Só o talento de Gaitán seria capaz de desbloquear um jogo como o de Arouca. A um terreno pesado, devido ao mau tempo, há que acrescentar duas equipas bem encaixadas uma na outra e sem ideias fora da caixa para desequilibrar a boa organização defensiva contrária. O Arouca continua sem ganhar em casa, já lá vão sete jogos seguidos, e o Paços começa a vislumbrar a reta final de campeonato com maior conforto.

Na antevisão, Armando Evangelista e César Peixoto foram todos elogios para o adversário, que os minutos iniciais do encontro pareciam querer validar. Se o Arouca tentou ser a equipa «com uma boa ideia de jogo» de que Peixoto falava na véspera, saindo a jogar com critério e procurando aproveitar a potência de André Silva no ataque, o Paços não demorou a fazer valer «a experiência do plantel» que Evangelista apontou, com Luiz Carlos a ser importante nos equilíbrios no miolo e Denilson Jr a dar bem que fazer à defensiva adversária.

Ainda assim, oportunidades quase nem vê-las, nos primeiros 25 minutos. Num campo pesado, culpa do autêntico dilúvio que antecedeu a partida, as ideias até podiam ser boas, mas ficava difícil colocá-las em prática. O primeiro aviso foi deixado por Uilton, num desvio ao segundo poste que saiu ao lado, seguido de um remate de longe de Pedro Moreira que André Ferreira defendeu com estilo.

Num jogo de duros, acabaria por ser o pé de veludo de Gaitán a dar colorido ao marcador. O argentino, servido por Uilton, rematou colocado, com a bola ainda a desviar em Galovic antes de beijar as redes arouquenses. O talento sempre foi um desbloqueador no futebol, mesmo no meio de um temporal.

A fechar o primeiro tempo, Nuno Santos obrigou Victor Braga a uma parada vistosa e, no reinício, uma sequência de três pontapés de canto, todos batidos por Antunes, semeou o pânico na área contrária.

Por esta altura, o ataque arouquense já contava com o farol Bruno Marques, Dabbagh não demorou a juntar-se-lhe, mas faltavam ideias para potenciar o alargamento ofensivo idealizado por Armando Evangelista.

Aos 70 minutos, Dabbagh, de cabeça, deu o primeiro sinal de inconformismo arouquense. Bruno Marques também não se esquivou a nenhum duelo, mas tudo espremido deu muito pouco para uma equipa necessitada de pontos para respirar melhor na tabela.