Um domingo quase perfeito para Roger Schmidt. O treinador alemão arriscou uma mudança radical do onze na semana em que o Benfica vai jogar a qualificação para as meias-finais da Liga Europa e ganhou em toda a linha. Venceu o Moreirense de forma clara, manteve a diferença pontual para o Sporting, poupou jogadores para quinta-feira e reforçou a moral da equipa antes do decisivo jogo no Vélodrome. Álvaro Carreras fez a melhor exibição da temporada, Kökçü brilhou na sua posição preferida, Tiago Gouveia encheu o campo e Rollheiser entrou para fechar a noite com o primeiro golo de águia ao peito. A Luz acabou o jogo a aplaudir. 

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A revolução de Schmidt começou na baliza, com o regresso de Samuel Soares, sete meses depois do último jogo, deixou apenas Alexander Bah na defesa, João Neves no meio-campo e David Neres no ataque. De resto, tudo novo, com Tomás Araújo e Morato no eixo defensivo, Álvaro Carreras à esquerda (estreia a titular na Liga), João Mário ao lado de Neves, Tiago Gouveia, Kökçü e Athur Cabral no ataque.

Foi com este novo onze que o Benfica começou o jogo, de forma pausada, começando a trocar a bola atrás, para depois ir subindo em bloco, com todas as linhas, até junto da área do Moreirense. A equipa de Rui Borges aceitou o desafio, deixando, numa fase inicial, espaço para o Benfica subir, procurando depois responder com transições rápidas.

Estavam traçadas as linhas do jogo quando Kokçü, aos 18 minutos, arrancou pelo corredor central, foi por ali fora, combinou com Tiago Gouveia e desferiu um remate com o pé esquerdo. Kewin ainda chegou à bola, mas não conseguiu evitar o o primeiro golo da noite. A Luz quase veio abaixo, mas o turco, que protagonizou um desentendimento com o treinador há umas semanas, não festejou.

Logo a seguir, Kökçü, desta vez a jogar na posição preferida, tentou novo remate do corredor central, mas desta vez Kewin segurou. O Moreirense, em reação ao golo, subiu as suas linhas e começou a pressionar o Benfica mais alto, colocando, desde logo, muitos problemas à saída de bola dos encarnados. Foi neste período que Samuel Soares foi protagonista no jogo, por nervosismo ou excesso de confiança, quase proporcionou o empate. Depois de um erro, de uma hesitação, o jovem guarda-redes acabou aplaudido pelas bancadas da Luz e acabou por recuperar confiança.

Mas a verdade é que o Moreirense estava a crescer no jogo e isso ficou bem patente quando Alan rematou ao poste e silenciou a Luz. O Benfica voltou a acordar e, na resposta, Arthur Cabral ficou a centímetros de um dos melhores golos da temporada, com uma bomba com o pé esquerdo de fora da área que embate com estrondo na trave.

Um pontapé que marcou uma nova viragem do jogo, com o Benfica a voltar a crescer e Álvaro Carreras também testou os reflexos de Kewin, com um remate cruzado da esquerda que obrigou o guarda-redes do Moreirense a voar para a defesa da noite. No início do período de compensação, o Benfica acabou por chegar ao segundo golo, na sequência de um canto de David Neres da direita, que proporcionou uma sessão de tiro ao boneco junto ao segundo poste: Tomás Araújo cabeceou, Kewin defendeu, a bola foi à trave, Arthur Cabral, na recarga, acertou no poste e, só à terceira, é que Tiago Araújo atirou a contar.

Um prémio para o jovem central que, momento antes, esteve prestes a abandonar o jogo devido a um toque no tornozelo. O spray milagroso permitiu-lhe ficar mais uns minutos em campo, marcar o segundo golo, mas depois já não regressaria para a segunda parte. A verdade é que o segundo golo proporcionou uma segunda parte bem mais tranquila à equipa de Roger Schmidt na segunda parte.

O treinador alemão promoveu mais uma mini revolução no arranque do segundo tempo, com três alterações de uma assentada, prescindindo de Tomás Araújo, João Neves e David Neres, para lançar António Silva, Florentino e Rolleiser (somava apenas 23 minutos até este jogo).

Uma segunda parte com um Benfica mais maduro, mais confiante e, desta vez, com controlo quase absoluto sobre o jogo. Kökçü, na marcação de um livre, esteve perto de bisar, Tiago Gouveia, sempre muito ativo também teve uma boa oportunidade, numa altura em que o Moreirense já não conseguia responder.

A equipa de Rui Borges, que ainda conseguiu exibir alguma ousadia na primeira parte, esfumou-se e, mesmo com as muitas alterações promovidas pelo treinador, nunca mais se levantou. Era o Benfica que mandava no jogo a seu bel-prazer e o terceiro golo teve nota artística. Grande passe de Tiago Gouveia para as costas da defesa de Moreira de Cónegos onde surgiu Rollheiser, a receber no peito e rematar à meia-volta. Um grande golo do jovem argentino a mostrar, finalmente, os créditos com que chegou à Luz.

Ainda faltavam mais de dez minutos para o final, mas estava feito.

Roger Schmidt rodou a equipa, poupou praticamente todo o plantel, contando com as alterações ao intervalo, e vai poder ir a Marselha, na próxima quinta-feira, na máxima força para lutar por uma das vagas nas meias-finais da Liga Europa.

Tom