De livre direto no Dragão, de livre direto no Estoril, qual déjà vu.

Pela segunda vez na Liga 2023/24 e pela terceira vez nesta época, o FC Porto caiu diante dos canarinhos e com mais um resultado desastroso ruíram também as ténues aspirações que a equipa de Sérgio Conceição podia ainda acalentar na luta pelo título.

Esta é a crónica de uma noite em que, apesar do mérito incontornável do adversário, os dragões foram uma equipa suicida. Pela ação de Diogo Costa da qual nasceu um vermelho direto e o único golo do jogo, apontado por Cassiano, e pela expulsão evitável de Francisco Conceição numa altura em que, mesmo em inferioridade numérica e taticamente desarrumados, os azuis e brancos tentavam alterar o rumo da história.

O Estoril-FC Porto foi um jogo de sentido único. Depois de 15 minutos iniciais de dificuldades sobretudo para conter as transições da equipa da casa pelo corredor esquerdo, o conjunto de Sérgio Conceição estabilizou e instalou-se por completo no meio-campo contrário.

Evanilson e Francisco Conceição na área, Alan Varela de meia-distância. O FC Porto tentou de diversas formas, mas sem sucesso, também porque foram raras as vezes em que conseguiu contornar a boa organização defensiva canarinha.

A posse de bola esmagadora (76 por cento) comprovava o domínio territorial de uma equipa sobre a outra, mas não espelhava as dificuldades encontradas e que se arrastaram para uma segunda parte que já estava a ter mais caos quando os dragões perderam, irremediavelmente, o norte.

Fechado na periferia na sua grande-área, o Estoril manteve o bloco coeso e reconquistou o sucesso (perdido após um bom quarto de hora inicial) nas transições. Rodrigo Gomes, lançado por Mateus Fernandes, serviu a base para o 1-0 que Cassiano, com um toque subtil, negou a Heriberto ao minuto 52, pouco antes dos portistas terem visto um penálti de Mangala sobre Francisco Conceição ser revertido pelo árbitro António Nobre após ver as imagens.

Entre essa decisão e o momento que definiu o jogo distaram dois minutos. De um atraso imprudente de Otávio para Diogo Costa foi criada uma tempestade perfeita. O guarda-redes do FC Porto foi negligente, perdeu a bola e derrubou Wagner Pina quando o jogador do Estoril se prepara para fazer o 1-0. Foi expulso e da sequência desse lance nasceu o golo canarinho.

Se o jogo já estava perigoso, pior ficou depois disso. Desequilibrado, o FC Porto ficou ainda mais exposto do que antes às transições da equipa de Vasco Seabra.

Pelo meio, Francisco Conceição foi expulso e fez crescer ainda mais a gigantesca montanha que os dragões teriam de escalar. Bernardo Vital, defesa do Estoril, também acabou por ser admoestado com o vermelho direto, já em tempo de compensação. Com a alma que a caracteriza, a equipa de Sérgio Conceição fez das tripas coração para, pelo menos, evitar a derrota.

Mas, nesta noite, o FC Porto foi mais alquimista do que alpinista.