O galo está em retoma. Carimbou o segundo triunfo consecutivo, facto inédito esta época, e ultrapassa provisoriamente Académica e Arouca. O gigante Simy foi o obreiro do triunfo ao apontar o tento solitário sobre o Paços de Ferreira. Com mais coração do que propriamente arte e engenho, o conjunto de Barcelos pode acabar a jornada fora da zona de despromoção.
 
A chuva intensa que se fez sentir e que não deu tréguas foi o elemento surpresa de um encontro que cedo se percebeu que ia ser incaracterístico.  O esférico não circulava à flor da relva em certas zonas do terreno de jogo, e teve que se fazer com músculo aquilo que a técnica não era capaz de resolver.
 
Sem mexer no onze que conseguiu vencer na Madeira, José Mota apostou na velha máxima que diz que em equipa que ganha não se mexe. Já Paulo Fonseca, que se apresentou em Barcelos com sete baixas no seu plantel, trocou meia equipa em relação ao conjunto que venceu o Penafiel na última jornada.
 
Primeira parte pobre com direito a pausa
 
Sem Sérgio Oliveira e Seri a servir de motor, o Paços de Ferreira perdeu grande parte da sua identidade. Ainda assim, o espírito combativo dos seus substitutos, Romeu e Rúben Pinto, permitiu ao Paços de Ferreira equilibrar forças no setor intermediário com o meio campo reformulado pelo Gil no mercado de inverno.
 
Numa fase em que os jogadores estavam a adaptar-se às condições do terreno, o árbitro João Capela parou o encontro para que as linhas do relvado fossem remarcadas. Uma pausa de dez minutos que contribuiu, e de que maneira, para que o ritmo do encontro, que já era baixo, afrouxasse ainda mais.
 
Perante algumas peripécias e pouco futebol, o destaque dos primeiros quarenta e cinco minutos vai para um lance de perigo em cada uma das áreas. Primeiro foi o Paços a assustar, logo no reatar do encontro depois da marcação do relvado. Adriano Facchini saiu-se de forma destemida aos pés de Bruno Moreira na sequência de um pontapé de canto.
 
A resposta do Gil chegou por intermédio de Simy, que na ressaca de um livre batido por João Vilela o avançado cabeceou fraco para as mãos de Defendi quando tinha condições para fazer melhor.
 
Simy, letal, leva o Gil a novo triunfo
 
No segundo tempo o figurino alterou-se. Houve mais futebol, a espaços a chuva deixou de cair com tanta intensidade e as balizas deixaram de ser um acessório para passar a ter mais preponderância no jogo.
 
O Paços de Ferreira até entrou melhor, mais aguerrido junto da baliza de Adriano Facchini e, sobretudo, com mais perigo. Valeu o guardião brasileiro do clube de Barcelos a segurar o ímpeto ofensivo dos castores nesta fase.
 
Até que ao minuto 68 Simy resgatou o galo da represa do castor e carimbou mais um triunfo para a equipa de Barcelos. O gigante foi o expoente máximo de uma exibição com muita alma do Gil Vicente. Apesar do seu tamanho, não se escusou a ir ao solo para atirar para o fundo das redes com o pé esquerdo.

O Gil ainda sofreu até ao final, viu-se remetido ao seu setor mais recuado, mas, contrariamente ao que aconteceu noutras alturas, teve capacidade para segurar a vantagem. 

Três pontos preciosos para o Gil na fuga aos últimos lugares e um segundo triunfo consecutivo que definitivamente colam um rótulo de retoma e de recuperação aos barcelenses. O Paços de Ferreira não foi capaz de dar seguimento ao triunfo conseguido na última jornada diante do Penafiel.