Ainda não está nada decidido, mas o Famalicão deu um passo de gigante rumo à permanência na I Liga, ao bater o Estoril esta sexta-feira, por 3-1. Os canarinhos cedo ficaram reduzidos a dez unidades, por expulsão de Nahuel Ferraresi perto do primeiro quarto de hora, mas deram uma boa resposta e ainda ameaçaram roubar os três pontos aos homens da casa, até Kadile selar as contas nos últimos segundos.

Com este triunfo, os famalicenses chegam aos 33 pontos, mais sete do que o Moreirense, primeiro abaixo da linha de água e muito dificilmente terão de agarrar-se à calculadora. Não há motivos para festa, mas já podem começar os preparativos.

Ferraresi deu os motes

Rui Pedro Silva foi obrigado a mexer no meio-campo, depois de Charles Pickel ver o quinto cartão amarelo na Luz, e Gustavo Assunção fez dupla com Pêpê Rodrigues. O técnico famalicense apostou ainda em Bruno Rodrigues e optou por deixar Pedro Marques no banco.

No lado estorilista, as dores de cabeça eram maiores. Bruno Pinheiro perdeu três médios no jogo com o Belenenses – Rosier, por acumulação de amarelos, além de André Franco e Romário Baró, que viram vermelho já fora das quatro linhas – e ainda decidiu dar alguns minutos a jogadores menos utilizados, uma vez que já tem a permanência na I Liga assegurada. Assim, Thiago Silva assumiu as redes e Volnei alinhou no eixo da defesa. Lucho e Francisco Geraldes jogaram na zona mais adiantada do miolo, ao passo que Rui Fonte foi a referência no ataque.

A partida começou dividida, com o Famalicão mais pressionado e ansioso por diminuir a aflição das contas da descida. Já o Estoril, sem pressão, até foi mais ameaçador nos instantes finais.

Nahuel Ferraresi foi o rosto da entrada positiva dos canarinhos, com uma soberana ocasião de golo, na sequência de um pontapé de canto, só travada por Luiz Júnior. Pouco depois, foi a vez do argentino Lucho assustar a defesa famalicense com um remate de meia distância.

Mas o maior susto veio mesmo do lado contrário. Bruno Rodrigues seguia embalado para a baliza quando foi travado pela má abordagem de Ferraresi. O central venezuelano até viu cartão amarelo mas, depois de rever a jogada no VAR, Manuel Oliveira exibiu a cartolina vermelha. O futebolista cedido pelo Manchester City tinha ditado o tónico da partida no início e voltou a fazê-lo em cima do quarto de hora, já que os contornos do jogo mudaram a partir do momento em que o Estoril ficou reduzido a 10 unidades.

O Famalicão passou a assumir as despesas do jogo, perante uns canarinhos mais organizados, mas sem se amontoarem junto à baliza. Ainda assim, as investidas dos anfitriões nunca tinham uma boa sequência. Ora os remates eram travados, ora saíam com má direção ou nem sequer testavam a atenção máxima de Thiago Silva.

Marín derrubou a muralha

A muralha estorilista parecia inderrubável e Rui Pedro Silva desfez o trio de centrais para colocar mais «artilharia» na frente. Alexandre Penetra deu lugar a Jhonder Cádiz e o venezuelano juntou-se a Simon Banza no ataque.

Bruno Pinheiro certamente estaria à espera do intervalo para poder afinar a estratégia, mas Adrían Marín tinha outros planos em mente. Heriberto centrou a partir do corredor direito, Banza falhou o desvio e apareceu a locomotiva espanhola ao segundo poste para desfazer as dúvidas e abrir caminho ao alívio.

O Famalicão veio do descanso à procura de fazer o segundo golo para poder tranquilizar. Banza foi o maior protagonista, com alguns momentos de perigo, muitos deles causados após as investidas desconcertantes de Bruno Rodrigues na esquerda.

O Estoril, replicando o primeiro tempo, não se remeteu a defender e, pelo meio dos ataques famalicenses, Jordi Mboula ainda testou a concentração de Luiz Júnior.

Mas, a falta de um homem, por vezes, nota-se. Aos 66 minutos, após um primeiro toque de Cádiz, Heriberto apareceu completamente solto na zona do penálti e só teve de rematar para o 2-0.

A tranquilidade, porém, durou apenas dois minutos. Rui Fonte respondeu logo de seguida ao golo sofrido e, depois de ultrapassar dois adversários com uma simulação de corpo, disparou em força para bater Júnior.

O Famalicão, pressionado pela importância de um triunfo, baixou a guarda nos últimos minutos e o Estoril continuou a mostrar que a inferioridade numérica não seria impeditiva para praticar bom futebol e ir à procura do empate.

Apesar das ameaças e calafrios causados em Vila Nova de Famalicão, foi o conjunto caseiro quem ainda chegou ao golo, por Kadile, que embalou junto à linha de meio-campo e só teve de enganar Thiago no um para um.

Triunfo muito festejado em Famalicão – já não acontecia há sete jornadas. Começam os preparativos, pois já cheira a festa da permanência!