Jorge Sousa será o vídeo-árbitro na Superataça Cândido Oliveira no próximo domingo, no jogo que colocará frente-a-frente Benfica e Sp. Braga, em Aveiro, naquela que será a primeira experiência da Federação Portuguesa de Futebol na sequência do protocolo assinado com o Internacional Football Association Board (IFAB).

Uma experiência que será a primeira de dez que vão decorrer offline, isto é, ainda sem qualquer comunicação com o árbitro de campo que só será conhecido esta quinta-feira.

A Federação Portuguesa de Futebol promoveu esta quarta-feira uma conferência de imprensa na Cidade do Futebol, com a participação do vice-presidente do Conselho de Arbitragem, João Ferreira, e com o diretor de Tecnologia e Informática da FPF, para explicar os objetivos deste projeto. O Maisfutebol destaca aqui as principais questões relacionadas com esta nova tecnologia que pode vir a revolucionar o futebol.

Em que jogos vão ser utilizados vídeo-arbitros nesta fase experimental?

A primeira experiência será já no próximo domingo, no jogo da Supertaça, mas a Federação Portuguesa de Futebol tenciona realizar dez testes até ao final da temporada, os restantes em jogos da Taça de Portugal, incluindo os quartos de final e as meias-finais desta competição. Estas primeiras dez experiências serão todas offline. O período experimental vai decorrer ao longo de dois anos e só no segundo ano serão feitas as primeiras experiências online, isto é, com comunicação com o árbitro de campo.

Onde vai estar o vídeo-árbitro?

Na verdade serão dois. Um estará na bancada e fará uma primeira análise do que se está a passar em campo, neste caso, no jogo da Supertaça, será João Ferreira, vice-presidente do Conselho de Arbitragem, que estará em comunicação com Jorge Sousa que estará colocado numa viatura devidamente equipada que estará estacionada no TV Compound do estádio. No interior da viatura, Jorge Sousa terá acesso a um clean-feed da transmissão do jogo, sem grafismos e comentários. Além destas imagens, emitidas pelo Broadcaster do jogo, nesse caso a TVI, Jorge Sousa terá ainda acesso a imagens que serão disponibilizadas por duas câmaras 4k da FPF para não estar totalmente dependente do emissor.

A introdução do vídeo-árbitro vai obrigar a um aumento do quadro de árbitros?

Nesta primeira fase, a FPF tenciona recorrer a árbitros que estejam lesionados ou mesmo a árbitros que já tenham terminado a carreira ou que estejam a desempenhar funções fora de campo, como será o caso de João Ferreira na Supertaça.

Qual a diferença da experiência offline e online?

Os primeiros testes serão realizados offline e servirão essencialmente para testar o tempo de resposta do vídeo-árbitro e as tenologias que vão ser utilizadas, mas não vai haver qualquer comunicação com o árbitro de campo. As primeiras experiências online, que o árbitro já vai poder solicitar apoio do vídeo-árbitro, só estão previstas para o segundo ano deste período experimental. A ideia nesta primeira fase é criar um protocolo a todos os níveis e, conforme o que se fizer em Portugal, será aplicado noutros países, caso a introdução do vídeo-árbitro seja aprovada pelo International Board.

Como é que um árbitro de campo solicita apoio do vídeo-árbitro?

Haverá uma intercomunicação entre todos os elementos da equipa de arbitragem, mas o público terá sempre a perceção da intenção do árbitro de campo que, quando achar necessário, fará um gesto nesse sentido [com os dois indicadores desenha um quardrado].

Quando haverá vídeo-árbitros em jogos oficiais?

Depois desta experiência de dois anos, em caso de sucesso, o IFAB tenciona introduzir o vídeo-árbitro entre o final de 2018 e o início de 2019.

O vídeo-árbitro pode tomar decisões durante um jogo?

Não. O vídeo-árbitro será apenas uma ferramenta de apoio, a decisão final será sempre do árbitro de campo.

Em que situações pode ser solicitado o vídeo árbitro?

Nesta primeira fase, estão previstos quatro pilares: situações de grande penalidade (faltas na área); situações de golo (se a bola entrou ou não); expulsões (cartões vermelhos); e indentificação de jogadores (casos disciplinares). Neste período inicial não estão contempladas uma das situações que mais polémica gera nos jogos de futebol: os fora de jogo.

São conhecidos números relacionados com solicitações a vídeo-árbitros?

A federação da Holanda (KNVB) já fez testes com vídeo-árbitros. Em 35 jogos foram analisadas 1.800 decisões. Destas, 51 casos teriam implicações no resultado e onze foram revertidas, uma em cada quatro em média.

Porquê esta experiência em Portugal?

Portugal esteve sempre na linha da frente no que diz respeito às novas tecnologias e A FPF empenhou-se desde o início no sentido de fazer parte do primeiro conjunto de federações a participar neste estudo patrocinado pelo Intennational Board. Esteve na apresentação do projeto de estudo em Cardiff e, depois disso, também participou nas reuniões em Londres, Amesterdão e Nova-Jersey. Portugal foi um dos seis países que manifestaram interesse em participar nos primeiros testes a par da Austrália, Brasil, Alemanha, Holanda e Estados Unidos.

Que custos envolve a implementação do vídeo-árbitro?

Nesta primeira fase a Federação Portuguesa de Futebol suporta a totalidade dos custos que, nesta fase embrionária, ainda não estão avaliados. O IFAB, para já, não avança com qualquer apoio.