrota - mais uma - ao Feirense, no Estádio Marcolino de Castro. Diferenças táticas, mas também técnicas, resultaram em mais três pontos e num novo recorde de vitórias para os minhotos na Liga: 13.

Mas nem tudo foi fácil para uma equipa que chegou aos três golos de vantagem 55 segundos após o intervalo. O Feirense reagiu bem, reduziu por Briseño e colocou bolas suficientes na baliza contrária para vencer: João Silva viu dois golos anulados em outros tantos minutos e Sturgeon mais um.

O quinto classificado cedo mostrou ao que estava disposto e ainda muito público ocupava posto nas bancadas, quando Chiquinho, homem do jogo, apanhou o lugar da vantagem, aos 49 segundos, contando um remate desviado a trair André Moreira.

Aliás, o Moreirense beneficiou de duas entradas de rompante em cada parte, ao marcar pelo médio português no primeiro minuto de cada uma delas.

Animicamente, não podia ser pior para uma equipa que chegava a este jogo com 20 jornadas seguidas sem vencer. Por isso – e muito mais – o Moreirense cresceu e consolidou os processos desejados: pressão forte ao homem da bola, coesão interior a defender e transições velozes com largura. Isso, espelhado numa uma incapacidade generalizada do Feirense em construir bem e com rapidez, foi quanto-baste para os cónegos levaram a missão a bom porto.

Feirense-Moreirense: a ficha e o filme do jogo

As oportunidades minhotas não foram de estranhar e Chiquinho e Heriberto quase dobraram a vantagem. Do outro lado, o Feirense só se mostrou a partir da meia hora. Mas sem afinco. O calcanhar de Petkov era espelho da inconsequência.

Pior ficaria o Feirense quando Arsénio teve espaço, tempo e engenho para um golaço em cima do intervalo: remate sublime em arco a dobrar a vantagem do Moreirense (43’). Mais ainda no reatamento, quando Chiquinho bisou, após erro de André Moreira.

Se a missão parecia cumprida, o Feirense tratou de não ter nada a perder e a cabeça de Briseño colocou a equipa no lugar e o 1-3 no marcador, a canto de Tiago Silva (53’), quando já Texeira tinha tido o quarto golo cónego nos pés.

O tento empolgou os fogaceiros e só os fora de jogo tramaram uma recuperação épica. João Silva viu dois golos anulados em dois minutos por posição irregular, o que também aconteceria a Sturgeon. Tiago Silva ainda remataria à barra.

O Moreirense sentiu o crescimento contrário e teve dificuldade em estabilizar jogo. Ivo Vieira pedia consequente encurtamento de espaços. E, melhor ou pior, a equipa não deixou que o Feirense encurtasse a desvantagem, nem a diferença para a zona de manutenção. A que pode ficar mais longe para os lados da Feira ao fim da ronda. Meio ano sem ganhar na Liga, não é para mais.