A ideia de que nunca se deve julgar um livro pela capa é mais ou menos unânime. Ao jogo da tarde deste domingo em Moreira de Cónegos pode aplicar-se esse chavão. Pela negativa. A capa mostra um jogo com sete golos, redes a abanar num curto espaço de tempo, uma recuperação de uma desvantagem de dois golos e um forcing para vencer com uma margem de três golos.

Factualmente corresponde à realidade, com um triunfo do Moreirense (5-2), mas na realidade o jogo esteve longe de deslumbrar, com momento de intensidade e de qualidade muito abaixo do expectável para este nível. Regresso aos triunfos do Moreirense após dois empates, avançando para a nona jornada consecutiva sem perder. Valeu a reação final à igualdade a justificar um triunfo que acaba por ficar bem aos cónegos.

Ambiente bucólico em Moreira de Cónegos. O sol fazia brilhar o relvado numa tarde fria; na instalação sonora do recinto vimaranense músicas natalícias enterneciam ainda mais a envolvência de um jogo do principal escalão presenciado por menos de milhar e meio de pessoas. Foi por isso, sem surpresas que em vários momentoso o embate entre Moreirense e Portimonense mais parecia de um jogo amigável.

Ritmo baixo, poucos duelos pela posse de bola e uma espécie de pacto de não agressão em ambiente pré-festivo. O conjunto algarvio, relativamente tranquilo após um arranque para esquecer, até ameaçou logo nos instantes iniciais – Hélio Varela atirou de fora da área ao ferro – numa ameaça sem intenções.

O encontro desenvolveu-se de forma completamente pastosa, sem rasgo até meio da primeira parte, altura em que num ápice, e sem fazer muito por isso, diga-se, em dois minutos o Moreirense construiu uma vantagem de dois golos.

Maracás voltou a marcar mais de três anos e meio depois na Liga, aproveitando uma bola na área que a defensiva algarvia foi pouco lesta a atacar. Um golo que poderia espevitar uma partida que precisava claramente de um fator que mexesse com os intervenientes. Ainda se festejava o primeiro e, de forma completamente descompensada, o Portimonense vê André Luís isolar Madson para o segundo da tarde.

Revolução completa no jogo. A rubricar um bom campeonato, num daqueles que até estaria a ser dos seus jogos menos conseguidos, pelo menos no que à intensidade diz respeito, o Moreirense construiu aquela que foi, provavelmente, a sua vantagem mais tranquila neste campeonato.

Mas, da mesma forma que o jogo caiu para o Moreirense de forma pouco conseguida, também os algarvios reentraram no jogo de forma mais ou menos atabalhoada, com um golo de Jasper, sem grande labor, já em cima da o intervalo, relançando o jogo para a segunda metade.

Novamente numa segunda parte pouco conseguida, o Portimonense chegou à igualdade a um quarto de hora do final num cabeceamento de Relvas. Cruzamento de Gonçalo Costa da esquerda, o central desvia de forma indefensável.

Um golo que espicaçou o Moreirense para um forcing final verdadeiramente arrebatador. Claramente superior, o Moreirense sentiu a pressão e foi para cima do Portimonense, anulando por completo algarvio. Resultado: a equipa de Rui Borges marcou três golos em oito minutos e vence de forma folgada.

André Luís, apontou o terceiro, Kodisang e Aiás, saídos dos banco, aumentaram a contagem. Triunfo sem contestação num quarto de hora final que tem de fazer o Portimonense rever conceitos. Aproxima-se do quinto lugar o Moreirense, naquele que foi o regresso aos triunfos numa série de nove jornadas sem perder.