FC Porto e Sporting perderam pontos na mesma jornada pela segunda vez esta época e o líder Benfica, que abriu a ronda 9 a vencer o Paços Ferreira, aumentou a vantagem sobre os rivais para, respetivamente, cinco e sete pontos. São doze pontos no total para os dois adversários, uma diferença grande, mas não inédita nos últimos anos na Liga. Uma diferença que é obviamente relevante, mas que acontece também demasiado cedo ainda para adivinhar desfechos.

Basta recordar a época passada para os factos reforçarem a ideia de que, com menos de um terço do campeonato jogado, muita coisa pode mudar, mesmo com diferenças grandes nesta fase. Sendo que nesta época isto acontece precisamente antes do clássico entre FC Porto e Benfica, o primeiro clássico da época para os encarnados, marcado para o próximo domingo. Sporting e FC Porto já se defrontaram em Alvalade, com os leões a vencerem por 2-1. 

Há um ano o Sporting liderava por esta altura com 23 pontos. O FC Porto tinha 21 e o Benfica fecharia a jornada 9 com 16, embora só tivesse acertado calendário em dezembro, num nulo com o U. Madeira que estava em atraso da 7ª jornada. Portanto, o Sporting tinha sete pontos de vantagem para o Benfica à 9ª jornada, mas os «encarnados» acabaram por ser campeões.

Nas últimas duas décadas, aliás desde que as vitórias passaram a valer três pontos (a partir de 1995/96), aconteceu por quatro vezes o líder chegar ao fim da nona jornada com vantagens de dimensão semelhante ou superior sobre os rivais. Das duas vezes em que isso aconteceu de forma clara o FC Porto segurou a vantagem. Nas outras duas aqui contempladas as coisas foram diferentes.

Em 2010/11, o FC Porto, então orientado por André Villas-Boas, não vacilou. Chegou a esta altura da época com os mesmos 25 pontos que tem agora o Benfica, contra 18 das águias e 15 dos leões. Sete mais dez pontos de vantagem, 17 no total, que, somados a um resto de campeonato sólido, garantiram aos dragões um campeonato tranquilo e um título com enorme vantagem sobre os rivais: 84 pontos contra 63 do Benfica, segundo, e 48 do Sporting, terceiro.

Em 2003/04, o FC Porto de José Mourinho, que seria campeão europeu nessa época, terminou a 9ª jornada com 25 pontos, 14 de vantagem somando os dois rivais: 7 para o Benfica e 7 para o Sporting. Também manteve a lógica até ao fim, terminando campeão com 82 pontos, contra 74 do Benfica e 73 do Sporting.

As exceções aconteceram em campeonatos atípicos. E com uma nuance em 2000/01, apenas um dos dois campeonatos que não foram ganhos por um dos chamados «grandes» na história da Liga. A jornada 9 terminou com o FC Porto na frente com 24 pontos, seguido do Sp. Braga, com 20. O Sporting era terceiro, com 19, e o Benfica estava no sétimo lugar, com 15. Ou seja, se a diferença para os rivais tradicionais, somada, era de 14 pontos, se contarmos o Sp. Braga a vantagem para os perseguidores era na realidade menor. E ali pelo meio estava o Boavista, com 18 pontos. Sendo que os axadrezados acabaram mesmo por ser campeões no final.

Em 2005/06, outro campeonato que fugiu à norma. O líder por esta altura, destacado, era o Sp. Braga. Tinha 23 pontos, contra 18 do FC Porto, que era segundo, em igualdade pontual com o Nacional. O Benfica, quarto, tinha 17 pontos. E o Sporting, na oitava posição, tinha 14. Mas no fim o cenário mudou muito. O FC Porto de Co Adriaanse acabou por ser campeão, com o Sporting segundo, o Benfica terceiro e o Sp. Braga quarto.

Neste período o Benfica não só não teve nunca por esta altura uma vantagem tão grande do seu lado, como nunca fechou a ronda 9 com os 25 pontos que tem atualmente. Esta é a melhor pontuação do Benfica nesta fase da época em mais de 20 anos.

Aliás, na era da vitórias a três pontos só aconteceu por quatro vezes uma equipa chegar a esta fase apenas com dois pontos perdidos. Em três delas foi o FC Porto e foi sempre campeão: 95/96, 2003/04 e 2010/11. A outra é a exceção. Em 2009/10 o Sp. Braga fechou a ronda 9 na frente com 25 pontos, mas não chegou. No fim foi campeão o Benfica, no primeiro ano de Jorge Jesus na Luz.