O Estoril ganhou esta quinta-feira um novo balão de oxigénio ao bater o Boavista com uma moralizante reviravolta (2-1), no jogo da 14.ª jornada da Liga que tinha sido adiado, no final do ano, devido a uma quebra de energia. Os axadrezados até entraram melhor no jogo, chegaram cedo à vantagem, mas depois ficaram reduzidos a dez, ainda na primeira parte, e não resistiram à intensa pressão da equipa de Nélson Veríssimo que acabou por virar o jogo na segunda parte, com toda justiça, apesar da tarde inspirada de Bracali entre os postes.

Confira a FICHA DO JOGO e os VÍDEOS DOS GOLOS

Apesar de não poderem contar com os reforços de janeiro para este jogo, tanto Nélson Veríssimo como Petit promoveram alterações aos onzes que tinham elegido para a data original do jogo (28 de dezembro). Os canarinhos chegaram a este jogo extremamente pressionados, em queda livre na classificação, com apenas uma vitória nos últimos dez jogos, ao contrário do Boavista que, já depois de ter garantido a melhor primeira volta desde o regresso à Liga, pontuou em quatro dos últimos cinco jogos.

Um estado de espírito que se refletiu no relvado, logo no início do jogo, com o Estoril a entrar com tudo, com uma pressão alta e à procura de um jogo rápido, ao contrário do adversário que saia a jogar, com toda a tranquilidade, sem pressa, procurando explorar os espaços que o adversário deixava entrelinhas. O Estoril conquistou o primeiro canto do jogo, mas logo a seguir o Boavista chegou ao golo de uma forma extremamente simples. Um lance pela direita, com Salvador Agra a ganhar a linha de fundo a atrasar para o cruzamento bem medido de Makouta. Yusupha, na área, elevou-se bem e cabeceou para as redes de Dani Figueira.

O Estoril reagiu em força, aumentando ainda mais a velocidade do jogo, com o Boavista a recuar em toda a linha. A partir daqui o jogo tinha duas velocidades distintas, com os canarinhos, com mais bola, a voar para junto da área de Bracali, à procura de espaços para rematar. O Boavista, por seu lado, limitava-se a tentar controlar o ímpeto do adversário e, quando tinha a bola, limitava-se a procurar mantê-la, face à pressão muito alta do adversário. João Carvalho, sobre a esquerda, esteve muito perto de empatar, logo a seguir ao golo do Boavista, com um remate em arco que bateu com estrondo no segundo poste.

Um jogo de sentido único com o Estoril a conquistar quatro pontapés de canto e a fazer doze remates até ao intervalo, contra apenas dois dos axadrezados. Muitos remates, mas quase todos de fora da área, quase todos sem a melhor direção, mas a verdade é que o Estoril estava claramente por cima do jogo e mais ficou quando, aos 41 minutos, Ibrahima pisou Tiago Gouveia, por trás, e viu o vermelho direto. Não houve maldade do jogador guineense que atingiu o adversário na passada, mas Manuel Oliveira não teve outra hipótese. Em vantagem no relvado, o Estoril fez mais três remates até ao intervalo, mas não conseguiu alterar o resultado.

Reviravolta em dois tempos

Petit procurou equilibrar a sua equipa no início da segunda parte com a entrada de Reggie Cannon para o lugar de Sasso, mas o jogo prosseguiu como se não tivesse havido intervalo, com o Estoril a carregar por todos os lados, com Tiago Santos e Joãozinho a darem profundidade pela alas e João Carvalho, Tiago Gouveia e Tiago Araújo, em constantes movimentações, a oferecerem linhas de passe.

O Boavista voltou a encolher-se a olhos vistos e acabou por pagar caro por isso, com o Estoril a chegar ao empate, aos 50 minutos, com Tiago Santos, em mais uma investida, a cruzar da direita. Ninguém chegou à bola no coração da área e Tiago Araújo surgiu destacado, junto ao segundo poste, a receber no peito e a fuzilar Bracali com a canhota. Um golo que motivou ainda mais a equipa da casa e, nos minutos que se seguiram, a reviravolta esteve sempre iminente, com os canarinhos a desdobrarem-se em remates e com Bracali a brilhar entre os postes, a segurar o empate, muitas vezes no limite.

O Estoril apertava o cerco e, já depois de instalado no meio-campo do Boavista, fixou mesmo o jogo na área de Bracali, com uma série de cantos e livres. Os adeptos do Estoril chegaram a gritar golo por mais de uma vez, numa altura em que Nélson Veríssimo ariscava no banco, abdicando do central Pedro Álvaro para lançar Rodrigo Martins para uma alargada frente de ataque. Petit respondia em sentido contrário, abdicando de Bruno Lourenço para reforçar o eixo defensivo com Robson Reis.

A quinze minutos do final, a resistência do Boavista afrouxou e, desta vez, nem Bracali conseguiu suster mais uma investida do Estoril, mais uma vez com uma dupla de Tiagos em destaque, com o Santos a cruzar da direita e Gouveia a finalizar no segundo poste. O esforço do Estoril acabava por ser recompensado, com todo o mérito diga-se.

Parecia que estava feito, até porque o Boavista não tinha ainda praticamente passado do meio-campo nesta segunda parte, mas a verdade é que o Estoril ainda passou por um verdadeiro susto, num lance aparentemente inofensivo: Yusupha rematou forte do meio da rua, Dani Figueira defendeu, a bola foi ao poste e, na recarga, Luís Santos atirou à barra. Um lance que deixava claro que o jogo ainda não estava decidido, até porque o Estoril, agora em vantagem, estava muito desequilibrado em campo. Nélson Veríssimo procurou corrigir essa lacuna com as entradas de Alejandro Marqués e, sobretudo, de Bernardo Vital para compor o eixo defensivo.

O Estoril voltou a assumir a condução do jogo e esteve sempre mais perto do 3-1 do que propriamente o Boavista voltar a ameaçar o empate.

Depois ed três derrotas consecutivas, o Estoril volta a respirar, recuperando três pontos neste jogo em atraso e, em simultâneo, não permitindo o Boavista aproximar-se dos lugares europeus. O jogo acabou com fogo de artifício na Amoreira que já desesperava por um motivo para festejar.