A diferença esteve no fato. Com indumentária de gala no banco de suplentes Lito Vidigal conduziu o Moreirense ao triunfo na receção ao Estoril (1-0). A sua primeira vitória ao fim de quatro jogos no comando técnico do Moreirense, o primeiro triunfo dos cónegos na Liga depois de mais de três meses de jejum.

Respirou-se fundo em Moreira de Cónegos. O tento solitário de Rafael Martins foi suficiente para saltar para fora da linha de água e afugentar fantasmas, como aquele que se fez sentir em Mafra com a eliminação da Taça de Portugal. Também eliminado da prova rainha, o Estoril averbou terceiro jogo consecutivo sem vencer. Os canarinhos tiveram identidade, faltou maior capacidade de execução.

Com um encontrão à entrada área, que resultou num passe açucarado de calcanhar o Moreirense lá amealhou os três pontos, de forma pouco laborada e com mais pragmatismo de que virtuosismo. Lito com o seu smoking não terá pedido outra coisa.

Turbulência mais eficaz que a ideia de jogo

Com estilos de jogo completamente distintos, o Estoril, uma das sensações da Liga, desde cedo tentou chamar a si o protagonismo do jogo. Com um futebol de posse, trabalhado e a tentar atrair os cónegos ao seu engodo, a equipa de Bruno Pinheiro fez por colocar em prática a sua imagem de marca desta época.

Num turbilhão de emoções, com um treinador ainda sem saber o que é vencer e após uma eliminação humilhante na Taça de Portugal, os cónegos mais do que qualquer objetivo precisavam de vencer: para fugir aos últimos lugares, para voltar a somar três pontos mais de três meses depois, e para a equipa não cair em descrédito.

Foi na base da crença e espicaçado pelo orgulho ferido que o conjunto de Lito Vidigal se apresentou em campo. Exemplo disso mesmo é a forma como se pôs em vantagem no jogo quando estava decorrida meia hora. Walterson esbarra-se em Yan à entrada da área, que de calcanhar isola Rafael Martins para o remate cruzado com selo de golo.

Kewin e o ferro seguram os três pontos

O segundo tempo foi, como se esperava, dominado pelo Estoril. O cânone futebolístico assim o dita. O Moreirense procurou cedo um golo que desse a tranquilidade, mas Dani Figueira a meias com a trave evitou o segundo da equipa de Moreira de Cónegos.

Não conseguiu ampliar a vantagem o Moreirense, submeteu-se depois à pressão canarinha. Kewin Silva cresceu entre os postes e fez diversas defesas dignas de registo, segurando a vantagem. Quando não estava lá Kewin, o poste serviu de escudo para os cónegos. Meshino entrou no decorrer do segundo tempo para ver ferro devolver-lhe um lance de golo feito.

Entre cruzamentos e momentos de aflição, resistiu o Moreirense. Três meses depois volta a saber o que é ganhar na Liga, prevalecendo o golo de Rafa Martins, o tal em que os colegas até de esbarraram antes de o isolar. Um pormenor que pouco importa para o Moreirense, que ganha um balão de oxigénio.