Quim Machado pediu concentração para o encontro do Restelo e a estratégia do treinador sadino parece ter dado resultado logo desde o início. O Vitória de Setúbal entrou em campo mais cauteloso, dando a iniciativa de jogo aos azuis, mas foi sol de pouca dura, ao contrário daquele que brilhou durante todo o primeiro tempo.

Corridos os primeiros dez minutos de jogo, o Vitória começou a ter mais iniciativa no ataque, procurando criar perigo a partir do lado direito do terreno. Para azar de Sá Pinto, o lateral esquerdo Filipe Ferreira estava num daqueles dias com muito trabalho. Pela frente teve Arnold, que não é Schwarzenegger mas, ainda assim, uma «máquina» em velocidade. Foi depois de um erro do lateral dos azuis que os setubalenses inauguraram o marcador, aos 15 minutos.
André Claro aproveitou o deslize e cruzou para a área, onde apareceu Suk. O avançado sul-coreano antecipou-se ao marcador direto e cabeceou para o fundo das redes de Ventura.

Mesmo apesar do golo, os sadinos não se deram por satisfeitos e continuaram a pressionar o Belenenses junto à sua área, pelo que não tardou a faturaram novamente. Aos 19 minutos, Suk largou por instantes o papel de matador e assistiu André Horta à entrada da área. Embalado e sem oposição, o médio foi pela área adentro e só teve de escolher o lado onde queria colocar a bola.

O segundo golo da partida foi festejado de forma muito emocionada por Horta junto ao banco sadino. O irmão mais novo de Ricardo Horta (Málaga) estreou-se a marcar pela equipa principal do Vitória de Setúbal.

O tento de Horta serenou o encontro, mas, aqui e ali, o Belenenses começou a criar problemas à defesa adversária.

Nos últimos vinte minutos, sobretudo, o Belenenses tomou conta do jogo e conseguiu chegar com maior perigo à baliza de Ricardo, ainda assim sem sucesso.

FILME DO JOGO

No reatar do encontro, Sá Pinto fez um ajuste no ataque, retirando Sturgeon e colocando Tiago Caeiro para o centro do ataque. A introdução de um atacante mais posicional acabou por surtir efeito, talvez não o desejado. No entanto, o Belenenses passou a ter uma presença de peso na frente e isso deu mais liberdade aos colegas no ataque.

Apesar do maior pendor ofensivo, o Vitória não se deixou intimidar e apostou mais no contragolpe. Arnold, aos 55 minutos, esteve perto de dilatar a vantagem, após uma boa combinação com André Horta. Valeu Geraldes a fazer de Ventura e a evitar que a bola entrasse na baliza do Belenenses.

Seria um primeiro aviso para o que haveria de acontecer cinco minutos depois. Aos 60, quando Sá Pinto tinha acabado de fazer nova alteração nos azuis, Nuno Pinto descobriu Suk ao segundo poste. O avançado sul-coreano percebeu a movimentação do colega e apareceu no sítio certo para marcar o segundo golo da conta pessoal.

Sul deixou o Restelo de olhos em bico (destaques)

Machadada final dada pelo sul-coreano, depois de já ter sido ele a abrir as «hostilidades». O 3-0 foi como que um apito final adiantado. Até ao final do encontro houve duas boas oportunidades, uma para cada lado. Primeiro foi Frederico Venâncio a testar os reflexos de Ventura, depois foi Luís Leal que levou a bola a embater com estrondo na quina da baliza dos sadinos.

À medida que se aproximava o apito final, os adeptos do Belenenses acenaram com lenços brancos. «Demissão» gritou-se nas bancadas. O alvo, esse, foi Ricardo Sá Pinto. Vida difícil para o técnico dos azuis, em vésperas do encontro decisivo com a Fiorentina, que vale a passagem ou não aos 16avos de final da Liga Europa.

Das margens do Sado, o Vitória trouxe concentração e eficácia e, em jogos destes, isso é quanto basta.