Há Jonas e o resto. Os outros que vêm de um mundo diferente, onde a bola não tem tanto trato, um sítio onde os pés perdem inteligência e o músculo ganha a um pensamento. O Vitória, por exemplo, foi muito isto nesta noite em que perdeu com o Benfica. Foi luta e abnegação, foi Jhonder Cádiz a insistir sobre Jardel, foi crença até final. Já o rival lisboeta foi isso tudo também e um pouco mais: aquele «pouco» que dá Jonas, o que, já se sabe, faz toda a diferença.

O Bonfim assistiu a um jogo cheio de faltas. A uma primeira parte com duas ocasiões e uma segunda com mais algumas. Viu um golo que recoloca o Benfica à exata distância com que partiu para a jornada em relação a FC Porto e Sp. Braga e um Vitória que, por nunca desistir, obrigou os encarnados a serem salvos por Odysseas Vlachodimos à beirinha do fim!

Comecemos por números. A última vez antes do intervalo que olhámos para o registo da Liga, havia 20 faltas em 40 minutos. O Bonfim chegava ao intervalo com praticamente uma falta a cada dois minutos. Um número demasiado alto e, se se tiver em conta que Xistra nem apitou tudo, percebe-se muito do primeiro tempo: mal jogado e apenas com dois lances de perigo.

O Benfica jogou o jogo que o Vitória lhe propôs, sobretudo quando a bola andava longe de Jonas. O brasileiro da camisola 10 procurou inúmeras vezes espaços vazios para receber e catapultar a equipa para a frente. As constantes interrupções faziam, porém, com que as áreas ficassem tranquilas a não ser em bolas paradas, com o Vitória a reclamar mão de Jardel numa delas.

Ainda assim, o Benfica tinha uma cartada para além de Jonas. O critério ofensivo de Grimaldo. O lateral espanhol arrancou aos 17 minutos, combinou com Zivkovic que lhe percebeu a corrida, deu depois para Gedson e o médio atirou para a área em busca de Jonas. O brasileiro viu tudo isto do meio. Apressou-se a entender o lance e atirou a contar num pontapé que o brasileiro tornou simples.

O jogo não mudou muito, para não dizer nada. Faltas e mais faltas, até que Zivkovic acertou no poste de pé direito e Éber Bessa foi desarmado in extremis pelo sérvio na área sadina. O Benfica não entusiasmava ao intervalo, mas vencia e tinha o Vitória longe da área.

Esta última parte prosseguiu no encontro até aos dez minutos finais, mais compensação. O Vitória não conseguia chegar perto de Vlachodimos, enquanto do outro lado surgia, então, o melhor em campo.

Jonas deixou Rafa duas vezes na cara do golo, com duas preciosidades futebolísticas. Também andou numa dança estranha com Mano que valeu o amarelo a ambos, porque Jonas consegue jogar o jogo dos outros. Já os outros jogarem o jogo dele é que é difícil.

Com Grimaldo a cair em termos ofensivos no segundo tempo, o Benfica perdeu ocasiões em demasia para viver um final de jogo tranquilo. O Bonfim puxou pela equipa, Jonas saiu aos 80 minutos e Vidigal lançava peças novas que viriam a aquecer o jogo.

O Vitória teve o empate à frente duas vezes, a última delas na cabeça de Jhonder Cádiz. Aí, foi altura de aparecer Odysseas Vlachodimos. O Benfica salvou-se pelas mãos do internacional grego e precisa rapidamente de aproximar-se em termos coletivos daquilo que Jonas faz individualmente. Para já, segue na terceira posição, enquanto não se conhece o resultado da ronda em Alvalade, e porque Jonas prossegue na sua Odyssea.

Veja o vídeo do resumo do Vitória-Benfica: