O nulo no marcador pairava na pedreira. Vindos de dois empates, Sp. Braga e Gil Vicente ameaçavam ir a uma terceira igualdade num dérbi em que ia faltando engenho, de parte a parte, para abanar com as redes. Até que de uma substituição improvável Ricardo Soares tirou um Henrique Gomes da cartola.

Depois de quase três décadas sem ganhar em Braga, Henrique Gomes saiu do banco ao minuto 89, numa daquelas substituições de final de jogo pouco improváveis, encheu-se de fé e deu o triunfo aos gilistas no mesmo minuto em que entrou. O lateral esquerdo entrou para o lado direito, e numa fuga do lado esquerdo para o centro disparou de fora da área para o fundo das redes de Matheus.

Avança para o 11.º jogo sem perder a equipa de Ricardo Soares, está a fazer um campeonato excecional, com o quinto lugar mais do que cimentado e uma ameaça real ao quarto lugar. Após as contas do dérbi do Minho os gilistas estão a apenas um ponto do Sp. Braga.


Entre o domínio e a expetativa, ia faltando sal

Desde cedo o Sp. Braga fez por vincar a sua supremacia no dérbi minhoto com o Gil Vicente, dominando territorialmente e no que à posse de bola diz respeito. Com naturalidade a equipa de Carlos Carvalhal assumiu as rédeas do jogo procurando instalar-se no meio campo adversário e criar lances de perigo.

Organizado, tal como é seu apanágio, o Gil Vicente não permitiu grandes lances de perigo e, na expetativa, tentou de quando em vez lançar-se no ataque à baliza contrária, essencialmente em lances de transição. Dois modelos de jogo vincados, registando-se lances de frisson de parte a parte.

Teve mais desses lances o Sp. Braga, foi respondendo o Gil Vicente. Mas, sempre de forma algo tímida. Ia faltando sal aos guerreiros e aos gilistas para efetivar, de um lado o domínio, do outro lado os contragolpes.

Henrique Gomes salta do banco para fechar a direita; e marcar...

Antes do descanso Rodrigo Gomes teve nos pés aquela que foi uma das principais oportunidades do Sp. Braga ao rematar contra Hackman. Num penálti em movimento, o jovem da formação bracarense estava completamente sozinho, mas foi deficitário na abordagem ao lance e permitiu a recuperação ao defesa. Num lance semelhante, exatamente no mesmo local, Samuel Lino teve tudo para adiantar o Gil no marcador, mas pegou mal na bola e atirou por cima. Bola para as nuvens quando podia ter feito muito mais.

A realidade é que com o evoluir do cronómetro, já sem tanta lucidez, o Sp. Braga permitiu mais contragolpes ao conjunto Ricardo Soares. Exemplo disso é nova perdida de Samuel Lino na cara de Matheus, picando a bola ao lado na sequência de um passe de Fujimoto.

Sentiu, ainda assim, mais responsabilidade o Sp. Braga na reta final, ao correr com mais afinco atrás do triunfo. Bola cá, bola lá. O Sp. Brava nunca desistiu. Ia pressionando e o Gil ia resistindo, até ao momento já descrito. O remate de fora da área de Henrique Gomes abanou com as redes e confirmou a boa temporada do Gil. Terceira ronda sem vencer do Sp. Braga na Liga.