Sporting e FC Porto têm encontro marcado para o Jamor a 26 de maio, naquela que será a sexta vez que se defrontam na final da Taça de Portugal. O saldo está em três vitórias dos leões, a última delas há cinco anos e já com Sérgio Conceição no banco portista, e dois triunfos dos dragões. Há vários pontos em comum nas cinco decisões anteriores. Tiveram sempre horas extra, tiveram muita polémica e em nenhuma o vencedor acumulou esse troféu com o de campeão nacional na mesma temporada.

Apesar do peso histórico dos dois clubes, foi preciso esperar até à época 1977/78 para que marcassem encontro na final da Taça de Portugal. E teve muito que contar essa primeira vez. O FC Porto de José Maria Pedroto chegou ao Jamor como campeão nacional, na época em que quebrou um longo jejum de 19 anos, o Sporting vinha de um terceiro lugar no campeonato. Fernando Gomes pôs o FC Porto em vantagem pouco depois do intervalo e o caldo entornou minutos mais tarde, com protestos portistas no penálti assinalado a favor do Sporting e convertido por Paulo Meneses. Com o 1-1 final, sobraram castigos e baixas para a finalíssima, uma semana mais tarde. Dessa vez, o jogo foi bem mais tranquilo. O Sporting venceu por 2-1, com golos de Vítor Gomes e Manuel Fernandes, antes de Seninho assinar o golo portista.

O capítulo seguinte fechou a época 1993/1994 e terminou em enorme confusão. De um lado o Sporting, que tinha visto o Benfica levar o título de campeão depois da vitória por 6-3 em Alvalade. Do outro o FC Porto, que tinha no banco Bobby Robson, o técnico que fora despedido do Sporting a meio da época. A final terminou sem golos e obrigou a nova finalíssima. E aí ganhou o FC Porto, um 2-1 que teve golo do então dragão Rui Jorge, teve Vujacic a empatar e Aloísio a marcar de penálti o golo decisivo, a abrir o prolongamento. Na hora de entregar a Taça, instalou-se o caos, com objetos arremessados das bancadas enquanto os jogadores subiam à tribuna e o capitão portista João Pinto a usar a Taça como escudo.

A terceira final entre os dois aconteceu em 2000. Apenas uma semana depois da imensa festa do Sporting pela conquista do primeiro campeonato em 18 anos, discutido até ao fim precisamente com o FC Porto, a final do Jamor também terminou empatada, depois de Jardel marcar para o FC Porto logo a abrir e Pedro Barbosa igualar a meia hora do fim. Lá se marcou mais uma finalíssima, que terminou com a vitória dos dragões, orientados por Fernando Santos. 2-0, com golos de Clayton e Deco.

Em 2007/08, o FC Porto de Jesualdo Ferreira tinha conquistado o tricampeonato em modo dominador, mas na final da Taça de Portugal um herói improvável vestido de verde e branco deu a vitória ao Sporting de Paulo Bento e impediu a dobradinha dos dragões. Já não havia finalíssima, decidiu-se tudo num jogo, mas só depois do prolongamento. E aí apareceu Rodrigo Tiuí. O avançado brasileiro saiu do banco para jogar o tempo extra, com o resultado a zeros e o FC Porto já reduzido a dez, por expulsão de João Paulo. Tiuí tinha até aí apenas um golo marcado pelo Sporting. E fez dois no Jamor, os golos que decidiram aquela final. Não voltou a marcar qualquer golo pelos leões, mas garantiu o seu lugar na história.

O clássico mais recente com o Jamor como palco aconteceu em 2018/19. Numa época em que o Benfica foi campeão nacional, Sporting e FC Porto protagonizaram uma grande final da Taça, um jogo intenso que teve quatro golos, dois deles no prolongamento, e se decidiu nos penáltis. Um ano depois da penosa final frente ao Desp. Aves, na ressaca do ataque a Alcochete, o Sporting voltava a ser feliz.

Essa é até hoje a última vitória dos leões na Taça de Portugal. Agora, o Sporting está em velocidade cruzeiro para a conquista do campeonato nacional, o grande objetivo da temporada. Mas tem foco claro também no Jamor, ambição assumida por Rúben Amorim, que procura conquistar o troféu pela primeira vez. Do lado do FC Porto, Sérgio Conceição sofreu em 2019 a sua segunda derrota na final da Taça – a primeira tinha sido no banco do Sp. Braga -, mas desde então levou o FC Porto a três conquistas da prova rainha. Persegue agora um quarto triunfo, naquele que é o único troféu ainda ao alcance dos dragões numa temporada de mínimos históricos no que diz respeito ao campeonato nacional.