O Maisfutebol desafiou os jogadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. É isso que farão daqui para a frente:

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«Olá,

Chamo-me António Fernando Amaro do Livramento, tenho 30 anos e sou natural de Tavira. Todos me conhecem no mundo do futebol por Livramento. Estou há um ano no P.F.C. Beroe da Bulgária



Comecei a jogar futebol com cinco anos de idade, no clube da minha terra: o Ginásio Clube de Tavira, que é o clube do meu coração. Mudei-me aos 17 anos para Lisboa e para o Sport Lisboa e Benfica. Joguei na equipa B ainda com idade de júnior. Passado um ano, devido à mudança na direção, fui para o Farense.

Entre o Benfica e o Farense, fui internacional sub-18 e sub-20. Fui emprestado pelo Farense ao Louletado por seis meses, seguindo depois para o Olhanense. Lá despertei novamente para o futebol, consegui arrancar as minhas melhores épocas e fui muito feliz.

Subimos da II Divisão B para a Liga de Honra e no ano seguinte fui considerado o melhor jogador da Honra. Fui aliciado por uma proposta financeira muito boa do Santa Clara e joguei nos Açores durante três épocas. Em duas delas, fui novamente considerado o melhor da Liga de Honra.

Depois do Santa Clara, ingressei no Boavista. Estava cheio de expectativas, joguei lá cinco meses e gostei mas tive de sair devido a problemas financeiros. Saí para o Leixões, cheguei tarde, não fiz a pré-época e fiz alguns jogos mas não regularmente.

Pedi para seguir a minha vida em outro lado e fui para o Rio Ave, subindo da Honra para a Liga. Fiquei mais um ano. Seguiram-me seis meses no Paços de Ferreira, depois novamente o Leixões e mais tarde o Desportivo de Chaves. Foi quando surgiu a proposta do P.F.C. Beroe.

Estou na Bulgária há um ano. Stara Zagora é uma cidade no centro do país com 140 mil habitantes. Gosto de viver cá, toda a gente adora e vive o futebol. No verão, a cidade é muito quente, com temperaturas a rondar os 40 graus. No inverno é muito frio, chegando aos 20 graus negativos!



O clube tem excelentes condições de trabalho e é muito organizado. O futebol búlgaro é muito físico. Temos uma execelente equipa mas ainda esta a faltar a sorte que vai premiar nosso o trabalho no final de época.



Quando cá cheguei, nem sempre as coisas foram fáceis no âambito desportivo tendo que trabalhar muito para ganhar o meu espaço. Neste momento penso que o saldo é muito positivo.



Sinto muitas saudades de casa e da minha cidade mas sabendo o que sei hoje no âmbito desportivo tinha emigrado mais cedo, porque penso que os clubes do nosso país não valorizam os jogadores portugueses.



Estou longe mas com a minha familia por perto consigo superar tudo e estou muito feliz por cá. Finalizo esta primeira crónica com um grande agradecimento ao Maisfutebol e um bem haja a esta iniciativa.



Obrigado e um grande abraço,

Livramento»

PS: a imagem que o Maisfutebol encontrou para colocar neste texto tem uma história: quando o Berbatov saiu do Manchester United e acabou por ir para o Fulham, veio à Bulgária uns dias e como é muito amigo no nosso treinador-adjunto, pediu para treinar connosco para manter a forma. No final do treino, marquei o momento com uma fotografia.»