O Boavista voltou a vencer oito jornadas depois com uma reviravolta espetacular na Amoreira a quebrar a maldição dos empates que marcaram as últimas rondas. Tem sido sempre assim, os axadrezados dão vantagem ao adversário, depois vão atrás do prejuízo, mas desta vez conseguiram mesmo virar o resultado e somar três importantes pontos. O Estoril, depois de uma boa recuperação, está agora novamente em quebra com a segunda derrota consecutiva.

Grande festa dos «axadrezados» que conseguiram, finalmente, quebrar uma sequência terrível, marcada por sete empates, intervalados com uma derrota. Dois adversários que se apresentaram com onzes reformulados face às «baixas» provocadas nos jogos com os grandes na ronda anterior, em que os canarinhos perderam com o Sporting, em Alvalade, e os axadrezados empataram, no Bessa, com o Benfica.

Bruno Pinheiro teve de improvisar no lado esquerdo da defesa, com o senegalês Coly, com apenas dois jogos esta época, a render o castigado Joãozinho, e Leonardo Ruiz a render André Clóvis no ataque. Mas a grande surpresa foi a ausência de André Franco, a grande figura da equipa esta época, que começou o jogo no banco, entregando a «batuta» do meio-campo e Xico Geraldes. Muitas mexidas também no Boavista com Petit face aos castigos de Hamache, Seba Pérez e Gorré.

Foi o Estoril que se adaptou melhor à reformulação, entrando em campo com um bloco muito subido e colocando muitas dificuldades à defesa do Boavista. A equipa de Bruno Pinheiro cortou o campo para metade, colocando a linha defensiva sobre o meio-campo e instalando-se por completo no meio-campo «axadrezado», procurando depois a profundidade pelas alas, com o espanhol Mboula, uma das novidades no onze canarinho, muito ativo no flanco direito.

O Boavista tentava sair com a bola controlada, mas atrapalhava-se quase sempre, com tantos adversários na sua zona de construção e permitia a recuperação de bola do Estoril. No meio desta intensa pressão chegou o golo do Estoril, com alguma polémica, uma vez que foi prontamente anulado por um dos auxiliares de Hugo Silva. Uma jogada de envolvência, com o lance a começar a ser desenhado sobre a direita, trabalhado por Mboula e Geraldes, até David cruzar para o segundo poste onde surgiu Vital, de cabeça, a fazer um chapéu bem medido a Bracali. Seguiu-se uma longa espera, com o árbitro a conferenciar com o VAR, por mais de cinco minutos, ao som de assobios das bancadas, até confirmar o golo para os canarinhos.

O Boavista procurou reagir de pronto, subindo também as suas linhas, procurando, numa primeira fase, abrir o jogo pelas alas, mas foi pelo meio que acabou por chegar ao empate, dez minutos depois de confirmado o golo do Boavista. Um grande passe de Gustavo Sauer pela zona central permitiu a Musa invadir a área pela direita para depois bater Dani Figueira com um remate cruzado.

O Estoril tentou depois recuperar o ascendente que tinha evidenciado no início do jogo, mas tinha agora pela frente um Boavista mais estabilizado e a crescer no jogo a olhos vistos. Abascal e Maloua conseguiram equilibrar o meio-campo e, finalmente, estabeleceram a ligação com o trio ofensivo. Até ao intervalo foi o Boavista que esteve por cima do jogo, com algumas transições rápidas do Estoril pelo meio, quase sempre pelos pés do endiabrado Mboula.

A segunda parte começou como acabou a primeira, com o Boavista por cima, a investir por todos os lados e a chegar rápido ao golo, de bola parada. Livre de Gustavo Sauer, que já tinha estado na origem do primeiro golo, sobre a direita e cabeçada na área de Abascal. Ainda os adeptos do Boavista estavam a festejar e já Hugo Silva estava a apitar para um penálti na área de Bracali. Remate forte de Rosier e corte com a mão de Luís Santos. Indiscutível. Na marca dos onze metros, Leonardo Rui restabeleceu o empate.

O jogo seguiu tenso, com as duas equipas a tentarem chegar à vantagem, com oportunidades nas duas balizas. Arthur esteve perto de marcar para o Estoril.com um remate fora da área que passou a rasar o poste, mas foi o Boavista que marcou, a cinco minutos dos noventa. Cruzamento de Abascal e cabeçada de Luís Santos, com muitas culpas para a defesa do Estoril.

O Boavista tinha a vitória nas mãos e, desta vez, não a ia deixar fugir. O Estoril ainda tentou tudo para chegar a novo empate, mas Petit foi gerindo o ritmo a partir do banco, com substituições a conta-gotas e acabou por garantir a vitória que há tanto tempo almejava.