A 31.ª jornada da Liga arrancou com um enorme balde de água fria para o Casa Pia que, depois de ter estado a ganhar, concedeu um empate na receção ao Portimonense, no período de compensação, vendo diluir-se a vantagem que o deixava a apenas dois pontos do Vitória, na luta pelo último lugar de acesso à Europa. A festa acabou por ser dos algarvios que, com este empate, garantem, desde já, que na próxima época vão continuar no principal escalão do futebol português.

Um jogo entre duas equipas tranquilas na classificação, já sem qualquer pressão, apenas determinadas em terminar a temporada com a melhor classificação possível. Duas equipas com o mesmo sistema tático, mas com o Casa Pia bem mais rotinado na defesa com três centrais, sobretudo nos corredores, com Lucas Soares e Leonardo Lelo a conseguirem bem mais profundidade do que Moufi e Relvas do lado contrário.

O jogo até começou com uma intensidade interessante, com as duas equipas a atacarem à vez, mas rapidamente engasgou-se, com muitas paragens, com as duas equipas médicas a entrarem por três vezes em campo em poucos minutos. A verdade é que o Casa Pia foi ganhando um certo ascendente sobre o adversário, uma vez que os algarvios perdiam facilmente a bola e deixavam espaços nas suas costas para a resposta dos gansos.

Foi nesta altura que começou a aparecer Godwin, sobre a esquerda, em constantes combinações com Leonardo Lelo, para progredir facilmente sobre a ala, nas costas de Moufi. O nigeriano ensaiou uma investida, experimentou uma segunda e à terceira, já perto do intervalo, ganhou embalo, derivou para o interior da área e cruzou tenso para o remate de primeira de Rafael Martins, com Nakamura já batido. A bola foi, no entanto, à trave, com estrondo, e voltou para o terreno de jogo para desespero do avançado.

Nesta altura o Portimonense já estava fora do jogo, com os centrais, sem conseguirem sair a jogar, a tentarem um futebol mais direto, com pontapés longos para a frente, à procura de uma desmarcação de Welliton. O avançado ainda conseguiu arrancar um remate de ângulo apertado, mas de resto viu-se sempre absorvido pelos centrais da equipa da casa, sem o apoio de Yony González e Rui Gomes, demasiado abertos sobre as alas.

Golaço de Lucas Soares e balde de águia fria

O intervalo chegou a voar, ainda sem golos, mas com um cada vez mais claro ascendente do Casa Pia, agora também a provocar estragos no lado direito.

A segunda parte começou com um Portimonense novamente mais equilibrado. Os algarvios conquistaram um canto, criaram uma oportunidade e ainda outra. O Casa Pia, por seu lado, regressou com ordem para rematar, mesmo de muito longe. Godwin, Fernando Varela, Soma e Rafael Martins foram experimentando remates de fora da área, sem muito perigo, mas foram deixando o adversário em sentido.

O jogo parecia mais equilibrado e os treinadores estavam a promover as primeiras alterações nas respetivas equipas, quando Leonardo Lelo atacou mais uma vez a profundidade, descendo da esquerda para o corredor central, antes de abrir sobre a direita, para Lucas Soares ajeitar a bola e disparar um verdadeiro míssil com o pé esquerdo, indefensável para Nakamura. Um grande golo, um remate tremendo que teve o condão de levantar as bancadas e trazer uma nova alegria ao jogo, já com uma imponente lua a subir sobre o Jamor.

O mais difícil parecia estar feito, até porque Filipe Martins foi depois artilhando a equipa para defender o magro resultado, deixando os algarvios, mais uma vez, longe de voltar ao jogo. O Portimonense, no entanto, nunca baixou os braços e andou a bater no muro até final, mas acabou por ser compensado pela insistência, já em período de compensação.

Filipe Relvas arrancou o cruzamento da esquerda, Ricardo Matos cabeceou à trave e Rochez, que tinha entrado minutos antes, fez o empate, também de cabeça. Um balde de água fria para o Casa Pia que, depois de cinco jogos sem vencer, já fazia contas para uma recandidatura europeia.

Afinal a festa foi dos algarvios que, com este ponto, arrancado no último suspiro do jogo, acabam por garantir, desde já, que ficam fora do alcance do Marítimo, isto é, já sabem que vão jogar na próxima época mais uma vez no principal escalão.