*por Paulo Graça

Não terminou da melhor maneira o triunfo do Vitória na Madeira, perante um Nacional de cabeça perdida e com muitas queixas em relação à arbitragem de Rui Costa, pois este anulou um golo aos alvinegros que daria o empate, já no fim do tempo de descontos. Porém, não foi só por aí que a equipa madeirense perdeu o jogo, pois ao longo dos 90 minutos nunca teve o discernimento que apresentou no tempo de compensação e que lhe podia ter dado pelo menos um ponto. Mas ficou sem nenhum, uma vez que que foram os três para um Vitória renovado de Pedro Martins que, assim, sobe ao quarto lugar na classificação, à espera do Sp. Braga.

O Nacional perdeu e agravou a sua situação nesta Liga, ficando agora com uma situação difícil e imprópria para cardíacos, que nem mesmo um «Deus» de nome João lhe traz uma vitória que escapa há já quatro meses. Quando assim é...resta sonhar.

Nos jogadores escalados para o desafio, ambos os treinadores fizeram alterações, com Pedro Martins a mudar nove jogadores em relação ao último jogo. Só no banco, o técnico vimaranense deixou o seu melhor marcador, neste caso Marega. Além disso, Hernâni, um desequilibrador nato e que marca golos – bastava ver os seus últimos jogos-, também não foi opção. Foi poupar...para o jogo da Taça de Portugal, esta terça-feira, com o Chaves. Mesmo assim, o «Castelo» estava bem montado, pois a equipa visitante foi sempre mais perigosa na primeira parte, e viu os vitorianos claramente por cima durante grande parte do jogo.

Já o Nacional, utilizando a sua habitual fórmula, João de Deus não foi de meias medidas e tirou Washington do onze, aquele que tinha sido sempre titular nas eras de Manuel Machado e Jokanovic. Com Filipe Gonçalves como médio mais defensivo, as transições passavam pela velocidade das alas, entregue a Salvador Agra (direita) e Zequinha (esquerda). Porém, o jogo não fluía por aí, mas sim muito mais pelo centro.

A linha média do Vitória começou a segurar o jogo por aí, aproveitando alguma confusão táctica da equipa de João de Deus, já que os homens da «fortaleza» do berço de Portugal circulavam a bola a seu belo prazer, muito por culpa da superioridade tática e até de qualidade técnica nesse sector. Com o alvinegro Willyan completamente perdido, sem saber o que fazer e como o fazer, Rafael Miranda, João Aurélio e Zungu aproveitaram os espaços para circular a bola com precisão de um relógio suíço, servindo sempre com perigo os homens da linha frente, algumas vezes com magníficos passes de rutura. E era aqui que os médios e defesas do Nacional demoraram a encaixar, o que só aconteceu lá mais para a frente.

E a primeira parte acabou até com um resultado lisonjeiro para os alivinegros. Zungu, logo aos três minutos, obrigou a Adriano Facchini à primeira grande defesa da noite. Aos 16, foi César quem tirou na hora H uma bola dos pés de Texeira e, ato contínuo, no minuto seguinte João Aurélio caiu sozinho na pequena área, quando só tinha o guardião alvinegro pela frente.

Só aos 20 minutos é que o Nacional rematou pela primeira vez à baliza do Vitória, mas tal como toda a equipa, o remate de Aristeguieta saiu torto e sem qualquer direção. Quebrando um pouco a hegemonia vimaranense, Salvador Agra também tenta a sorte de longe, mas o remate saiu um pouco por cima da baliza.

No minuto 25, após um pontapé de canto, o Vitória chega ao merecido golo. A bola sobrou para a entrada da grande área, Pedrão ganhou nas altura e serviu Rafael Miranda, que sem deixar bater a bola na relva fez esticar as redes da baliza do Nacional. O jogador brasileiro não estava adiantado, apesar de alguns protestos dos jogadores do Nacional. O que faltou foi concentração defensiva nas marcações, pois alguém se esqueceu do médio mais defensivo da equipa de Pedro Martins e, por outro lado, César, central alvinegro, estava claramente a tapar o fora de jogo.

E até final, apenas Zequinha podia ter feito o empate, mas o cabeceamento saiu mesmo por cima da barra da baliza de Douglas. Contudo, minutos antes, Raphinha, também de cabeça, tinha obrigado Adriano a mais uma defesa de recurso, com uma palmada para canto. Podia ser o 2-0, mas foi o seu guardião que manteve o Nacional no jogo.

Depois do intervalo, Pedro Martins trocou Sturgeon por Marega e desde logo o avançado fez estragos. À passagem do minuto 48 arrancou na direita, passou em velocidade por Sequeira e Rui Correia e foi derrubado a dois metros na linha da grande área. Do livre, só à segunda, Ruben Ferreira rematou com algum perigo. Nem mesmo uma fífia de Prince, no seu meio campo, fez com que o Nacional pudesse chegar à baliza ou obrigar Douglas a fazer uma defesa. Já íamos no minuto 60 e as coisas complicavam-se para a equipa de João de Deus.

Com alguns jogadores de cabeça perdida, incluindo o banco de suplentes, a equipa não tinha presença no meio campo, nem na linha avançada, daí João de Deus ter decido mudar dois homens no ataque. Já com Hamzaoui e Cádiz na frente, a verdade é que o jogo ofensivo melhorou, numa altura em que o Vitória apenas controlava a ansiedade da equipa alvinegra.

E isso Pedro Martins viu logo a seguir ao técnico do Nacional colocar em campo mais um avançado, com a troca de Zequinha por Zizo. A entrada de Célis veio dar controlo absoluto do meio campo defensivo ao Vitória, fechando espaços e a linha ofensiva para os alvinegros. Só em rasgos individuais e puros contra-ataques é que o Nacional chegava lá à frente, embora sem criar grandes situações de perigo para Douglas.

O ataque final aos três pontos do Vitória foi aos 85 minutos, quando um passe de Marega, mais um de rutura, para Hernâni deixou este na cara de Adriano, embora com muitas culpas para Rui Correia, que falhou o corte. A bola sobrou depois para Texeira, que à entrada da área só teve de fazer pontaria para o fundo da baliza do desamparado guarda-redes. Estava feito o 2-0. Apesar da vontade de alguns jogadores da equipa da casa, a verdade foi nua e crua, e nem o golo de Zizo à entrada dos minutos de compensação chegou para travar a derrota, como muito possivelmente mais desbravado o caminho em direção à II Liga. O resto – como está no início desta crónica - serve para os comentadores das televisões comentarem.