«Pasito a pasito», como dizia o grande sucesso do portorriquenho Luis Fonsi, o Belenenses vai encurtando a distância para a garantir mais um ano no primeiro escalão. Esta segunda-feira a equipa de Petit bateu o Gil Vicente com uma reviravolta no marcador alcançada já em tempo de compensação. Um jogo que começou com um céu escuro e intensa chuva, mas que acabou com um sol brilhante e um céu azul.

Duas equipas com percursos muito semelhantes na Liga que chegavam a esta altura da temporada com os mesmos 31 pontos, portanto, muito perto de garantir a continuidade no primeiro escalão. Duas equipas que vinham a somar pontos nas últimas rondas e frente a adversários bem complicados. Recordamos que o Belenenses, já depois de ter empatado em Braga, foi também empatar a Alvalade, frente ao líder (2-2), na última ronda. A equipa de Barcelos, também vinha de uma série de quatro vitórias nos últimos seis jogos, incluindo o triunfo na Luz que deixou o Benfica em choque.

Foi, portanto, um embate entre duas equipas muito tranquilas, mas que podiam antecipar o principal objetivo da temporada nesta tarde chuvosa de segunda-feira. O Gil Vicente entrou mais forte face à postura habitual do Belenenses que prefere organizar-se primeiro em termos defensivos, para depois ver por onde pode crescer no jogo. Não foi preciso esperar muito para a equipa de Petit começar a subir no relvado, desta vez com Phete adaptado a central, a cobrir a ausência de Gonçalo Silva, mas de resto com a mesma equipa que tinha surpreendido o Sporting.

Uma subida no terreno, feita em esforço, debaixo de intensa chuva, muita luta no centro do terreno e muitas faltas [só na primeira parte as equipas médicas entraram no relvado por quatro vezes).  Mas a verdade é que, aos poucos, os azuis de Petit foram-se instalando no meio-campo do Gil Vicente a primeira grande oportunidade foi mesmo de Miguel Cardoso, com um remate em arco da esquerda que passou muito perto do segundo poste.

O Gil Vicente procurava espaços para tirar proveito da velocidade de Kaita Fujimoto e Lourency, sobre as alas, mas só conseguiu criar perigo na marcação de um pontapé de canto, com Victor Carvalho a cabecear para defesa apertada de Kritcyuk. Era o Belenenses que estava por cima do jogo, mas foi o Gil Vicente que acabou por chegar ao golo, numa altura em que estava reduzido a dez, com Rodrigão a receber assistência junto à lateral. Joel Pereira recuperou uma bola e lançou Pedro Marques. Kritcyuk saiu da área para cortar caminho ao avançado, mas Pedro Marques conseguiu contornar o russo e, já em desequilíbrio, ainda conseguiu rematar para as redes vazias.

A bandeirola estava levantada, mas os jogadores receberam desde logo a informação, a partir do banco, que o golo tinha sido legal, mesmo antes de Tiago Martins o confirmar com o VAR. Bola ao centro e Pedro Marques quase bisou, num lance em que voltou a contornar Kritcyuk mas, desta vez, de ângulo mais apertado, atirou às malhas laterais. Logo a seguir chegou o intervalo, numa altura em que a chuva começava a dar lugar a um céu azul.

Podia ser um sinal auspicioso para a equipa da casa, mas Petit preferiu não deixar o destino em mãos alheias e promoveu, desde logo, uma alteração, abdicando de Phete, para lançar Francisco Teixeira. O Belenenses passou a jogar em 4x3x3 e a aposta do treinador teve efeitos quase imediatos. Canto da direita marcado por Francisco Teixeira, a defesa do Gil ainda afastou, mas Afonso Sousa, com um remate forte e rasteiro, restabeleceu o empate.

O Gil Vicente cresceu logo nos instantes que se seguiram ao empate, subindo as suas linhas e pressionado mais perto da área de Kritcyuk, com uma série de boas oportunidades para recuperar a vantagem, com a equipa a assimilar bem as alterações promovidas por Ricardo Soares, com Talocha e Léautey a entrarem bem no jogo. Rodrigão obrigou Kritcyuk a defesa apertada, com a bola a ir ao poste e, logo a seguir, Leáutey também deixou a baliza do russo a abanar, com mais um pontapé que foi ao ferro.

Nesta altura, Petit procurava reequilibrar a sua equipa, prescindindo de Cassierra e Silvestre Varela, já em evidentes dificuldades físicas, para lançar Bruno Ramires e Jordan Van der Gaag. O Belenenses ainda passou por novos calafrios, mas a verdade é que acabou por encontrar um equilíbrio e acabou por chegar à importante vitória nos instantes finais do jogo. Grande passe de Afonso Taira, boa receção de Francisco Teixeira na área para depois rematar rasteiro para o golo da reviravolta. Um golo muito festejado pelo jovem esquerdino que esta segunda-feira completou 23 anos.

Um golo que permite ao Belenenses chegar à marca dos 34 pontos que, nos últimos anos, tem sido suficiente para garantir a manutenção.