Num dérbi que fez jus ao seu nome, o Marítimo tinha muito mais a perder do que o Nacional, já que uma derrota dos verde-rubros no reduto do seu rival significaria praticamente o adeus aos lugares que dão acesso à Liga Europa. No entanto, os pupilos de Manuel Machado também entraram em campo com plena noção de que a vitória não traria certezas, mas seria sem dúvida um importante passo em direção aos objetivos propostos.

Mais apáticos, os pupilos de Pedro Martins viram o Nacional entrar mandão no jogo, tentando desde logo chegar a um golo que lhes desse maior confiança para o resto da partida. E os adeptos nem tiveram que esperar muito para a explosão de alegria, já que o irrequieto Reginaldo, depois de ter permitido uma excelente defesa a Salin, viria mesmo a faturar na sequência desse mesmo lance. À passagem do minuto seis, Sequeira lançou para João Aurélio, com o médio a solicitar Reginaldo, que, na zona da marca da grande penalidade, fuzilou autenticamente um desamparado Salin.

O Marítimo só respondeu mais de dez minutos depois, quando Danilo Dias arrancou pela direita, após excelente libertação de Alex Soares, e atirou muito perto do poste da baliza à guarda de Gottardi, com os nacionalistas a responderem de pronto, mediante a subida pela a ala direita de Djaniny, a cruzar para a entrada da área para Reginaldo atirar muito perto do poste.

Em vantagem no marcador, os alvi-negros concederam o domínio de jogo ao adversário, fazendo as suas linhas recuar ligeiramente, de modo a poder explorar as rápidas transições. E Gegé por pouco não ajudou a tática de Manuel Machado, obrigando Salin a aplicar-se a fundo para travar um mau atraso que acabou por isolar Djaniny, numa guerra aberta entre jogagores da seleção de Cabo Verde, quase sempre ganha pelo central maritimista.

Os verde-rubros acreditavam na igualdade e iam subindo no terreno, vendo Gottardi negar-lhes por duas vezes o tento da igualdade, num só lance. Danilo Dias bateu o livre na direita para o cabeceamento de Danilo Pereira, a que o brasileiro respondeu com uma soberba defesa, conseguindo ainda negar o golo na recarga de Derley.

O jogo corria para o intervalo e Sami ainda dispôs de uma excelente ocasião de golo, mas o guineense não conseguiu rematar da melhor forma após o cruzamento milimétrico de João Diogo. Estava viva a partida e um golo apenas não fazia jus ao que se passava dentro das quatro linhas.

Com a chegada da segunda metade do encontro a tónica manteve-se. Os verde-rubros em busca do prejuízo a assumir mais o jogo enquanto o Nacional aguardava pelo lançamento de rápidas transições, pertencendo-lhes mesmo a primeira ocasião flagrante de golo ainda nos primeiros segundos, com Salin a negar o golo a Djaniny.

Respondeu o Marítimo à passagem do minuto 55, numa jogada de combinação entre João Diogo, Derley e Theo Weeks, com o liberiano a rematar muito perto do poste da baliza à guarda de Gottardi.  O Nacional também não ficava atrás e volvidos somente dois minutos, novamente por intermédio de Djaniny, Salin tornava a fazer uma defesa de grande nível.

Não querendo que o brilho estivesse todo na baliza do Marítimo, Gottardi brilhou também a grande nível, negando primeiro o golo a Danilo Dias, e, na sequência do lance, a tirar primeiro o pão da boca a Patrick Bauer e depois a Derley.

Os verde-rubros pareciam mais perto do golo e mesmo com a expulsão ingénua de Gegé, que acabou por se ver envolvido numa picardia com Rondon que lhe valeu a amostragem do segundo cartão amarelo e consequente vermelho, continuaram em busca do tento da igualdade.

Mas à medida que o tempo ia passando a força ia também desaparecendo e a unidade extra alvi-negra dava maior motivação, pelo que não foi de estranhar que numa rápida transição, beneficiando de um ressalto, Djaniny acabasse mesmo por colocar um ponto final na questão elevando a contagem para duas bolas a zero.

Num jogo muito disputado e com todos os condimentos normais de um derbi, faltaram provavelmente mais golos, muito por culpa das superiores exibições de ambos os guarda-redes, claramente os elos superiores deste embate. Eles evitaram mais golos num jogo que acaba com um aroma a África.