A Mata Real continua a assombrar o Dragão.

Pelo terceiro ano seguido, o FC Porto não conseguiu sair do terreno do Paços de Ferreira com a vitória no bolso. Esta noite, os portistas perderam a invencibilidade nas provas internas e mostraram que são pouco resistentes a intempéries.

Os dragões podem e devem culpar-se, maioritariamente, de si mesmos. Inúmeras oportunidades esbanjadas, apatia quase geral durante meia hora no primeiro período e mérito, claro está, dos castores. 

A almofada de conforto no topo está gasta, quando faltam oito jornadas para o final.

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Conceição previu dificuldades na visita a um terreno de memórias pouco positivas para os dragões no passado recente. A juntar aos obstáculos criados pelos pacenses, houve ainda a intempérie que assolou a Capital do Móvel, este domingo à noite. Porém, a chuva, o frio e o estado do relvado – ensopado em algumas partes – não podem servir como desculpa.

A habitual entrada demolidora dos portistas na presente temporada, deu lugar a uma equipa previsível, lenta e limitada de ideias na fase inicial. Apenas Brahimi, que deambulava por toda a frente de ataque, parecia ter imaginação na medida certa para encontrar espaços na muralha pacense.

O melhor que os azuis e brancos conseguiram, nos primeiros dez minutos, foi um livre indireto cobrado por Sérgio Oliveira para a bancada. A falta de agressividade sem bola aterrorizava e proporcionou boas ocasiões para o Paços de Ferreira aproximar-se da baliza de Casillas. Rúben Micael assinou a primeira tentativa (7’) e Pedrinho (18’), com uma bomba, assustou o guarda-redes espanhol, após perda de bola de Sérgio Oliveira.

Uma entrada positiva de uma equipa que vivia o pior ciclo da época (cinco derrotas seguidas). Por sua vez, o FC Porto tinha a posse de bola, tentava furar a organização dos castores, mas as tentativas, quase sempre em esforço, não resultavam em verdadeiras ameaças para a baliza contrária.

Waris – estreia a titular – juntava-se a Aboubakar, mas pareceu sempre um corpo estranho. Os médios, André André e Sérgio Oliveira, limitavam-se a ocupar o espaço no meio-campo, sem oferecer soluções em rutura, facilitando a tarefa de Assis e Rúben Micael. A juntar a isso, o relvado e o posicionamento baixo da equipa de João Henriques retiravam a profundidade que este FC Porto tanto gosta.

Daí que, o primeiro remate dos dragões à baliza apenas tenha surgido ao minuto 35, por intermédio de Aboubakar na pequena área. Mas já lá vamos.

O domínio territorial pouco valia ao FC Porto. Os cantos sucessivos e os cruzamentos para a área esbarraram sempre em Rui Correia (chamado à titularidade) e Miguel Vieira ou Mário Felgueiras. Acabou por ser o Paços de Ferreira a colocar-se em vantagem, na sequência de um mau alívio da defensiva portista após canto de Pedrinho. Filipe Ferreira – outra novidade no onze da formação visitada – cruzou para o desvio certeiro de Miguel Vieira (35’).

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A equipa de Sérgio Conceição sentiu o golo e começou a produzir muito mais. Ao mesmo tempo, a chuva deu tréguas. Aboubakar, como se disse, desperdiçou a primeira grande situação e, pouco depois, criou uma nova, porém, o pontapé saiu ao lado.

A palestra de Conceição ao intervalo não deverá ter sido agradável de ouvir. Talvez por consequência, a verdade é que o FC Porto melhorou de sobremaneira e criou oportunidades suficientes para virar o encontro.

Brahimi, o rosto maior do desperdício portista, permitiu que Mário Felgueiras brilhasse. O argelino tentou converter uma grande penalidade, a castigar uma falta de Rui Correia sobre Felipe, mas atirou de forma denunciada e fraca, para defesa do guarda-redes pacense.

Seguiram-se escassos minutos de desnorte azul e branco e equilíbrio dos pacenses, galvanizados pelo falhanço contrário. Os dragões rapidamente restabeleceram-se, encherem o peito e continuaram a lutar contra todas as adversidades e peripécias que o jogo lhes oferecia. A vontade, sim, não se pode questionar.

O técnico do FC Porto arriscou e bem, sublinhe-se. Lançou Otávio, Hernâni e Paciência para o último assalto à baliza do Paços de Ferreira. Os portistas melhoraram com as substituições. Aboubakar teve hipóteses de visar a baliza contrária, mas por duas vezes, viu os defesas de amarelo anteciparem-se e anularem o lance. A antecipação pacense aos jogadores de azul e branco foi uma imagem vista muitas vezes no decurso do encontro, diga-se. 

Os dragões acabaram a partida a jogar sem racionalidade, frieza e inteligência, tudo natural para quem corre atrás do resultado. Por seu turno, os castores uniram-se, deram as mãos, aguentaram o ímpeto do FC Porto, embora tenham abusado na forma como queimaram tempo.

João Henriques parece mesmo ter encontrado a fórmula para travar o FC Porto. Depois de ter arrancado um empate com o Leixões no Estádio do Dragão, conseguiu acabar com invencibilidade interna do líder do campeonato. Consequente, retirou o Paços de Ferreira da zona vermelha da tabela.

Uma última nota: Bruno Paixão apitou demasiado, o que prejudicou a fluidez de um jogo, já de si difícil, devido ao estado do tempo.