Artigo original: 12h36

O «L’Equipe» publica, nesta quinta-feira, um trabalho que lança uma questão logo no título: «Devemos ter medo da Doyen?». A análise à influência do fundo de investimento contempla uma entrevista ao presidente do Sporting, a propósito do diferendo que está no Tribunal Arbitral de Desporto, relativo a Marcos Rojo.
 
«Não sei se podemos falar em guerra. Somos contra a entrada, em grande escala, de dinheiro de proveniência desconhecida para negócios desequilibrados. Se virem bem os fundos ganham sempre dinheiro, sejam bons ou maus os jogadores», diz Bruno de Carvalho.
 
O líder leonino defende a necessidade de saber quem está por detrás dos fundos, assim como a origem do dinheiro, para além da importância de averiguar a influência dos mesmos na gestão dos clubes.
 
«Os fundos querem criar uma dependência. Um pouco como se estivessem a vender droga. Esperam que os clientes queiram mais, sempre mais...Entras num ciclo vicioso: mais dívidas, mais recurso aos fundos, mais dívidas...», acusa.
 
«É como alguém oferecer dinheiro, mulheres e tudo o mais....quem garante que depois não acabam a oferecer droga? Eles têm humor, sem dúvida, mas não me fazem rir. Mas as pessoas têm direito a acreditar no Pai Natal», acrescenta.
 
Bruno de Carvalho defende que «há bons e maus fundos», mas compara o panorama atual à «América dos Westerns, da corrida ao ouro». «Se gastamos três milhoes com um jogador podemos acabar por gerar uma dívida de 15 milhões», refere o dirigente, que fala em taxas de 10 a 12 por cento, que podem chegar aos 30 a 50 por cento.
 
O presidente do Sporting considera que os fundos «aspiram o dinheiro do futebol e reduzem a capacidade financeira dos clubes». «Querem fazer dinheiro sem correr o mínimo risco. Um verdadeiro parceiro partilha os riscos», defende, considerando então que a Doyen «nunca será um verdadeiro parceiro». «Para tal precisaria de mudar os dirigentes ou a origem do dinheiro», complementa.
 
A fechar, Bruno de Carvalho diz acredita que o Sporting tem «100 por cento de razão» no «caso Rojo», mas não faz prognósticos: «Já vi muitos inocentes na prisão e criminosos na rua.»