CAMINHOS DE PORTUGAL é uma nova rubrica do jornal Maisfutebol que visita o dia-a-dia de determinado clube dos escalões não profissionais. Tantas vezes na sombra, este futebol em estado puro merecerá cada vez mais a nossa atenção. Percorra connosco estes CAMINHOS DE PORTUGAL.

LUSITÂNIA DE LOUROSA, 1ª DIVISÃO DA A.F. AVEIRO

O Lourosa anda pelos distritais e nunca ultrapassou o patamar da II Divisão. A paixão única dos seus adeptos despertou o interesse do Maisfutebol e motivou a análise a um passado com bons momentos, como uma tarde inesquecível no Estádio José Alvalade.

Em 1972/73, o Lusitânia de Lourosa venceu o título da III Divisão. Sobra o troféu como marco na história do clube. Vinte anos mais tarde, o Jamor ficou a um pequeno passo, naquele que seria outro episódio marcante para o clube.

Nas meias-finais da Taça de Portugal, depois de eliminar Belenenses, D. Chaves, Beira Mar e Académica, o clube do concelho de Santa Maria da Feira encontrou o Sporting. Um Sporting repleto de estrelas, uma delas com um brilho cintilante: Krasimir Balakov.

Lourosa caiu aos pés do mágico búlgaro. Foram cinco golos em seis (6-0) para Balakov, uma derrota pesada para centenas de nortenhos nas bancadas de Alvalade. Juskowiak garantiu a meia dúzia.

«Eu fui a Alvalade nesse dia, como adepto. A diferença de qualidade era notória, ainda para mais com um Balakov numa tarde incrível. Mas o percurso do Lourosa foi brilhante até esse jogo», recorda o atual presidente, Vítor Teixeira.

Martelinho, agora treinador, concorda. «Curiosamente, fui adversário do Lourosa nessa época. Estava cedido pelo Boavista ao FC Marco. Foi a única vez que os defrontei e um dos jogos foi na semana antes da visita a Alvalade. Tinham uma bela equipa.»

O Sporting de 1993/94 venceu esse jogo mas não levantou a Taça. Perdeu-a para o F.C. Porto na finalíssima. Foi a época dos 3-6 contra o Benfica, custando o título nacional.

89 anos e uma academia para o futuro

Passado é passado. Em vésperas do 89º aniversário do clube (a 24 de abril), o Lusitânia de Lourosa olha para o futuro. Recentemente, avançou para a construção da Academia Forte Paixão, um centro de formação desportiva. Com uma iniciativa original.

«É um sonho de 20 anos e acredito que o primeiro dos campo poderá estar concluído num ano, ano e meio. Será o suporte para um trabalho com os jovens que pode dar frutos. Precisamos de 500 mil euros e por isso estamos a recolher apoios», explica o presidente do clube.

Os adeptos podem comprar um metro de relva sintética por 25 euros. Em troca, terão o seu nome inscrito num mural do futuro complexo. Procurar novas fontes de rendimento é um desafio constante.

Uma tourada polémica

Em maio de 2012, o Lusitânia de Lourosa organizou a primeira corrida de touros na localidade, como forma diferenciadora de receitas. Polémica tremenda.

Vítor Teixeira defendeu a iniciativa e continua a fazê-lo. «O nosso trabalho passa por encontrar novas formas de criar receitas. Disso depende o futuro do clube. Tenho feito tudo por isso. O meu mandato termina agora em junho e vou ver o que irá acontecer, mas tudo indica que possa continuar», conclui o presidente.

«A direção do clube não tem faltado com nada, tem os pagamentos em dia, tem feito um esforço para modernizar o estádio, acho que é um trabalho que se deve louvar», resume o treinador, Martelinho.