O FC Porto teve tudo para dobrar calmamente o Ave e manter-se na rota para o Eldorado, leia-se bicampeonato. O campeão nacional esteve a vencer por 2-0 e acabou por naufragar mesmo no fim da travessia.

Pese embora o empate, dragões isolaram-se no primeiro lugar, aguardando o que o Benfica vai fazer em Braga para saberem se ficam à deriva na segunda posição ou em primeiro.

A viagem da 31.ª jornada teve Brahimi como comandante da embarcação azul e branca durante cerca de setenta minutos. O Rio Ave entrou bem no jogo, pressionou alto e assinou um par de saídas interessantes. A melhor dessas transições foi conduzida por Gabrielzinho e resultou num disparo por alto de Bruno Moreira (7’).

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Depois apareceu o argelino com a cartografia pormenorizada para chegar a bom porto. Ou pelos menos assim parecia. O extremo azul e branco iniciou e concluiu a jogada que resultou no 0-1: deu para Otávio na direita e surgiu na área, entre Borevkovic e Junio, a cabecear para o golo inaugural.

Os vila-condenses sentiram o golo sofrido, visto que este surgiu no primeiro remate que concederam à baliza. O risco de afundar era elevado e aumentou de probabilidade volvidos quatro minutos. Lançamento de linha lateral efetuado por Corona, Militão desviou e Ruben Semedo cortou para os pés de Marega. O maliano rematou, a bola bateu em Junio e traiu Leo Jardim (22’).

Após um arranque prometedor, no qual se destacou Gabrielzinho, o Rio Ave ficou um pouco sem rumo e à mercê do FC Porto que viu Marega (34’) permitir a defesa a Leo e, de seguida, Brahimi acertou em cheio no maliano em zona privilegiada.

O conjunto de Daniel Ramos apenas voltou a remar contra a maré nos minutos finais da primeira parte. Arregaçou as mangas, deu aos braços e às pernas e, após uma mão cheia de ameaças, salvou-se, evitando o afogamento. Pareciam autênticos homens da Ilha de Ferro (os fãs de Game of Thrones vão entender).

Ainda antes do intervalo, como já escrito, o Rio Ave esboçou reação aos dois golos sofridos. Pepe evitou um remate certeiro de Nuno Santos (45’) e na sequência da jogada, Tarantini desviou de cabeça junto ao poste direito da baliza de Casillas.

Quiçá ainda com o discurso de Daniel Ramos na cabeça, a formação de Vila do Conde entrou melhor que o adversário na etapa complementar e ficou perto de reduzir ainda nos primeiros dez minutos. Bruno Moreira teve uma perdida incrível (49’) e Casillas negou o golo a Dala, após uma perda de bola dos azuis e brancos no meio-campo (52’).

O FC Porto apresentou-se intranquilo, sobretudo para quem vencia por 0-2. Houve falhas de comunicação, erros primários, enfim, tudo o que não é normal na equipa de Conceição. Os dragões não foram acutilantes e ficou sempre a impressão que a probabilidade de 1-2 era igual à do 0-3 . A única jogada de golo iminente foi protagonizada por Brahimi que isolado, permitiu o corte a Borevkovic (53’).

Daniel Ramos mexeu quando sentiu a equipa a cair. A vinte minutos do final, Jambor e Ronan foram a jogo e o Rio Ave voltou a dar sinais de melhorias. Exemplo do crescimento verde e branco foi o tiraço de Filipe Augusto que deixou a trave de Casillas a abanar (73’).

Quando o período mais difícil da travessia parecia feito, o FC Porto sofreu o 1-2. Isolado por Gelson Dala, Nuno Santos teve classe e frieza quanto baste para picar a bola sobre Casillas. Ainda faltavam cinco minutos e o Rio Ave entregou-se ao escasso tempo que restava com tudo o que tinha. E foi feliz, no fundo. Ronan disparou forte à entrada da área, Telles desviou e traiu o guarda-redes portista (90’).

Não se pode dizer que o desfecho da viagem seja injusto, mas é seguro que a embarcação do FC Porto foi a que terminou em pior estado.