Vem aí um Sporting-FC Porto, com um balanço de forças bem diferente do que seria de prever há poucas semanas, mas com muito a dizer naquilo que será o futuro do campeonato. A diferença que era de dois pontos em meados de dezembro é agora de oito, depois de o Sporting ter sofrido duas derrotas e o FC Porto ter vindo a prolongar uma série de vitórias que já é de recorde. Com seis pontos de vantagem sobre o segundo classificado Sp. Braga, o dragão procura fechar a primeira volta mantendo pelo menos essa almofada confortável e o leão arrisca ficar a uma distância irremediável. É um teste de fogo a ambas as equipas, com as tradicionais dificuldades do FC Porto em Alvalade como pano de fundo.

Alvalade é há muito o terreno mais difícil para o FC Porto, que não vence em casa do Sporting há mais de uma década. Desde o triunfo por 2-1 em outubro de 2008, jogaram-se 13 clássicos em Alvalade, com seis vitórias do Sporting e sete empates. Contando só jogos de Liga, são quatro vitórias leoninas e cinco empates.

Não é apenas o FC Porto a sentir dificuldades em Alvalade. O Sporting é a equipa da Liga mais forte em casa e não é de agora. Não perde em Alvalade para o campeonato desde maio de 2017, um registo que atravessou toda a época passada e resistiu pelo menos até agora, decorrida quase metade da atual temporada. Depois dessa derrota com o Belenenses (3-1) são 26 jogos invicto, durante os quais o leão cedeu apenas três empates: com FC Porto, Sp. Braga e Benfica, na época passada.

Nesta temporada venceu os oito jogos para o campeonato em casa, um registo de que apenas se aproxima o Sp. Braga, que tem mais um jogo no seu terreno: oito vitórias e um empate. Os «leões» apenas perderam por duas vezes em Alvalade na atual temporada, com Arsenal para a Liga Europa e Estoril para a Taça da Liga.

O FC Porto é, por outro lado, a melhor equipa como visitante esta época, apesar de ter já uma derrota sofrida, na visita ao Benfica no clássico da 7ª jornada. Os campeões não cederam mais qualquer ponto longe do Dragão, num campeonato onde não têm até agora, curiosamente, qualquer empate.

Olhando para a época na Liga de ambas as equipas, é possível encontrar tendências claras. Semelhanças em alguns pontos, antes de mais na capacidade de marcar golos, diferenças na estabilidade defensiva e na gestão dos momentos de jogo. 

Leão deixa os golos para o fim, dragão mais eficaz mais cedo

Em Alvalade estarão frente a frente o segundo e terceiro ataques da Liga: em primeiro vai o Benfica, com 35 golos marcados, segue-se o FC Porto com 34, média de 2.1, depois o Sporting com 33 e 2.06 de média, um registo que melhorou desde a chegada de Marcel Keizer. Com o treinador holandês, os leões marcaram 15 golos em seis jogos na Liga.

O volume ofensivo das duas equipas não é muito díspar. De acordo com as estatísticas oficiais da Liga, o FC Porto desenvolve mais ataques (566 contra 542 dos «leões), enquanto o Sporting remata marginalmente mais (251 contra 245 remates).

Se olharmos para quando marcam, há tendências claras. O Sporting deixa os golos para o fim: marcou 18 golos, mais de metade do total, na última meia hora de jogo. O FC Porto também tem uma percentagem relevante de golos marcados no último quarto de hora, oito no total, mas é na primeira parte que tem sido mais eficaz: tem 15 golos apontados entre os 16 e os 45 minutos de jogo na Liga.

A defesa menos batida frente a um leão atrás do prejuízo

Dos golos marcados para os sofridos, esse é um dos pontos fortes do FC Porto. O dragão tem a defesa menos batida da Liga, 10 golos sofridos, o Sporting tem quase o dobro. São 18 golos, média superior a um por jogo, que deixam os «leões» apenas na sexta posição na tabela.

Os «leões» sofrem mais golos no início dos jogos. Metade dos que encaixaram na Liga aconteceram na primeira meia hora, deixando muitas vezes a equipa a ter que lidar com desvantagens. Também já sofreram cinco golos no último quarto de hora, dois deles a custarem pontos: na derrota com o Portimonense e no empate no dérbi com o Benfica.

Quanto ao FC Porto, os golos que sofreu são mais distribuídos ao longo do tempo de jogo, tendo apenas dois na primeira meia hora. Já sofreu três na reta final, sendo que um deles custou uma das duas derrotas dos dragões na Liga: o golo de Davidson na receção ao V. Guimarães, à terceira jornada.

Os nomes dos golos, os penáltis e as referências 

Olhando para quem marca os golos, há jogadores que sobressaem em ambas as equipas. No Sporting é obviamente Bas Dost, que falhou a última partida por lesão mas estará recuperado para o clássico. O holandês tem 10 golos marcados, quase um terço do total da equipa na Liga, tendo jogado apenas 10 jogos e 774 minutos, pouco mais de metade do tempo possível.

Seis desses golos resultaram de penáltis, num total de oito de que o Sporting já beneficiou na Liga. Mais do que qualquer outra equipa e bem mais do que o rival de sábado: o FC Porto tem apenas um golo de penálti.

Depois, ainda no Sporting, há Bruno Fernandes, o jogador mais rematador da Liga, com seis golos apontados, e ainda quatro assistências, de acordo com os registos da Liga. E também Nani, igualmente com meia dúzia de golos marcados. Houve mais oito jogadores a marcar pelo Sporting no campeonato.

No FC Porto é Marega o melhor marcador, com sete golos, mas a eficácia frente à baliza é mais distribuída. Brahimi tem seis, Tiquinho Soares cinco e Aboubakar, há muito lesionado, ainda é o quarto melhor marcador dos dragões na Liga, com quatro golos. Ao todo são 15 os jogadores portistas que já marcaram para o campeonato, alguns deles a reforçar o estatuto também com as assistências para golo, como Alex Telles, Marega ou Otávio, também ele de fora por lesão nesta altura.

Quanto às opções dos treinadores, o FC Porto mantém o núcleo duro na defesa e uma tendência geral de maior estabilidade. Casillas e Alex Telles jogaram até agora cada minuto do campeonato. E Felipe falhou apenas um jogo, precisamente o da jornada passada frente ao Nacional, por castigo, estando agora disponível para o clássico. Além disso tanto Brahimi como Herrera e Corona foram utilizados em todos os 16 jogos do campeonato.

O Sporting, numa época que envolveu uma mudança de treinador e vários problemas com lesões, já não tem totalistas esta temporada. Os jogadores mais utilizados na Liga são Coates, Acuña e Bruno Fernandes, os únicos com 15 jogos. O uruguaio é quem tem mais minutos, 1350, contra 1339 de Bruno Fernandes e 1254 de Acuña. Só há mais um jogador acima dos mil minutos na Liga: Nani, com 14 jogos e 1122 minutos.