O Maisfutebol desafiou os jogadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

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«Olá a todos de novo.

Estou atualmente no P.F.C. Beroe da Bulgária mas hoje vou escrever sobre a minha passagem pela equipa B do Benfica, ainda com 17 anos, em 2000/01. Fui para Lisboa ainda com idade de júnior, cheio de ilusões e com vontade de singrar no mundo do futebol.

As coisas até me correram bem durante a época mas eu tinha ido para o Benfica por empréstimo do Ginásio de Tavira. Entre mudanças de direção dos dois clubes, não houve acerto para a mudança e foi algo que me deixou muita mágoa. Se tivesse ficado no Benfica, não sei qual teria sido o meu futuro.

O Ginásio de Tavira pediu muito dinheiro por um miúdo que, no final da época, tinha apenas 18 anos. A direção do Benfica não cedeu e perdeu-se a oportunidade.

Entre os jogadores que me marcaram na passagem pelo Benfica, quero destacar o Pierre van Hooijdonk. Quando eu treinava com o plantel principal, ele estava sempre disposto a brincar comigo e a ensinar-me. No final dos treinos, eu ficava com ele a treinar livres direitos, uma das suas especialidades.

Marcou-me ainda a passagem do mister José Mourinho pelo Benfica. Foram apenas três semanas com ele mas é algo que nunca esqueci. Não é qualquer um que é treinado pelo melhor do Mundo!

Lembro-me de um episódio com o mister Mourinho. Ele normalmente tem os treinos todos cronometrados ao pormenores. Normalmente, eram treinos curtos e intensos, e no intervalo dos exercícios ele era muito exigente nos tempos de paragem.

Uma vez, parou o treino e disse que tínhamos um minuto para ir beber água e voltar. Nesse dia estava muito calor. Lembro-me que fui a passo, devagar, para beber a água, assim como todos os outros.

Quando cheguei finalmente ao local, o mister José Mourinho apitou para voltar e começarmos a fazer o próximo exercícios. Todos os jogadores do plantel começaram a reclamarmas ele respondeu logo: «Fossem mais depressa! Se querem beber, abram a pestana.»

Ninguém bebeu água e ficaram todos com azia, pois estava calor e todos tinham sede. A verdade é que, depois disso, sempre que ele apitava para a pausa nos exercícios, os jogadores iam a correr para beber a água e voltar. Ele não facilitava nada nos treinos, era muito exigente.

Até breve,

António Livramento»