Ricardo Quaresma foi o ator principal na estreia de Luis Castro. O extremo do FC Porto inaugurou a contagem, falhou outro castigo máximo mas afastou os fantasmas com um pontapé violento ao minuto 84. Boa réplica do Arouca mas insuficiente para evitar a derrota na visita ao Estádio do Dragão (4-1).

Carlos Eduardo fez o segundo golo ao minuto 23 e criou a sensação de um jogo fácil para a equipa portista. Longe disse, Rui Sampaio lançou a dúvida que perdurou até perto do final. O nervosismo não desaparece de um momento para o outro. Faltou paz de espírito a este FC Porto, agora sem Paulo Fonseca. A qualidade bastou, ainda assim, para fazer a diferença.

O FC Porto entrou em campo com a plena consciência dos resultados de Benfica e Sporting. O triunfo das águias perante o Estoril, quatro classificado, impossibilitava a aproximação ao líder mas deixava a formação da Linha mais longe do pódio. Por outro lado, o empate do Sporting apresentava-se como aliciante extra para os dragões. Uma vitória frente ao Arouca deixaria - e deixou - o FC Porto a dois pontos dos leões.

Dragões a dois pontos do Sporting

O objetivo primordial, de qualquer forma, era um triunfo para assinalar a estreia de Luis Castro no comando técnico. No primeiro jogo pós-Paulo Fonseca, a troca de Herrera foi Defour foi a novidade evidente na ficha de jogo. Com Alex Sandro castigado, Mangala descaiu para a esquerda e Maicon fez dupla com Abdoulaye ao centro. Na frente, Jackson regressou a condição física e o lugar.

A principal mudança, ainda assim, incidiu sobre o desenho tático. A saída de Fonseca determinou o fim do duplo pivot que raramente produziu resultados interessantes num FC Porto habituado a jogar com um trinco solitário. A equipa apresentou ainda outra tranquilidade, parecia mais confortável nesse corpo e esperançada para o futuro.

O Dragão acordou bem disposto e ficou entusiasmado com o golo madrugador, após um lance entre André Claro e Silvestre Varela na área. Danilo abriu para o extremo e este caiu, com o jogador do Arouca nas suas costas. Parece haver toque, de facto, discutindo-se a velha questão da intensidade. Ricardo Quaresma, chamado à cobrança, não desperdiçou.

O Arouca, vindo de uma derrota caseira frente ao V. Guimarães, acusou o tento consentido e tardava em responder. Salim Cissé substituíra o lesionado Lassad em cima da hora. Porém, o avançado cedido pelo Sporting perdeu vários duelos com Maicon e Abdoulaye. Faltava-lhe acompanhamento à medida.

Grande momento de Carlos Eduardo

Do outro lado, os homens de Luís Castro – que festejou efusivamente o primeiro golo – iam criando lances de perigo com salutar regularidade e ampliaram a margem num belo gesto técnico de Carlos Eduardo. Ao minuto 23, Mangala colocou na área, Defour levantou e o brasileiro marcou um remate de moinho. Os dois médios na área contrária, em simultâneo. Algo que seria difícil com Paulo Fonseca.

Nem todo o mal girava em torno do antigo treinador, saliente-se. Os fantasmas andavam por ali, à espera de uma oportunidade para entrar no Dragão. Com meia-hora de jogo, no primeiro remate enquadrado com a baliza, o Arouca reduziu. Livre de Bruno Amaro, bola desviada pela barreira e Rui Sampaio a finalizar.

Inquietavam-se os espíritos. Mais alguns minutos e nova grande penalidade, desta vez sem grandes dúvidas, por agarrão de Nuno Coelho a Jackson Martínez. Quaresma, porém, tremeu e atirou para a bancada!

Quaresma contra o cenário de crise

O cenário de crise voltava a pairar sobre a equipa portista. Esse sentimento propagou-se na etapa complementar, com o Arouca a subir no terreno e a aproveitar o crescente nervosismo dos jogadores azuis e brancos, sobretudo no setor recuado. Nessa altura, faltou serenidade em momentos de posse de bola.

O FC Porto atacava em velocidade, sem baixar o ritmo. Do outro lado, a equipa de Pedro Emanuel demonstrava atrevimento. Dois lances de grande perigo em igual número de números. Primeiro, defesa incompleta de Helton após livre de David Simão e confusão. Logo depois, Roberto a surgir na cara do guarda-redes e a fazer o chapéu, ligeiramente por cima. Dragão à beira de um ataque de nervos!

A qualidade do banco azul e branco, porém, fez a diferença. Ghilas surgiu com entusiasmo para criar um desequilíbrio à direita e assistir Quaresma, que bisou de forma vistosa. Já em cima do final da partida, seria Jackson Martínez a chegar ao tão ansiado golo, neste caso com a preciosa ajuda de Tinoco. Noite feliz na estreia de Luís Castro.