Pela primeira vez esta temporada, o Sporting alcançou uma sequência de quatro jogos sem sofrer uma derrota, o que atesta bem o ano difícil (eufemismo) que os leões estão a viver.

Neste domingo, a equipa de Silas não apresentou os índices de exuberância alcançados na passada quinta-feira diante do Istambul Basaksehir, mas poupou os adeptos a batimentos cardíacos perigosamente elevados.

Já sem Bruno Fernandes, e esta noite também sem Mathieu Coates e Acuña – talvez as figuras maiores do leão no pós-mercado de inverno – era expectável que Alvalade assistisse a um jogo mais duro diante de uma equipa que faz da consistência defensiva a sua melhor arma.

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Só que na ausência de estrelas nasceu uma outra: Gonzalo Plata, que andou quase um ano na forja para a explosão na alta-roda e que trazia com ele o plomo que destruiu por completo as aspirações de uma pantera pouco arrojada e curta no plano ofensivo para ambicionar levar para o Bessa outro resultado que não a derrota.

É certo que o golo de Sporar pode ter mudado por completo o guião de um jogo que estava, até então, a ir ao encontro do que pretenderia Daniel Ramos: intranquilizar um leão dado a estados de alma tão díspares e ainda sem conseguir autoprescrever uma receita de sucesso para essa patologia crónica.

O golo, apontado aos 13 minutos numa finalização do avançado esloveno após livre superiormente cobrado por Plata na direita (jogo ainda esteve parado para análise do VAR a um possível toque na bola de Battaglia que colocaria Sporar em posição irregular), obrigou o Boavista a estender-se mais no terreno e a descobrir mais o meio-campo defensivo.

Isso abriu caminho para o jogo de Vietto entrelinhas, à boa ocupação de espaços de Wendel e aos lançamentos para os corredores laterais. Foi dessa forma que o Sporting, já depois de Plata ter visto um golo anulado, chegou ao 2-0 ainda na primeira parte, numa execução soberba do extremo equatoriano após um cruzamento da esquerda que a defesa axadrezada afastou para a entrada da área.

Ao intervalo, o jogo já estava praticamente sentenciado e na etapa complementar o conjunto de Silas geriu os tempos com racionalidade. O Boavista, mesmo com as alterações, manteve-se insuficiente e ainda que em gestão o Sporting até podia ter dilatado a vantagem: Plata voltou a estar perto do golo e Jovane atirou a rasar o poste. A melhor (e talvez a única) oportunidade dos axadrezados surgiu apenas já em tempo de compensação, num remate de Sauer ao qual Max se opôs de forma fantástica.

Curtíssimo perante um leão que hoje foi adulto.

A saída de um craque nunca faz bem a uma equipa, mas há algo que o Sporting terá forçosamente de ser daqui para a frente: uma equipa mais coletiva. E isso, apesar de Gonzalo Plata ter estado acima dos restantes intérpretes, foi algo que se observou este domingo. A equipa de Silas circulou a bola com critério, acelerou o jogo nos momentos certos e revelou índices de maturidade pouco vistos em 2019/20.