O Sporting dobra a Liga na frente, tal como há três anos, quando foi campeão. E com uma diferença abismal para a época passada – tem nesta altura mais 11 pontos do que há um ano. Os leões são de longe a equipa que mais melhorou na comparação e chegam a meio caminho a respirar confiança, embora com apenas um ponto de vantagem para o segundo lugar, onde mora o campeão Benfica. É a diferença mais curta entre os dois primeiros no fim da primeira volta em mais de dez anos.
A última vez foi em 2012/13, quando FC Porto e Benfica chegaram aqui em igualdade, ambos com 39 pontos. No fim festejaram os dragões, que se atrasaram mas conseguiram virar a Liga na reta final, no célebre golo de Kelvin no clássico. Desde então, houve sempre dois ou mais pontos a separar o líder do perseguidor mais direto. Mas, como se sabe, nem sempre isso foi garantia de título. Quem dobra o campeonato na frente é campeão na maioria das vezes, mas a história recente tem exemplos suficientes de reviravoltas na segunda metade da Liga para refrear grandes conclusões nesta fase.
Desde que as vitórias valem três pontos, há 28 épocas, apenas por cinco vezes o líder isolado no fim da primeira volta não foi campeão. Três delas aconteceram na última década: primeiro com o Sporting em 2015/16, que tinha quatro pontos de vantagem para FC Porto e Benfica e viu as águias festejarem no fim. Depois com os dragões em 2018/19, que viram o Benfica recuperar de uma desvantagem de cinco pontos a meio caminho para conquistar o título. E logo na época seguinte foram os encarnados que viram fugir o campeonato, depois de uma primeira volta com recorde de 48 pontos na Liga. O FC Porto dobrou o campeonato a sete pontos de distância e foi campeão.
Líder Sporting melhora a todos os níveis
O Sporting lidera nesta fase com o seu quarto melhor registo pontual de sempre ao fim da primeira volta. O recorde são os 45 pontos de 2020/21, quando tinha mais seis pontos do que o FC Porto, segundo, e terminou campeão. Depois somou 44 pontos em duas ocasiões, 2015/16 e 21/22, mas não foi campeão em nenhuma delas, tendo ainda alcançado os 43 pontos em 2017/18.
Em relação à época passada, quando estava nesta altura na quarta posição, já a 12 pontos do líder Benfica, o Sporting melhora a todos os níveis. Venceu todos os jogos em Alvalade, nove em nove, e só perdeu pontos frente a equipas do top 5 da tabela – empate em Braga, derrotas na Luz e em Guimarães. Tem, a par do Sp. Braga, o melhor ataque da Liga, com 40 golos, mais sete do que há um ano. Também tem menos dois golos sofridos. Segue na frente e continua ainda em todas as competições nesta época.
FC Porto: mínimos históricos de golos marcados
Os outros candidatos perdem pontos na comparação com a época passada. O Benfica tem menos dois pontos, piorando significativamente no registo de golos marcados, menos oito, mas também com menos um golo sofrido. Depois de uma fase mais irregular, que incluiu três empates cedidos em cinco jornadas mas também a vitória no dérbi, as águias terminam a primeira volta com quatro triunfos consecutivos.
O FC Porto, terceiro classificado nesta altura, perde apenas um ponto na comparação, mas chega aqui com a pior soma de pontos em oito temporadas – tinha os mesmos 38 pontos em 2016/17, desde então fez sempre melhor. É o segundo ano consecutivo da equipa de Sérgio Conceição no terceiro lugar por esta altura. Há um ano também estava a cinco pontos da liderança, como agora, tendo terminado em segundo lugar. Apesar dos sinais recentes de recuperação, o dragão chega aqui com um registo muito pobre de golos, uma das explicações para este terceiro lugar. Perdeu 16 golos em relação à primeira volta da época passada, quase um por jogo, e tem apenas o oitavo melhor ataque da Liga. É preciso recuar 19 anos para encontrar um FC Porto menos concretizador nesta fase: em 2004/05, marcou 22 golos nas primeiras 17 jornadas.
A queda do Sp. Braga, a ascensão do Vitória e o recorde do Moreirense
Entre as equipas da frente, a maior queda pontual é do Sp. Braga: perdeu sete pontos em relação à primeira volta de 2022/23, quando era segundo. Com a derrota frente ao FC Porto a fechar a primeira volta ficou a dez pontos da liderança, uma distância muito pesada, aliada ao atraso para os outros candidatos, com uma dimensão que não acontecia há quatro anos. Embora marque muitos golos, tem até mais um do que há um ano, o Sp. Braga também sofre muitos: encaixou mais 12 golos do que nas primeiras 17 jornadas da época passada.
Em sentido oposto, o Vitória fez uma primeira volta muito acima da anterior. Ganha nove pontos na comparação, chega a meio da Liga encostado ao Sp. Braga no quarto lugar e melhora muito também no saldo de golos, com mais 13 marcados. É o melhor registo pontual dos vimaranenses desde 2014/15, quando tinham 34 pontos por esta altura.
A contribuir também para um menor fosso entre os habituais candidatos e o resto do pelotão. Se há um ano era de 17 pontos a diferença pontual entre o líder Benfica e o quinto classificado, então o Casa Pia, esta época ela está reduzida a dez.
Também é menor a distância para o sexto lugar, onde mora outro dos destaques da primeira volta. O Moreirense não tem termo de comparação com a época passada na Liga, mas no ano do regresso ao principal escalão chega a meio caminho com 29 pontos, que representam o seu melhor registo pontual de sempre. Tem mais um ponto do que na sua melhor época na Liga, o sexto lugar de 2018/19.
As equipas recém promovidas estão aliás a fazer campeonatos tranquilos. O Farense, na oitava posição, termina a primeira volta com um dos seus melhores registos pontuais, enquanto o Estrela é 11º, com 19 pontos.
O caso curioso do Famalicão e quem mais perde na comparação
Mas a maioria das equipas que estavam na Liga não melhora o registo pontual em relação à época passada. Além de Sporting e Vitória, só o Famalicão tem nesta altura mais pontos do que há um ano. São mais quatro, consolidados com o triunfo frente ao Casa Pia a fechar a primeira volta, num regresso às vitórias que permitiu chegar a meio caminho no sétimo lugar. Com um dado curioso: o Famalicão tem apenas 17 golos marcados e é o segundo pior ataque da Liga, apenas atrás do Vizela, mas essa média de um golo por jogo vai valendo pontos.
Há de resto várias equipas em clara perda na comparação. Antes de mais o Desp. Chaves, que fecha a primeira volta no último lugar, com menos 11 pontos e com a pior defesa do campeonato – sofreu mais 23 golos do que há um ano. Também o Arouca, que depois do sexto lugar da época passada está a fazer um campeonato irregular e leva menos 10 pontos do que somava no final da primeira volta em 2022/23. O Casa Pia, que andou lá por cima na primeira volta da época passada, está agora bem longe desse registo e soma menos oito pontos, tal como o Vizela.
