O pano caiu sobre a edição 2021/2022 no Estádio D. Afonso Henriques com um duelo minhoto entre quinto e sexto classificado. Como uma espécie  consolação, depois de três empates, o Vitória de Guimarães termina a temporada com uma goleada (5-0) sobre o adversário que lhe roubou o objetivo europeu.

Histórico, o Gil Vicente repete a melhor classificação da sua história – quinto lugar – desta feita com direito a participação europeia. A despedida não se faz com um sorriso de orelha a orelha, apesar da época irrepreensível. Os gilistas saem vergados por números expressivos de um estádio onde venceram nas duas últimas temporadas.

Golos de Estupiñán e de Lameiras carimbaram o triunfo para o Vitória, já sem qualquer implicação na tabela classificativa. Nos derradeiros minutos, já em descompressão, Quaresma, Janvier e Bruno Duarte fizeram o marcador ampliar de forma algo impensável. Faltou o calor dos adeptos em Guimarães num embate sem público, uma vez que o jogo foi à porta fechada.

A cabeça de Estupiñán continua como abono de família

Jogando-se, então, a feijões, mesmo sem adeptos nas bancadas a realidade é que o duelo minhoto foi “entretido”, como diria Quinito. O ritmo não foi propriamente intenso, mas teve lance de frisson junto de ambas as balizas. Predomínio nas ações ofensivas da equipa de Pepa, que com mais acerto na finalização poderia ter chegado ao intervalo com uma margem mais confortável.

Aos vinte minutos um cruzamento açucarado de Miguel Maga na direita solicitou aquele que tem sido o abono de família do Vitória: a cabeça de Óscar Estupiñán. Na área o colombiano fez o que costuma fazer e adiantou os vimaranenses no marcador. Seguiu-se uma fase de domínio do Vitória, com Estupiñán a ser perdulário com os pés. Primeiro isolado, depois com um remate de primeira podia ter elevado a contagem e Andrew ainda evitou o golo num remate à queima-roupa de Rafa Soares na área.

Recompôs-se o Gil Vicente, acabando por atenuar uma primeira parte cinzenta com uma reta final mais prometedora. O conjunto de Ricardo Soares ficou mesmo perto de sair para o período de descanso em igualdade com Samuel Lino a ver Rafa Soares negar-lhe o golo em cima da linha de golo.

Contragolpe de Lameiras fecha o vencedor, mas não o marcador

A equipa gilista tentou transpor esse ímpeto para a segunda metade, reentrou aguerrida no relvado, mas um segundo golo do Vitória, a apanhar o Gil Vicente em contrapé, foi uma espécie de murro no estômago dos galos. Quando procuravam o empate sofreram o segundo, um golo que acabou por pesar na mente barcelense.

Num rápido contragolpe Geny conduziu o esférico pelo corredor central e soltou para a esquerda para Rúben Lameiras disparar com o pé esquerdo, com o remate cruzado ainda a desviar num adversário, não dando hipóteses de defesa a Andrew ao minuto 51. Triunfo selado para o Vitória, o Gil não mais teve capacidade para uma reação digna desse nome.

Nos últimos dez minutos, já em descompressão o Vitória chegou à goleada com três golos saídos do banco. Janvier fez o terceiro da noite, seguiu-se Quaresma naquela que pode ter sido a despedida da carreira e Bruno Duarte também marcou com o Gil a pedir o apito final.

Esse último apito de André Narciso em Guimarães faz cair o pano sobre a edição 2021/2022 do principal escalão do futebol português. Um final sem direito a aplausos ou assobias, sem a emoção dos adeptos. Um final amargo para uma época histórica dos gilistas, terminam com um triunfo os vimaranenses, que têm de esperar mais uma semana – desfecho da Taça de Portugal – para saber se o sexto lugar vale o regresso às competições europeias.